Cadeira de fio que avó usou por 30 anos virou ícone de amor no braço
Avó morreu de covid-19 e foi homenageada pelo neto com tatuagem da cadeira que ela nunca abandonou
Natural de Porto Murtinho, Libania Celestina Acosta Ribas morreu em 2021, vítima da covid-19. A doença devastadora tirou de cena não só uma mãe, irmã ou avó, mas uma mulher que, durante a vida, deu tudo de si para ver a família feliz. O sorriso afetuoso toda vez que alguém aparecia na varanda de casa ainda é vivo no coração da família, especialmente do neto Paulo Sérgio Loubet Filho, de 28 anos, que agora, tem na pele um ícone que traz os melhores momentos vividos ao lado da avó.
Falar de Libania não é fácil para Paulo. Durante a entrevista, a pausa foi necessária para que ele enxugasse as lágrimas. Mas seria injusto dizer que o choro é de tristeza, especialmente, depois de tudo que a avó ensinou, até mesmo nos últimos dias de vida.
“Quando eu choro é porque tenho saudade e lembro-me da minha avó com muita alegria, nunca de tristeza”, explica Paulo.
Desde sua partida, o neto buscava maneiras de homenageá-la e ter por perto as memórias felizes. Por muito tempo, Libania usou a cadeira de rodas, que era um item que fazia parte da rotina, mas isso não a limitava. Foi então que Paulo abandonou a ideia de tatuar a cadeira de rodas e passou a pensar em algo mais especial.
Até que olhando as fotografias antigas, ele se deu conta que havia encontrado o ícone perfeito: a cadeira de fio que a avó nunca abandonou ou tirou da varanda.
Paulo cresceu vendo a avó sentar na cadeira de fio, que ao longo dos anos, teve outras cores. "Mas lembro é da amarela. Minhas primeiras memórias são dela sentada na cadeira dessa cor.”
Da cadeira, Paulo viu Libania sorrir, conversar, ensinar, dar bronca sem machucar e proporcionar os melhores momentos. “Por isso, eu não desfaço dela, que está na minha casa até hoje. E ai de quem se desfizer”, avisa.
O neto recorda que a homenagem em forma de tatuagem, feita por Thais Barros, se tornou também um alento em meio à saudade. E por mais doído que seja a ausência, o sonho de ter a mesma vontade de viver como a avó tinha virou uma realidade.
“Ela sempre foi muito carinhosa, atenciosa, ela sempre orientava a gente, sempre ensinou a gente a ser humilde e bondoso. Por mais que a gente chegasse com raiva e quisesse dar o troco, ela ensinava que esse não era o caminho, que uma hora a gente ia poder colher todas as coisas boas que a gente plantou. Muitos desses ensinamentos surgiram dela sentada na cadeira, que virou um ícone”, recorda.
Outras duas netas também tatuaram e fizeram homenagem à dona Libania. Uma delas é na cor azul, tonalidade que uma das primas de Paulo recorda ter visto pela primeira vez na varanda. Mas nem todo mundo conseguiu expressar em palavras a homenagem.
A despedida de Libania doeu inúmeras vezes. Isso porque além da avó, Paulo e as primas se despediram de outros quatro familiares, que também morreram de covid-19, num intervalo de aproximadamente 10 dias. A saudade na família grita cinco vezes mais e ainda é difícil lembrar o que ficou de quem partiu sem ter os olhos inundados de emoção.
“Por isso, eu busco lembrar da minha avó com muita alegria. A última imagem que eu tenho dela é entrando no hospital junto com a minha mãe. Mas na memória eu guardo mesmo todos os seus anos de sorriso, de ensinamento, de amor, afeto, que ela soube dar à toda família”, finaliza
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).