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Comportamento

Alunos mostram poder da cultura afro-brasileira com criatividade

Os estudantes guiaram os visitantes em uma jornada pela história, destacando fatos e figuras importantes

Por Idaicy Solano | 07/11/2024 07:18
Alunos celebram cultura afro-brasileira com dança, teatro e exposições (Foto: Juliano Almeida)
Alunos celebram cultura afro-brasileira com dança, teatro e exposições (Foto: Juliano Almeida)

Os alunos da Escola Estadual Maria Elisa Bocayuva, localizada na Vila Margarida, em Campo Grande, organizaram um evento, com apoio dos professores, para celebrar a cultura afro-brasileira com dança, teatro e exposições, por meio do projeto Africa em Foco, que visa trabalhar pautas voltadas ao ensino de história e cultura africana e afro-brasileira com os alunos da instituição.

Este ano o projeto trabalhou as influências do continente africano e das culturas e histórias africanas na América. Os alunos organizaram exposições com diversas imagens, desenhos e objetos que contam a história de figuras importantes na história negra, além de rodas de brincadeiras africanas e contos africanos.

Ao visitar as exposições, os estudantes guiaram os visitantes em uma jornada pela história, destacando os principais movimentos da cultura negra, como a história de Zumbi dos Palmares, pan-africanismo, afrofuturismo, religiões de matriz africana, dentre outros.

O dia também foi marcado por manifestações artísticas através da dança, apresentações teatrais, um concurso de desenho inspirado na temática trabalhada no evento e, para encerrar, um concurso de Beleza Negra, que consistiu num desfile de moda estrelado pelos alunos.

Também estiveram presentes a Feira Quilombola do Buriti, a Feira Quilombola de Furnas do Dionísio, além de expositores de roupas e acessórios africanos.

Os alunos organizaram exposições com diversas imagens, desenhos e objetos (Foto: Juliano Almeida)
Os alunos organizaram exposições com diversas imagens, desenhos e objetos (Foto: Juliano Almeida)
Alunso compartilharam com visitantes a história de figuras importantes na história negra (Foto: Juliano Almeida)
Alunso compartilharam com visitantes a história de figuras importantes na história negra (Foto: Juliano Almeida)

O projeto África em Foco surgiu no ano de 2016, por intermédio do professor de história Deividson de Deus Silva, de 36 anos, que atualmente trabalha como coordenador de práticas inovadoras na escola.

Ele explica que a ideia era colocar em prática a Lei 10.639, que inclui o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira dentro das escolas, além do intuito de combater o racismo, a intolerância religiosa e o preconceito.

O professor destacou que o projeto também é uma maneira de resgatar e valorizar a identidade afro-brasileira, para que os alunos reconheçam suas identidades e ancestralidade.

“Nós temos mais do que a obrigação de trazer de volta a história que nos foi tomada, [combater] aquela história eurocêntrica que permeou por muito tempo no ensino e trazer a verdadeira história dos povos que foram escravizados, dos povos que foram trazidos e não tiveram oportunidade de manifestar, de ter a valorização da sua cultura, da sua história”, expressa.

O projeto África em Foco surgiu no ano de 2016, por intermédio do professor de história Deividson de Deus Silva (Foto: Juliano Almeida)
O projeto África em Foco surgiu no ano de 2016, por intermédio do professor de história Deividson de Deus Silva (Foto: Juliano Almeida)

A aluna Nicolly da Silva, de 16 anos, estuda na instituição há três anos, e desde que entrou, participa ativamente do projeto, tanto nas apresentações culturais quanto nas exposições. Para ela, a iniciativa é importante para conhecer melhor a cultura afro-brasileira, além de trabalhar a conscientização dos alunos.

Ela destaca que ações como essas ajudam crianças e adolescentes a se reconhecerem como afrodescendentes, além de ressaltar a autoestima e sentimento de pertencimento no ambiente escolar e fora dele.

A estudante Giovana Campos, de 14 anos, junto ao colega Jackson Gabriel, de 17 anos, foram os responsáveis por montar uma peça, que foi apresentada durante o evento, baseada na música “Canção Infantil”, do artista Cesar MC.

A letra fala sobre discriminação, retratos da vida na favela e a história do caso Evaldo Rosa, também conhecido como “Caso dos 80 tiros”, sobre o homicídio do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador de material reciclável Luciano Macedo, que ocorreu no dia 7 de abril de 2019 na cidade do Rio de Janeiro.

Para Giovana, é extremamente importante trabalhar pautas raciais na escola, pois isso gera uma troca de conhecimento fundamental para combater a desinformação, o preconceito e discriminação.

“Além de conscientizar, a gente consegue, às vezes, desenvolver coisas que não sabia, descobrir algum talento, ou até mesmo se conhecer melhor. Então eu acho muito importante [projetos como o África em Foco]”, destaca.

A estudante Giovana Campos foi uma das responsáveis por montar uma peça, que foi apresentada durante o evento (Foto: Juliano Almeida)
A estudante Giovana Campos foi uma das responsáveis por montar uma peça, que foi apresentada durante o evento (Foto: Juliano Almeida)

A subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial no governo do Estado, Vânia Lúcia Batista Duarte, também esteve presente no evento, e aproveitou para conferir as exposições planejadas pelos alunos.

Durante a visita, ela destacou que a subsecretaria, em parceria com outras pastas do Governo do Estado, vem desenvolvendo uma série de ações, tanto em Campo Grande quanto no interior, com o intuito de levar conhecimento, conscientização e a cultura afro-brasileira.

“Já fizemos letramento racial para os professores, formação via oficinas para os estudantes. Nós falamos que essa temática não é só da população negra, é de toda a população brasileira. E para isso, todos têm que se aproximar, todos têm que conhecer mais dessa cultura africana, da população afro-brasileira. Então, esse projeto oportuniza isso. E é o cumprimento de uma lei, que faz parte da nossa LDB (Lei Máxima da Educação)”, expressou.

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