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Comportamento

Com lixeira decorada, morador deixa de presente espumante e panetone para garis

Thailla Torres | 24/12/2016 07:10
Leandro fez uma surpresa aos colegas que trabalham no caminhão de lixo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Leandro fez uma surpresa aos colegas que trabalham no caminhão de lixo. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nos últimos dias, Leandro Vieira Nobre, de 28 anos, dedicou seu tempo a um gesto de carinho que impressionou. Ele ficou quase uma semana observando as horas, para saber em que momento o caminhão de lixo passava no bairro Jardim das Nações. Quando descobriu, ficou na espera, para fazer uma surpresa. Assim que os coletores apareceram, lá estava Leandro e a esposa Graziela, com a lixeira decorada e um presente especial.

A história é de uma simplicidade, mas que emociona pela intenção de carinho. Leandro diz que gostaria de poder ajudar de outra forma, mas fez o que foi possível para este ano. No lugar do lixo, forrou a estrutura com tecido vermelho e colocou  quatro espumantes com panetones, para dar de presente a cada trabalhador. "Foi de coração, mas foi o que consegui dar. Eles merecem, porque sem eles, o que seria do nosso bairro?", questiona.

De um jeito simples, Leandro decorou a lixeira e colocou os presentes. (Foto: Arquivo Pessoal)
De um jeito simples, Leandro decorou a lixeira e colocou os presentes. (Foto: Arquivo Pessoal)

A ideia foi inspirada no costume, que segundo ele, veio da família em São Paulo, com forma de de agradecimento pelo esforço do trabalhadores durante o ano. "Eu e minha esposa somos paulistas. Lá, gostamos de presentear os garis, que trabalham dia e noite, e ainda tem toda simpatia do mundo", comenta.

No Jardim das Nações, eles recolhem o lixo três vezes na semana e Leandro sempre reparou na alegria deles, apesar do ofício que é uma dureza. "São pessoas muito humildes e de bom coração. Sempre quando estou tomando tereré na frente de casa, eu levo água para eles, porque esse sol de Campo Grande é triste e meu coração dói quando vejo eles nesse calor", diz.

Todo simpático, Leandro diz que aprendeu muito com as diferenças que encontrou em Campo Grande. Para ele, falta empatia e um olhar mais humano ao próximo. "Em São Paulo é diferente daqui. Lá as pessoas costumam ajudar mais. Aqui se você tiver com um carro quebrado na rua, ninguém repara ou fica para te ajudar", lamenta.

Mas nem por isso ele deixa de fazer sua parte. "Acredito que a gente tem como mudar o dia das pessoas de alguma maneira. E as vezes nem precisa de muito, basta vontade. Pode ser com presente, mas também com sorriso e um abraço", ensina. 

O motorista José (de cinza), diz que ele e os amigos ficaram emocionados. (Foto:
O motorista José (de cinza), diz que ele e os amigos ficaram emocionados. (Foto:

Motorista da concessionária de coleta de lixo na cidade, José Carlos Leite, de 57 anos, revela que não conteve a emoção assim que viu a surpresa. "A gente não esperava. Ele foi muito querido com a gente e fico até meio emocionado de lembrar", comenta.

O motorista descreve a gratidão em ter o trabalho reconhecido. "A gente trabalha mesmo, levanta cedo e faz o serviço do jeito certo. Nem sempre as pessoas olham pra gente desse jeito, quando isso acontece, é muito bom", diz. 

Ele conta que os colegas também ficaram felizes e que, o gesto simples, mudou o dia deles. "É gratificante, recebemos um feliz Natal e seguimos com a nossa jornada. A gente deseja o melhor para ele, mas que no próximo ano, as pessoas também olhem com mais carinho para todo mundo. E não estou falando de presente, mas de respeito e carinho, de quem lembra da gente", torce. 

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