Campo-grandense é a 1ª mulher a pilotar o maior avião de carga da FAB
Capitão Jeciane Victório entrou na Academia da Força Aérea em 2012 e, neste ano, conquistou o marco
Em 2012, a campo-grandense Jeciane Victório iniciou sua jornada na AFA (Academia da Força Aérea) e, depois de 12 anos dedicados à FAB (Força Aérea Brasileira), se tornou a primeira mulher a pilotar o maior avião de carga das forças armadas. Hoje, integrando o Esquadrão Gordo (Rio de Janeiro), ela está a comando do KC-390 Millennium.
Para quem não tem ideia sobre o assunto, o avião pilotado pela capitão Jeciane é definido como uma aeronave de transporte militar usado para ações táticas e logísticas, reabastecimento em voo e combate a incêndios florestais. Outro detalhe interessante é que esse avião é produzido aqui no Brasil, pela Embraer.
Comemorando o marco de se tornar a primeira mulher vinculada a esse avião, Jeciane ganhou um episódio todo seu no FabCast, o podcast da rádio Força Aérea. E, para se ter ideia das ações executadas pela militar, Jeciane tem voado pelo Brasil transportando mantimentos para o Rio Grande do Sul.
“É uma grande responsabilidade porque quando eu queria entrar na AFA, eu via as mulheres dentro da academia e me espelhava muito nelas. Pensava que se elas estavam ali, se elas conseguiram, eu também conseguiria”, explicou a capitã
Sobre sua trajetória, Jeciane detalhou que passou por diversas aeronaves desde 2012, quando começou sua trajetória na força aérea. Inicialmente, foram quatro anos de formação na academia e, após esse período, foi transferida para Natal.
"Eu tinha o costume de ir aos portões abertos da Base Aérea de Campo Grande e sempre via as apresentações da Esquadrilha da Fumaça e me encantava. Estudei no Colégio Militar de Campo Grande e lá existia um incentivo para os alunos que tinham a vontade de prestar o concurso da EsPCEX. Na minha época não era permitido o ingresso de mulheres. Meu pai é um entusiasta da aviação e tem bastante conhecimento sobre o assunto. A gente conversava sobre o assunto e uma coisa foi levando à outra. Pesquisei e descobri que a AFA aceitava mulheres no Quadro de Aviação e de Intendência, então comecei a me organizar para os estudos e para os requisitos do edital".
Ainda sobre esse período, a capitão detalha que foi necessário se adaptar porque era a primeira vez que estava fora de cada em um ambiente diferente e exigente.
"Para eles (os homens) também foi uma adaptação para conviver com mulheres, porque na EPCAR (Escola Preparatória de Cadetes do Ar), naquela época, não tinha militares do sexo feminino. Existiam algumas piadinhas sobre as mulheres aviadoras. Da mesma forma que tem com mulheres motoristas, mulheres na política, mulheres em cargos estratégicos, qualquer profissão que majoritariamente é masculino. A questão é não se importar tanto com elas a ponto de te congelar. Ou fazer você achar que não é capaz".
Após a academia, seguiu para o primeiro esquadrão de transporte aéreo, em Belém do Pará, permanecendo na cidade por três anos. Em seguida, sua casa foi, na verdade, um retorno já que foi transferida para Campo Grande.
Por aqui, Jeciane ficou por um ano e, depois, seguiu para o Rio de Janeiro, no esquadrão que segue até hoje. Especificamente sobre a atual aeronave, a capitão define que se sente vinculada a uma posição realmente de destaque.
“Sinto que eu, nessa posição, pilotando essa aeronave de grande visibilidade tanto para o Brasil quanto para o mundo, tenho uma responsabilidade de mostrar que é possível (pilotar a maior aeronave de carga da FAB) para as meninas que querem entrar para a força aérea e, talvez, até para aquelas que já estão na força aérea. É muito orgulho”.
Questionada sobre ter se imaginado nesse cenário, ela confessa que não pensava ser possível até por pensar em um passo de cada vez. De toda forma, além de seu próprio desempenho, a militar também detalha que o apoio da família sempre fez muita diferença.
Segundo a capitão, seu irmão também integra as forças brasileiras atuando como paraquedista e até missões os dois já fizeram juntos.
E, para as mulheres que sonham em seguir uma carreira militar, Jeciane garante que é possível, mas sempre entendendo que é necessário saber o que se quer. “Você tem que saber qual é seu sonho e ter certeza dele. [...] Depois disso, precisa pensar nos impasses e no caminho que precisa percorrer para atingi-lo e se você está disposta a fazer isso. Tendo isso claro, você consegue ter uma responsabilidade maior sobre o que vai fazer, o que vai abrir mão e enfrentar tudo isso dentro de si mesma, encontrando seu limite e o superando”.
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(*) Matéria atualizada às 7h de 24//05/2024 para acréscimo de informações.
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