Filme faz bairro mais “buxixado” da cidade narrar histórias emocionantes
"A Margem é o Centro" traz histórias de moradores do Bairro Moreninhas, um dos maiores da cidade
O Bairro Moreninhas, na região Sul de Campo Grande é um dos mais populosos da Capital. O documentário “A Margem é o Centro”, de Thauanny Maíra, narra vivências dos morados desse bairro, que muitas vezes ficam ofuscados por causa das notícias de violência. “Essas histórias vem justamente para desmistificar”, detalha Thauanny.
O documentário tem apenas 20 minutos, mas já é o suficiente para perceber o amor que as pessoas têm pelas Moreninhas. Expressões como “Aqui me sinto cidadã”, ou “Quem é daqui e vai embora, sente saudade de voltar”, são faladas por alguns dos moradores no vídeo.
As histórias das pessoas ainda incluem alguns elementos de violência, mas essas narrativas revelam outro lado da Moreninhas, que não é definido por isso e muito menos tem a violência como questão central. A paixão pelas Moreninhas está inclusive na própria Thauanny, que cresceu no bairro. “São atos de coletividade, pertencimento e resistência”, reforça até a descrição do filme.
“Eu sempre tive essa ideia, sempre quis representar esse cenário que é natural pra mim. E no audiovisual, não tem muita produção desse tipo aqui, quando a gente vê falar de periferia é só de São Paulo, Rio de Janeiro, das favelas e sempre representado pelo pessoal de fora, em maioria. Essas pessoas de fora têm mais acesso à informação, mais dinheiro, então eles acabam entrando lá, em geral não é representado por pessoas das próprias comunidades”, detalha.
As pessoas são figuras conhecidas no bairro e por Thauanny também. “Eu cresci convivendo com essas pessoas. A Socorro da capoeira, eu conheci quando ela estava na feira e ela estava fazendo uma roda de capoeira ali. Todos eles fazem parte da minha vivência e também da história do bairro, muitos ali são moradores antigos da região. O prazo para produzir e realizar o projeto foi bem rápido, por isso muitas pessoas ainda acabaram ficando de fora”, comenta.
Thauanny fez questão de incluir o máximo de pessoas da própria comunidade da produção, além de colocá-los na frente da câmera e reforça que na periferia existem muitos talentos escondidos, que muitas vezes passam despercebidos.
“Eu quis envolver o máximo de pessoas da comunidade e também da juventude também. O rapaz responsável pelas imagens aéreas tem um talento lindíssimo, mas ele trabalha como entregador. Graças à esse projeto, ele conseguiu fazer uma grana, conseguimos gerar uma renda para várias pessoas. Mas essa experiência serviu para isso também, pra integrar essas pessoas que estão na periferia e que têm habilidades incríveis”, expressa.
O projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc. O documentário está disponível no canal do Youtube do filme.
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