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Comportamento

Enquanto a maioria foge dos candidatos, surdos cobram legenda até em entrevistas

Thailla Torres | 24/09/2016 07:05
Adriano pede por legendas ou intérpretes em entrevistas e debates (Foto: Arquivo Pessoal)
Adriano pede por legendas ou intérpretes em entrevistas e debates (Foto: Arquivo Pessoal)

Sabe aquela história de que é melhor ser surdo do que ouvir determinadas coisas? Não vale nada para Adriano Oliveira Gianotto. Deficiente auditivo, ele luta pelo direito de acesso ao que muita gente não dá a menor importância nestes dias de eleições. Quer entender o que os candidatos andam falando por aí, principalmente, em entrevistas de TV, para assim votar direito no dia 2 de outubro.

Adriano parece ligado em tudo o que diz respeito às eleições e é radical nesse quesito. Cobra legendas e tradução na língua de sinais em tudo, para acabar com qualquer barreira que atrapalhe a democracia.

Nos debates e maioria das propagandas, até agora a lei tem sido respeitada, mas nas entrevistas especiais, feitas pelas emissoras de TV com os concorrentes a prefeito, isso não foi levado em consideração.

Adriano é especialista no assunto. Professor de Libras e mestre em desenvolvimento local, é um militante pela acessibilidade. “Fico triste com a TV, é uma falta de respeito com a comunidade surda. Sou surdo e a favor da quebra de barreiras”, explica.

A reclamação até surpreendente, já que a maioria quer mesmo é se livrar de tanta promessa de campanha, para Adriano é questão de direito. "Eles colocam resposta (do candidato) sem intérprete e legenda, é como se os surdos não tivesse o direito de votar. Também somos cidadãos”, justifica.

Outro professor, Carlos Magno Leonel, de 33 anos, divide a mesma dificuldade. “ Sinto falta janela interprete de Libras, sim, preciso saber em quem votar. Também pago os meus impostos, sou um cidadão e cadê o meu direito?”, questiona o eleitor, que faz uso de redes sociais como o Facebook e conta com o auxílio de amigos para acompanhar os candidatos na televisão.

O protesto já foi parar nas redes sociais e no Ministério Público Estadual. "Registramos denúncias no MPE", reforça Adriano. 

Conforme o presidente da Comissão Especial de Acompanhamento Eleitoral da OAB/MS, Carlos Roberto Nascimento Junior, tanto a Lei das Eleições, como a Resolução, não normatizaram a situação de "entrevistas de candidatos". "Todavia, é totalmente republicano e democrático que as emissoras procurem transmitir a informação para todos os cidadãos, pois cada cidadão tem seu voto e é de grande importância que o eleitor possuas as informações necessárias para realizar a escolha de seu candidato", afirma. 

De acordo com o juiz da 36ª Zona Eleitoral, David de Oliveira Gomes Filho, até agora foi registrada uma reclamação para a aplicação da lei em entrevistas de uma determinada emissora de televisão na capital. “De fato, tem que ter algum recurso, já encaminhei para que a emissora providencie”, finaliza.

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