Lembra das latas de óleo? Foram parar todas no muro de Jesus
Depois de muito pensar sobre como iria fazer a construção, ele conta que a ideia surgiu em sonho
Dependendo de quando você nasceu ou da sua memória, talvez se lembre da época em que o óleo era comercializado enlatado. Mas, se não tem ideia disso, o muro da casa de Jesus Rejala Alvarado guarda até hoje algumas latas para mostrar que ele foi todo produzido com os objetos e ainda serve como acervo da história.
Enquanto a maioria das outras casas no Bairro Monte Castelo seguem o padrão comum de muros, a fachada de Jesus se destaca. Com marcas do tempo e sem ter sido finalizado, o muro foi todo produzido com as latas sendo moldes para o conjunto de colunas.
Sem seguir uma linha reta e feita toda vazada, a construção parece fruto de uma imaginação que foi longe e, confirmando isso, o dono da casa conta que a ideia veio em sonho. “Desde jovem eu fui um camarada desse jeito, sempre gostei de olhar as coisas, pensar, e um belo dia, já depois de casado e morando aqui, tive esse sonho com o muro”.
A imagem apareceu enquanto Jesus dormia há quase 30 anos e ele detalha que passou vários dias pensando sobre a construção antes da mente criar o resultado.
“O povo do bairro começou a construir as casas, levantar muro e eu decidi que ia fazer o meu diferente. Comecei a pensar, pensar, e acho que o sonho começou a entrar na minha cabeça. Até que uma noite sonhei com esse muro do tipo que está aí”, o morador detalha.
Na época, o morador já tinha anos de experiência trabalhando como pedreiro e, por isso, a parte da construção não seria difícil. Como ele narra, o problema foi conseguir juntar uma boa quantidade de latas.
Depois de muito recolher, Jesus explica que reuniu cerca de mil unidades, mas com o tempo elas foram se deteriorando até que restaram por volta de 400 adequadas ao uso que ele precisava. “Eu saía na rua para procurar mais porque eu queria deixar todas elas no muro, ia pintar tudo. Mas como não tinha o suficiente, fiz do jeito que consegui e deixei só algumas para as pessoas verem como que foi feito”.
Empilhando lata por lata, ele explica que acrescentava o concreto dentro e retirava os recipientes com a serra após secar. E, assim como fez no muro, reproduziu a técnica para criar outros pilares no quintal de casa.
Espalhadas pelo terreno, latas de tinta e outros produtos também foram usados e continuam fixas até hoje. Sem abandonar a ideia, agora Jesus vem criando novas estruturas com latinhas de milho e ervilha.
Com elas, é possível ver o processo usado no portão há quase três décadas e, orgulhoso da técnica que veio em sonho, o morador conta que nunca se enjoou. “Se alguém ficar curioso e um dia quiser aprender, é só ver e pode fazer também. Não é complicado”.
Mantendo a paciência, ele completa que tudo segue em construção e que em algum momento a tinta virá, novas latas serão acrescentadas e até muro deverá ganhar retoques.
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