Um clássico da música, Kikiô vira teatro infanto-juvenil com bonecos em cena
Desde 2017, espetáculo está em cartaz e, neste domingo, é apresentado com bilheteria voltada aos povos indígenas
Com bonecos feitos de materiais recicláveis, tampas de garrafa pet dão forma aos animais, assim como cascos de árvores. Cabaças decoradas com sementes regionais constroem índios de um cenário montado a partir do talento do Coletivo Guavira, que há 10 anos atua em Mato Grosso do Sul, o espetáculo infanto-juvenil de bonecos "Kikiô" encanta a quem o assiste. Em cartaz desde o ano passado, será reapresentado neste domingo (16), na sede do TGR (Teatral Grupo de Risco), às 17h, e toda a bilheteria será revertida para o Coletivo Terra Vermelha e para as causas indígenas.
O espetáculo, em todos os seus detalhes, foi concebido a partir de uma profunda pesquisa da música Kikiô, de Geraldo Espíndola. Por meio de uma contação de histórias transmitida pela sonoplastia, animais retomam o ambiente em que Kikiô nasce, repleto pela natureza, pela mata selvagem, e pelas águas do mar, conforme os trechos da composição "Kikiô nasceu no centro entre montanhas e o mar. Kikiô viu tudo lindo, tudo índio por aqui. Índia América deu filhos, foi Tupi, foi Guarani".
Jorge de Barros Oliveira e Flávia Silveira são os produtores da peça que nasceu em 15 dias de trabalho intenso. A peça é 5ª produção do Grupo Guavira, que conta tantas outras, como "Estória de Pescador" (2008), "Auto de Natal Pantaneiro" (2008), "Estórias e Canções da Nossa Terra" (2012), "Concurso de Talentos para Bonecos" (2016) e "História do Povo Negro" (2018 em construção).
"A história é contada por um ancião e ao ver o resultado, o depois, da peça, consigo ver que o espetáculo Kikiô realmente encanta a todas as idades e não apenas as crianças. Talvez porque ele traga aos olhos e ao coração um pouco de mágica e encantamento por meio da sinestesia e dos elementos lúdicos", diz Jorge.
Índios, brincadeiras, animais e as caravelas portuguesas são parte da apresentação que segue contando o trajeto de Kikiô e dos povos indígenas, da chegada dos europeus em suas caravelas à América do Sul, do desmatamento, até chegar ao êxodo à América do Sul, tudo isso em poucos 35 minutos de peça.
Os bonecos se movem com delicadeza pelas mãos da atriz Tauanne Gazoso Lacerda, de 25 anos, e pelo fotógrafo Erick Hirata, de 24 anos. "Eu ajudei na produção da trilha sonora, com as músicas da Marlui Miranda, que é amiga de Geraldo Espíndola, e por conta disso a Flávia [produtora] me chamou para ajudar com os bonecos. Foi minha primeira experiência com o teatro e achei incrível a possibilidade de poder sentir a energia das crianças, mesmo por trás do cenário, a gente consegue senti-los vibrando com a história", conta Erick.
Os ingressos estarão sendo vendidos a R$ 20,00, sendo que crianças até 11 anos pagam meia entrada. A sede do TGR fica na R. José Antônio, 2170 - Vila Rosa Pires.