Bonsai é filosofia de vida para Edson, que mantém coleção em clínica
Dos avós e do pai, ele herdou a paixão pela arte milenar que mostra a riqueza e versatilidade do bonsai
Na Avenida Mato Grosso, o portão de vidro transparente permite que quem passe na rua admire os bonsais. A coleção faz parte da decoração da clínica odontológica do casal Edson Massuo Mori e Cláudia Nakassame Mori.
Eles trabalham juntos no local que antes era uma casa, mas em 2002 foi transformada e adaptada para ser um consultório. Os primeiros bonsais chegaram no mesmo ano e vieram direto da residência do dentista, que é um praticante da arte milenar iniciada na China e aperfeiçoada no Japão.
É cruzar a porta principal para encontrar os primeiros três bonsais que formam o pequeno corredor que conduz à recepção. Ainda no portão, do lado esquerdo, estão posicionados em curta distância os mais de cinco bonsais que formam a vista privilegiada para quem transita pela calçada.
Dos avós e do pai, Edson herdou a paixão e o carinho com os bonsais. Os primeiros ensinamentos vieram através da família e depois o dentista seguiu aprendendo sozinho com o passar do tempo. Quando é para falar sobre essa arte, Edson dá uma verdadeira aula começando pelos diferentes estilos.
“Tem o reto informal que o tronco é suave, tem inclinações de um lado para o outro. Chama reto ou moyog. Aí tem o chokkan que é reto formal, o bunjingi literati que normalmente não tem quase nada (ramificação) só em cima. Por exemplo, plantas de região costeira, litoral ou da montanha são varridos pelo vento que é fukinagash”, explica.
Primavera, amora, limão, azaleia e outras espécies foram transformadas. O bonsai, que no ideograma japonês significa ‘plantado na bandeja’, permite que várias plantas sejam transformadas dentro dos estilos citados por Edson e outros, como o hokidachi (vassoura), shakan (inclinado ou oblíquo), kengai (cascata), han Kengai (semi-cascata).
O dentista comenta que são várias as possibilidades, mas nem toda espécie se encaixa com a arte. “Bonsai você pode fazer de qualquer tipo de planta que forme madeira ou seja lenhosa e semi lenhonhas. As suculentas e mesmo a rosa do deserto a gente não considera bonsai porque o tronco não tem madeira”, diz.
Após escolher e plantar a muda no vaso apropriado, que lembra o formato de uma bandeja, os arames são outra etapa necessária. Dentro do consultório, Edson mostra o bunjingi literati que tem pequenos arames enrolados nas ramificações.
“Os arames são para dar forma, você vai conduzir a planta porque é uma arte, é como se você estivesse pintando. Você vai dar um estilo na planta, mas depende da planta”, comenta.
Além de cuidar dos bonsais da clínica, ele também dedica tempo aos que estão em casa. “É como uma arte. Pra mim é uma filosofia de vida, no final de semana gosto de estar relaxando, coloco um sonzinho e fico lá mexendo com as plantas”, afirma.
No consultório, nenhum dos bonsais carrega um significado ou história especial para o dentista. O único, segundo ele, está na residência. “Tem um que era do avô da minha esposa”, conta. Outro ‘bonsai’ que foi presente de paciente é a pequena árvore feita de lego. Essa tem um lugar para si na clínica.
A versatilidade do bonsai é tanta que é possível criar verdadeiros cenários com ele. No jardim, Edson fez dois, sendo um em tamanho médio e outro grande. “Esse aqui é como se fosse lá na África, eu falo que é a montanha de Kilimanjaro”, explica. A outra paisagem também remete a uma montanha e com um rio onde um pequeno barco foi posicionado.
Ainda no jardim, é possível encontrar bonsais de plantas coníferas, caducas, perenes e ficus. "Essa planta é o mesmo ficus que da Afonso Pena, da Mato Grosso", explica. No espaço ampliado pelo dentista para comportar o jardim, também foi colocado na entrada um templo japonês. A estrutura pertencia ao avô de Edson.
Dentro da clínica, as paredes são decoradas por quadros pintados pela esposa. Outro gosto particular dela são as coleções de boneca japonesas organizadas e expostas dentro de um armário de vidro.
Na sala ao lado, o dentista montou um tokonoma que traz no centro o samurai com sua exuberante armadura. No lado esquerdo e direito, foram colocadas orquídeas, enquanto numa ponta está a espada e na outra um vaso com água e pedras brancas.
Cada detalhe, desde os bonsais, quadros ao tokonoma, faz da clínica um espaço singular e oposto daquele ambiente 'frio' que muitos consultórios mantêm. Ao inserirem os gostos pessoais no consultório com espaço aberto e luz natural, o casal conseguiu fugir do ambiente fechado onde trabalhavam anteriormente.
"Para a gente poder trabalhar tem que ser um lugar mais leve do que ser fechado, esse foi o objetivo. Então estamos num dia e vendo a natureza. Antigamente, o consultório era fechado. A gente sempre teve esse sonho de montar o consultório, minha esposa tinha o sonho de ter um pomar, então as crianças vêm aqui tem jabuticaba, acerola", diz.
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