No distanciamento social, fotos do céu são alento aos olhos de Clara
Há quem diga que somos o estado "Mato Grosso do Céu". Por Campo Grande ser sua capital, dá para dizer que a responsabilidade deste título esteja sobre oas nossas cabeças e olhares. Todos os dias, as primeiras notícias que entram no Campo Grande News são da previsão do tempo, e em tempos de pandemia, são elas que se mostram alento, de que dias melhores virão.
Pelo menos foi essa a observação de Clara e Maria Clara. Mãe e filha que nesta semana mandaram uma mensagem que fez todo mundo da redação voltar os olhos ao céu registrados com maestria pelo repórter fotográfico Henrique Kawaminami.
"Com o distanciamento social e o momento crítico como estamos vivendo, é muito animador ver uma pintura como esta imagem de Campo Grande logo de manhã, retratada pela lente de um fotógrafo... Obrigada! Esperança! Logo vai passar", dizia.
Professora da Educação Infantil, Clara Zilda tem 48 anos, e Maria Clara, 8. Quatro décadas as separam, e talvez por isso a surpresa da mãe em ver tamanha sensibilidade da criança. "Mãe, que quadro mais lindo, ela falou. E eu disse, não é quadro, e ela falava: é sim, é uma pintura. A foto despertou algo numa criança que é difícil prestar atenção nesse tipo de coisa, em detalhes de imagem", descreve a professora.
As duas estão cumprindo à risca a quarentena, principalmente por ter idosos dentro do quadro de risco em casa. E é de casa que a professora está atendendo aos alunos, revezando entre o trabalho e a admiração pela cidade, que pelo menos deveria estar mais quieta. "Gosto de fotos que retratam fielmente a imagem da nossa cidade", diz.
O autor da "pintura" aos olhos de Clarinha, é Henrique. Nosso fotógrafo há dois anos. Pai da japinha mais linda dessa cidade, Natali, ele tem 26 anos e os últimos cinco vem se dedicando à fotografia.
"Tento variar os lugares para mostrar mais a cidade nessas primeiras horas do dia. Agora, nesta época de pandemia que as pessoas estão em casa, e não conseguem ver com os próprios olhos, tento mostrar a beleza da nossa cidade, seja mostrando a cor do nosso céu, as árvores floridas, ou flagrar animais que só nosso Estado tem o privilégio de juntar tanta natureza dentro do perímetro urbano".
As imagens são feitas entre 5h30 e 6h da manhã, assim que o sol dá às caras. "Nesta semana, o sol nasceu às 6h em ponto", completa Henrique.
Numa cidade silenciada pelo coronavírus, Henrique continua na rua, a trabalho. Às vezes ele até planeja fazer a foto em um determinado ponto, mas no caminho, encontra cenas que só Campo Grande dá, como o pouso da arara entre as árvores.
Confira a galeria de imagens: