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Comportamento

Com plantas em todo canto, passarinhada rola até no quintal

Bióloga e ornitóloga, Maiara Vissoto criou mini guia para mostrar quais plantas e árvores nativas atraem aves

Por Aletheya Alves | 26/03/2024 07:06
Simone Mamede e Maiara durante observação de pássaros. (Foto: Maristela Benites)
Simone Mamede e Maiara durante observação de pássaros. (Foto: Maristela Benites)

O gosto pela natureza levou a bióloga Maiara Vissoto a se aproximar da observação de aves e, quando fez sua graduação, não imaginava que anos depois produziria um guia para mostrar que árvores frutíferas e plantas nativas podem trazer cantos variados para praças, jardins e parques. Esse é mais um modo de repensar o contato com a natureza no meio da cidade, já que enquanto as famílias tomam tereré ou conversam nas calçadas de casa, a passarinhada pode ser no quintal.

No último sábado (23), um grupo com cerca de 50 pessoas fizeram uma passarinhada com o mini guia de Maiara em mãos no Bosque da Paz, espaço verde que é o "quintal" dos moradores do Carandá Bosque. Novos eventos para a divulgação serão realizados, mas em breve o texto poderá ser acessado online.

Antes mesmo de pensar sobre a profissão, Maiara explica que estar em contato com a natureza é algo que traz leveza. Com isso em mente, tanto seu trabalho quanto a observação de pássaros fazem com que ela se aproxime disso.

Mas, para chegar ao cenário atual, a ornitóloga relata que foi no final da graduação de Biologia que o interesse por aves cresceu graças às disciplinas de ecologia e zoologia. “Depois do meu Trabalho de Conclusão de Curso fui me especializando em aves frugívoras, que agrupa as aves que consomem frutos e podem contribuir na regeneração de áreas naturais”.

Cristiane, uma das participantes da passarinhada, com o mini guia. (Foto: Noêmia Camy de Araújo Bittencourt)
Cristiane, uma das participantes da passarinhada, com o mini guia. (Foto: Noêmia Camy de Araújo Bittencourt)
Mini guia conta com imagem e descrição relacionada às aves. (Foto: Arquivo pessoal)
Mini guia conta com imagem e descrição relacionada às aves. (Foto: Arquivo pessoal)

Depois de já formada, a bióloga começou a fazer passarinhadas sozinha e também em grupo, muitas vezes em fragmentos de mata nas florestas de araucária e em campo aberto nos pampas. “Nesse meio tempo fui conhecendo pessoas incríveis e mantenho contato até hoje”, diz.

Especificamente sobre o mini guia, a ideia veio a partir de seu doutorado, ao escrever um capítulo para livro que foi aceito e será publicado pela editora Springer (especializada em publicações de artigos e livros no meio científico).

“O mini guia vem com a ideia de pessoas que gostam de observar aves em seus jardins e isso pode ser possível quando cultivamos recursos alimentares e, melhor ainda, quando são nativos, quando eles têm a cara do Cerrado”, introduz Maiara.

Nele, para cada espécie de planta nativa há a descrição de aves que foram vistas consumindo os frutos. “Nós colocamos algumas informações também sobre a planta, por exemplo, o período de frutificação, assim se você cultivar uma diversidade de plantas que frutificam no verão e outras no inverno, tem mais garantia de receber visitas por pássaros ao longo do ano”.

Ainda sobre o assunto, a ideia é mostrar o tamanho dos frutos e qual altura a planta pode atingir para que a pessoa saiba qual espécie seria mais adequada para cultivar e em qual espaço do jardim.

Capa da versão impressa do mini guia de plantas nativas atrativas para avifauna. (Foto: Arquivo pessoal)
Capa da versão impressa do mini guia de plantas nativas atrativas para avifauna. (Foto: Arquivo pessoal)

No texto citado por ela sobre o capítulo de livro, Maiara fala sobre as interações entre frutos e animais frugívoros em áreas urbanas de regiões tropicais. “Li muitos artigos para escrever esse capítulo e alguns me trouxeram informações bem interessantes sobre iniciativas de jardinagem para mimetizar áreas naturais. O termo em inglês é ‘ecomimicry’, e é uma iniciativa que traz essa ideia de conservar a complexidade da vegetação de áreas naturais e plantas nativas para dentro da cidade, para dentro dos jardins, nas praças e parques”.

Exemplificando, a ornitóloga defende que a proximidade dessas aves em um espaço amigável na cidade traria inúmeros benefícios.

“Então para moradores que gostam de chegar do trabalho, tomar um tereré, ou só descansar e contemplar o jardim, como seria incrível ter esse espaço sendo amigável para receber visitas de aves frugívoras e poder observá-las, elas costumam apresentar cores lindas, tem melodias bonitas nos seus cantos”, descreve.

Durante o doutorado, um dos projetos foi apoiado pela The Rufford Foundation, que financia projetos de conservação em países em desenvolvimento. O apoio de custo foi direcionado durante o trabalho de campo e a coleta de dados, permitindo que o mini guia se tornasse realidade.

Para acompanhar as próximas divulgações, a dica é ficar de olho no perfil do Instagram @vempassarinharms.

Débora Yogui, e o seu filho Martim Yogui de Oliveira. (Foto: Miguel Angel S. Aguilar)
Débora Yogui, e o seu filho Martim Yogui de Oliveira. (Foto: Miguel Angel S. Aguilar)

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