De posto em posto, brega e clássicos tocam fundo no coração dos viajantes
Viajar no brega pode ser bem mais do que uma figura de expressão. De posto em posto de beira de estrada, um diverso e divertido cardápio musical aguarda quem passa pela BR-262, entre Campo Grande e Corumbá.
Nos locais de venda, a máxima é de enquanto houver "corno e zona", a clientela é certa.
Há sete anos responsável pela venda de CDs no restaurante Zero Hora, Marta da Silva revela o repertório que toca o coração dos viajantes.
O mais disputado é de uma artista daqui mesmo, de Mato Grosso do Sul. “O da Helena Meirelles vende tudo e sempre tem gente procurando”, conta.
Roberto Carlos faz jus ao título de Rei. Os últimos dez CDs que chegaram nem pegaram poeira. “Uma mesma pessoa comprou cinco”, afirma a vendedora.
Nas paradas de sucesso da estrada, mais artistas fazem bonito: Amado Batista, Liu e Léu, Milionário e José Rico, Lourenço e Lourival. Quanto mais antigo, mais valorizado.
Marta conta que já tentaram implantar sutis mudanças no repertório. Mas os sucessos do sertanejo universitário não caíram no gosto dos clientes. A faixa etária dos compradores é ampla: vai dos 35 aos 60 anos.
Na lanchonete Redondo, passado e presente se encontram. Cristiano Araújo, dono do difícil refrão “bara bara bará bere bere berê”, divide espaço com Nenete e Dorinho.
A dupla sertaneja foi formada em 1954 e gravou o primeiro disco quatro anos depois. Nas canções, histórias pungentes de amores frustrados, honra que se lava com sangue e saudades.
“Os antigos são os que vendem mais. Aqueles mais antigos mesmo”, frisa o gerente Miguel Medina da Silva. Na estrada, os preços variam de R$ 14,99 a R$ 24,99, mas a companhia segue por muitos quilômetros.