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Comportamento

Audiodescrição e experiência tátil garantem visita de pessoas cegas ao Bioparque

Uso de tecnologia e luvas para tatear tanques permitem vivência completa do passeio e favorecem a interação

Natália Olliver | 02/03/2023 08:12
Monique durante visitação guiada no Bioparque (Foto: Bruno Rezende)
Monique durante visitação guiada no Bioparque (Foto: Bruno Rezende)

Toque e som, esses são os recursos usados para incluir pessoas cegas ou com baixa visão nas visitas guiadas oferecidas no Bioparque Pantanal, em Campo Grande. O uso de tecnologia e luvas para tatear os tanques permitem a vivência completa do passeio e favorecem tanto a interação dos visitantes quanto a autonomia.

A possibilidade da inclusão atraiu a estudante de psicologia Monique Lopes Marques, de 24 anos. Ela fez o passeio acompanhada de uma guia e contou como se sentiu durante a visita.

“É a primeira vez que participo de algo assim, que posso tocar. É muito legal ter alguém para acompanhar, fazer a audiodescrição. Pude entender e aproveitar. Já estive em um museu antes, mas foi a minha primeira experiência de passeio inclusivo, e adorei”.

O professor Márcio Ximenes Ramos, de 42 anos, é cego e já experienciou a visita guiada mais de uma vez. Ele ressaltou que o passeio é fonte de conhecimento para os visitantes.

“Estive em vários momentos, a primeira vez foi antes de abrir para o público, visitei para verificar as condições. Naquele dia já tinha gostado, mas pontuei algumas mudanças necessárias para melhorar. Eu também dei a ideia de poder tocar, e aí colocaram as luvas. É emocionante poder pegar nos animais, algo que ficou na minha memória foi a onça enorme”, disse.

Quem garantiu a efetividade da inclusão foi o professor José Aparecido da Costa, que é cego e atua no Laboratório de Pesquisa em Acessibilidade, Educação Especial e Inclusão da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Ele auxilia nas ações que envolvem o atendimento inclusivo e defende o uso de tecnologia para auxílio nas atividades.

“Nós procuramos verificar quais as necessidades para melhoria da recepção das pessoas com deficiência. A tecnologia favorece a interação e permite melhor acesso possível aos recursos e serviços. Fiz contato com várias pessoas com deficiência para colher impressões e poder aprimorar o que é oferecido”.

Para o professor, apesar dos serviços oferecidos, o trabalho feito pelos guias é a grande diferença do atendimento às pessoas com deficiência.

“Com o guia a pessoa fica com as mãos livres e pode ter a interação necessária para melhorar a experiência. Atualmente estamos testando um assistente de voz, para melhorar o atendimento às pessoas cegas, que vai melhorar ainda mais o passeio”.

Maria Fernanda Balestier, diretora-geral do Bioparque, evidenciou que o recurso está disponível apenas ao público alvo. “Temos um protocolo de atendimento acessível, com tecnologia assistiva para todas as pessoas com deficiência. No caso das pessoas cegas, somente elas podem colocar uma luva e tatear tanques e também os itens, como os animais expostos. É algo único”.

Inclusão - O local possibilita que pessoas acamadas e surdas também tenham acesso às visitas, através de professores intérpretes, tablets com alta definição em libras e guia do local em braile.

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