10 pontos para fortalecer a equidade racial ao seu redor
Dia da Consciência Negra: mais do que um momento de reflexão, o convite é para a ação
Neste 20 de novembro, pela primeira vez, o país comemora o Dia da Consciência Negra como feriado nacional, uma data histórica que se soma à luta contínua contra o racismo e pela promoção da igualdade racial. Em Campo Grande, a Secretaria da Cidadania promove um extenso cronograma de atividades, com rodas de conversa, lançamentos de cartilhas e a culminância de projetos que trabalham a temática ao longo do ano. Mais do que um momento de reflexão, o convite é para a ação.
A Subsecretária de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte, reforça a urgência de um movimento ativo contra o racismo, que é estrutural. Para ela, "agir é fundamental. Se ficarmos apenas refletindo, isso não resolve nem muda o racismo que ainda persiste em nossa sociedade". Segundo Vânia, promover a igualdade racial significa ampliar a representatividade política e simbólica da população negra, fortalecer movimentos antirracistas e promover campanhas de conscientização e sensibilização.
O enfrentamento do racismo: um compromisso de todos
Vânia, que carrega no sangue a herança de Tia Eva, uma das figuras históricas do movimento quilombola, afirma que o primeiro passo para combater o racismo é reconhecer sua existência. "O racismo está em nós, na nossa sociedade, e devemos ter atitudes antirracistas", explica a subsecretária. Ela destaca que a luta contra o racismo não é uma pauta apenas da população negra, mas de todos. "Não se trata de culpar, mas de entender: o que eu posso fazer para ajudar a combater o racismo?", questiona.
A partir do Guia de Boas Práticas de Equidade Racial do Estado do Rio de Janeiro (veja imagem abaixo), Vânia aponta diversas práticas que podem contribuir para a promoção da igualdade racial. Entre elas, ela sugere refletir sobre o consumo de cultura e arte. "Assistimos filmes com personagens negros? Compramos livros de autores negros? Já visitamos quilombos? Estamos dando espaço para a fala de pessoas negras?", questiona, lembrando que pequenas atitudes cotidianas podem fazer toda a diferença.
O "Lugar de Fala" e a importância de ouvir
No contexto das discussões sobre racismo, a ideia do “lugar de fala” é central. Para Vânia, o conceito, presente na obra da filósofa Djamila Ribeiro, não significa silenciar os não negros, mas sim proporcionar espaço para que as pessoas negras, frequentemente privadas de voz, possam compartilhar suas vivências. "É dar oportunidade para quem muitas vezes não tem o espaço para falar, sobre sua própria história e identidade", afirma.
A subsecretária também propõe a interrupção ativa de atitudes racistas, sugerindo que quando alguém presenciar uma situação desse tipo, deve se manifestar. "É fundamental dialogar, conversar e corrigir as atitudes preconceituosas, afinal, muitas vezes as pessoas não percebem o impacto de suas ações", explica.
Consumo de cultura negra: práticas simples e poderosas
Um dos passos mais simples e acessíveis que todos podem adotar é seguir criadores de conteúdo negros. Para Vânia, é fundamental que as pessoas não só consumam conteúdos, mas que façam isso com uma perspectiva racial crítica, ajudando a difundir e apoiar produções negras. "Nós precisamos ser capazes de pesquisar sobre questões raciais de forma autônoma, sem sempre pedir para que alguém negro nos explique o que é antirracismo", afirma. Ela também destaca a importância de corrigir atitudes racistas e acolher as vítimas, que muitas vezes ficam feridas, sem que isso seja reconhecido na hora.
A população negra em Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, a população negra é majoritária, representando 53,4% dos 2,7 milhões de habitantes, segundo o Censo de 2022. Isso inclui tanto os que se autodeclaram pretos quanto pardos. Esses dados reforçam a importância de se promover ações afirmativas e de garantir a representatividade da população negra no estado.
20 de Novembro
O Dia da Consciência Negra, além de ser um marco para reflexão, rememora a figura de Zumbi dos Palmares, líder quilombola assassinado neste mesmo dia, no final do século XVII. Zumbi é lembrado como símbolo da resistência e luta pela liberdade, sendo considerado um dos maiores heróis negros da história do Brasil.
Vânia Lúcia Baptista Duarte lembra que, embora o mês de novembro seja também de comemoração, ele não se resume a isso. "O Novembro Negro é o momento de refletir, celebrar as conquistas, mas também de lutar contra o racismo. É um mês de recordar nossas vitórias, nossos desafios e continuar a batalha", conclui a subsecretária.
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