Mercadão e Horto Florestal entram em processo para tombamento histórico
Com 53 anos, só agora o Mercado Municipal deve ser tombado como patrimônio histórico e cultural de Campo Grande. A partir de hoje, já está proibida qualquer intervenção na arquitetura do prédio, por conta de tombamento provisório estabelecido em Diário Oficial desta sexta-feira. O mesmo ocorre com o Horto Florestal, que agora entra no mesmo processo.
A Planurb solicitou e a Fundação de Cultura terá 15 dias para nomear os profissionais responsáveis pela primeira etapa no Mercadão. Sobre o Horto, o pedido foi apresentado pelo vereador Athaíde Nery (PPS).
Arquitetos e historiadores vão elaborar um parecer técnico sobre o mercado, para certificar da necessidade de tombamento como bem da população.
Já no caso do Horto Florestal, biólogos e ambientalistas também serão contratados para o levantamento das condições e importância do parque urbano.
Até a conclusão, qualquer obra nos dois locais deve ser submetida à aprovação do Conselho Municipal de Cultura.
Em 3 meses, todas as etapas devem ser concluídas, mas há possibilidade de prorrogação.
No caso do canteiro central da avenida Afonso Pena, por exemplo, o tombamento foi solicitado há 1 ano e meio.
“É que estamos esperando a conclusão das obras que estão sendo feitas para entregar o parecer final. O pedido foi justamente para preservar o canteiro e agora a prefeitura esta alargando, para melhorar o paisagismo”, explica o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Roberto Figueiredo, que diz acreditar no anúncio do tombamento no início do próximo ano.
Sobre o Mercadão, ele lembra que a população já vê o lugar como patrimônio histórico e cultural da cidade, o que deve agilizar o tombamento.
Da década de 50 para cá, o prédio tem a mesma fachada, mas dentro há muitas diferenças.
Os arcos de madeira, originalmente azuis, foram pintados na cor laranja pela prefeitura.
Em um dia de 40 graus em Campo Grande, a temperatura é fresca dentro do Mercadão, clima garantido pelos grandes ventiladores no teto.
“Essas bancas também eram de madeira boa, que duravam. Já trocaram umas quatro vezes e agora é desse metal ruim, que enferruja fácil”, reclama a dona da banca de verduras Elisa Okumoto.
Ela é uma das únicas que já trabalhava na inauguração do Mercadão. “Só ficou eu e mais uma. Antes era só venda de verduras, hoje é de tudo”, lembra.
Há apenas 4 meses no box de doces, a funcionária Elisângela Cesarino diz não entender porque até hoje o lugar ainda não é oficialmente patrimônio. “Tem de fazer isso logo. É uma lugar importante para a cidade, vive cheio de turista”.
O Horto Florestal tem perdido o aspecto cuidado de anos passados. A pista de bicicross está abandonada, mas o lugar ainda preserva a biblioteca, o espaço para as crianças, as caminhadas sob o arvoredo.
O orquidário, um dos símbolos do parque, também está fechado. As orquídeas de diferentes cores e tipos sumiram e agora o lugar está coberto com uma tela preta.
Roberto Figueiredo diz que o lugar não é mais adequado para o culttivo, "porque é coberto totalmente pelas árvores". A prefeitura estuda se vai preservar o projeto com a instalação em outro local dentro do parque. A mudança, no entanto, terá de ser feita antes do tombamento, porque qualquer transformação depois ficará impedida.
Em Campo Grande, o patrimônio mais recente tombado é o grupo de árvores da avenida Mato Grosso. Como não há documentos que comprovem a data em que foram plantadas, a idade foi feita por aproximação.
“Vimos fotos da década de 20 e não havia nada lá. Depois vimos da década de 40 e lá estavam elas”, lembra Roberto.
Também são patrimônios do Município a árvore da Rua da Paz com a Rio Grande do Sul, além da Morada dos Baís, Igreja São Benedito do Obelisco e de prédios mais modernos como o Paliteiro da UFMS.