Em 1ª exposição, transexual mostra como arte é abrigo para lutar
Abre neste sábado segue até o dia 13 de junho, na Galeria Karla Osorio, em Brasília, a 1ª exposição individual da artista sul-mato-grossense Alice Yura, com curadoria de Carollina Lauriano. Alice é uma mulher transexual, natural de Aparecida do Taboado que leva para outro estado, depois de um longo período em isolamento, seus sentimentos.
Em Acalantar, primeira individual de Alice Yura, a artista apresente um panorama de sua produção artística, com trabalhos criados desde 2013. Acalantar se constrói a partir das próprias contradições impostas pelo sistema da arte, uma vez que, partindo de seu processo criativo, ela elabora seus sentimentos e pensamentos, há também uma denúncia sobre seu pensamento nesse sistema, uma vez que sua primeira exposição individual ocorre quase uma década depois de iniciar sua produção artística.
Alice Yura retoma a si e à história da arte para discutir noções de corpo, do gênero e das subjetividades. Ao recriar imagens que, em sua maioria, remetem diretamente à construção de um imaginário feminino. Ao colocar-se como figura central de sua obra, Alice busca olhar para sua própria história, dos elementos e do universo que a cerca.
Em seus trabalhos fotográficos, a artista recorre ao uso do autorretrato para refletir condições alegóricas das imagens, desconstruindo assim uma figuração idealizada do feminino e, por consequência, do ser mulher. As pinturas produzidas recentemente, e que a artista apresenta pela primeira vez ao público, também trazem essa discussão. O cabelo tingido aplicado sobre a tela reafirma os códigos que recaem sobre a ideia de uma performatividade do feminino.
Sobre a artista - Para Alice, “acalantar” faz alusão a seu processo na arte e ao modo em que ela produz um efeito de acalanto no mundo e com o mundo. Com isso consegue elaborar seus sentimentos e pensamentos construindo e fundamentando sua subjetividade no campo da experiência poética e estética”.
“Ela é uma mulher trans que encontra na arte um abrigo e um lugar para lutar. Lhe interessam profundamente as relações e os processos de arte e vida, afetos, encontros e, como isso está intimamente ligado à política, cultura, biologia, ao corpo e a nossa formação de identidade e alteridade. As fronteiras e os tempos a fizeram estar entre aqui e agora, na busca do amor a ordem e o caos”, explica a curadora.
A exposição estará disponível na galeria 4 e 5, Pavilhão II da Galeria Karla Osorio, que fica no SMDB Conjunto 31 Lote 1B - Lago Sul Brasília – DF.