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Artes

Tio que não enxerga motivou diretor a criar oficina de teatro para cegos

Artista sul-mato-grossense prepara espetáculo estrelado por elenco cego e oficina será gratuita

Thailla Torres | 03/02/2022 15:12
Podem se inscrever na oficina, pessoas cegas ou que tenham algum grau de dificuldade de visão.
Podem se inscrever na oficina, pessoas cegas ou que tenham algum grau de dificuldade de visão.

O ator, bailarino, cenógrafo, coreografo e diretor, Alexandre Melo, está com inscrições abertas para a oficina “O que os olhos veem o coração sente?” destina a pessoas cegas ou que tenha baixa visão.

A oficina será de 7 a 11 de fevereiro, das 18h às 20h no Instituto sul-mato-grossense para Cegos Florivaldo Vargas (Ismac), na Rua Vinte e Cinco de Dezembro, 262 - Centro, em Campo Grande.

Podem se inscrever na oficina, pessoas cegas ou que tenham algum grau de dificuldade de visão, tanto do Ismac ou de fora do Instituto.

São 100 vagas para a oficina, de onde sairá o elenco de um espetáculo com nome homônimo escrito e dirigido por Alexandre. Das 100 vagas, até agora tem 32 inscritos. Da oficina será escolhido 5 participantes para compor o elenco do espetáculo, que contará a história de uma pessoa em reabilitação.

O espetáculo deve ser apresentado no primeiro semestre de 2022 em Corumbá, por ser a cidade sede do Instituto Cultural Vale, que é a patrocinadora do projeto.

Serão 3 apresentações em espaços públicos e 3 em teatro. A ideia é que as apresentações sejam realizadas num prazo de 4 dias. Atores ou atrizes selecionados serão remunerados pelo trabalho.

A ideia do projeto e do roteiro do espetáculo nasceu em uma conversa entre Alexandre e seu tio Delci Francisco, de 55 anos. “Já faz alguns anos, o meu tio me parabenizava por uma apresentação que fiz, mas aí ele me disse que era uma pena que nunca iria conseguir me ver em cena... aquilo, aquilo mexeu comigo profundamente. Me fez refletir! De fato, a grande maioria dos espetáculos aqui, de teatro, os filmes, não tem acessibilidade, não tem audiodescrição, nada. Aí eu comecei a pensar no projeto, só que ao invés de fazer algo apenas acessível para eles, eu quis fazer um espetáculo que leve o público para o mundo deles, que o público possa sentir o mundo como eles sentem, assim nasceu o espetáculo”, resumiu Alexandre..

A oficina é a primeira etapa do projeto, com carga horária total de 10h, as inscrições podem ser feitas neste link (clique aqui).  

A ideia do projeto e do roteiro do espetáculo nasceu em uma conversa entre Alexandre e seu tio Delci Francisco, de 55 anos.
A ideia do projeto e do roteiro do espetáculo nasceu em uma conversa entre Alexandre e seu tio Delci Francisco, de 55 anos.

Ao longo da oficina será trabalhado principalmente voz e corpo dos integrantes. Para isso haverá um profissional de voz e um preparador corporal, além do diretor. Os cinco selecionados para atuar no espetáculo serão escolhidos em uma discussão interna entre os profissionais da oficina. Todos os ensaios do espetáculo acontecerão em Campo Grande.

“Será uma imersão, tenho certeza de que com a oficina vamos aprender muito mais para conceber um espetáculo profundo, que nos faça mais do que apenas incluir, faça com que pertençamos a esse público, assim como eles devem pertencer a sociedade”, finalizou o diretor.

Sobre o diretor - Nascido em Bataiporã e criado em Taquarussu, Alexandre mudou-se em 2006, aos 16 anos, para Campo Grande. Na Capital começou a estudar teatro, participou de cursos e oficinas por 2 anos, porém, pausou a carreira por 6 anos devido a faculdade de Administração e em seguida pós-graduação em Logística. Em 2013 retomou os estudos relacionados ao meio artístico incentivado por amigos.

Como diretor, estreou na web com o espetáculo ‘Solamentesó’ em 2020. Na sequência, em 2021, concebeu e protagonizou o espetáculo “Útero, Minha Primeira Morada”. Veja aqui todos os trabalhos.

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