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Artes

Aos 94 anos, Dona Joana é a felicidade de cabelos brancos em fotos ao por do sol

Naiane Mesquita | 14/09/2016 06:10
Dona Joana aos 94 anos é só alegria para a câmera (Foto: Jesleni Souza)
Dona Joana aos 94 anos é só alegria para a câmera (Foto: Jesleni Souza)

A coroa de flores na cabeça e o leque colorido nas mãos são de apaixonar, mas o que impressiona mesmo é o sorriso cheio de paz de dona Joana. A matriarca da família foi sorteada, aos 94 anos, para estrear o primeiro ensaio fotográfico da vida. Cheias de sensibilidade, as fotos foram feitas em Dourados, cidade do interior de Mato Grosso do Sul, e onde ela vive desde 1967, sempre no mesmo endereço.

O chapéu combina perfeitamente  (Foto: Jesleni Souza)
O chapéu combina perfeitamente (Foto: Jesleni Souza)

“Eu gostei”, diz, toda tímida e por telefone, Joana Turciane Stroppa. De família italiana, daquelas bem numerosas, ela não deixa de rir a cada final de frase, mesmo que não entenda muito bem a pergunta. Atenciosa, questiona o nome da repórter e se apresenta depois. Segundo os familiares, bater papo é com ela mesma, assim como fazer crochê e brincar com joguinhos no celular e tablet.

Os 94 anos foram completados recentemente, no dia 5 de agosto. Para satisfação da família apareceu o concurso da fotógrafa Jesleni Souza, que procurava modelos que tinham toda uma história de vida para contar.

“Ela tinha o sonho de fotografar uma avó, no dia da avó que foi em julho, a fotógrafa lançou a promoção e todo mundo da família compartilhou bastante, curtiu e ganhamos. O ensaio foi no domingo”, explica a neta de dona Joana, Edna dos Santos Alvarez, 49 anos. 

É carinho a primeira vista por esse registro  (Foto: Jesleni Souza)
É carinho a primeira vista por esse registro (Foto: Jesleni Souza)

Jes, a fotógrafa, diz que a família veio em peso. "Contaram histórias, compartilharam, o ganhador mora na Itália", diz. Dos 17 filhos de Dona Joana, um faleceu e dois moram na Itália. "Alguns familiares conseguiram a cidadania italiana", resume Edna.

A idade não impediu nem um pouco que Joana fizesse poses com guarda-chuva e leque. De vestido e cabelos brancos, ela olhou para o pôr do sol e mostrou que o passar dos anos são capazes de chegar tranquilamente.

“Eu vim do interior de São Paulo, nem lembro mais o nome da cidade direito. Sempre fiz crochê, faço até hoje, levanto, tomo um café, dou uma caminhadinha no quintal e sento para fazer o crochê”, afirma, toda animada.

Antigamente Joana aproveitada a manhã para caminhar pela cidade, mas com o passar do tempo, as netas acharam melhor reduzir para o quintal. No dia do ensaio foi atípico e não teve problema nenhum. “Fora de casa temos medo de ela cair, apesar de não tem dificuldade para andar. No domingo ela se locomoveu sozinha, foi super bacana”, orgulha-se Edna.

Fotos foram feitas no Parque Rego D'água (Foto: Jesleni Souza)
Fotos foram feitas no Parque Rego D'água (Foto: Jesleni Souza)

Esse carinho pela avó é sentido até à distância. Seja no Natal, aniversário ou dia das mães, é o a casa no Jardim Independência o ponto de encontro de toda a família. Com 17 filhos, 46 netos, 43 bisnetos e onze tataranetos, o que não falta é gente para encher a residência da matriarca.

“Minha avó veio de Catanduva, interior de São Paulo, casada e com 14 filhos, os três últimos nasceram aqui. Se estabeleceu nessa casa e permanece aqui até hoje. Meu avô faleceu em 1984 e ela continuou cuidando da família”, descreve Edna.

Na casa mora duas filhas de dona Joana, uma solteira e outra com o esposo . “Eles ajudam a marcar médicos e fazem companhia. Mas, nem os remédios precisam cuidar, porque ela toma tudo certinho, é independente. A rotina é ela mesma quem faz”, diz.

Guarda-chuva mega charmoso para a produção  (Foto: Jesleni Souza)
Guarda-chuva mega charmoso para a produção (Foto: Jesleni Souza)

Das lembranças que Edna e toda a família têm sempre prevalece a coxinha maravilhosa de Dona Joana e o bolinho de chuva para os dias nublados. “Ela sempre foi muita carinhosa, maravilhosa mesmo, sempre deu atenção a todos por igual, sem distinção. Eu sempre me lembro de ela fazer coxinha na minha casa, ela fazia muita coxinha para gente, quando dava vontade, pedíamos e ela atendia. Os bolinhos de chuva também, era aquela festa. Fora os pães enormes, uma delícia”, conta, animada a neta.

Hoje, Dona Joana prefere o crochê, jogos para memória e o celular. De vez em quando vai para a cozinha fazer o pão de sempre. “Ela ainda faz o pãozinho dela, mas damos uma mãozinha para sovar. Minha avó é demais”, se gaba Edna. 

Fotos são poesia pura (Foto: Jesleni Souza)
Fotos são poesia pura (Foto: Jesleni Souza)

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