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Comportamento

Há 40 anos, Luiza viu pai transformar terra com mandioca em bairro

Ela conta que, na época, lotes eram trocados até por toca-discos e demorou para bairro ser regularizado

Aletheya Alves | 06/04/2023 07:56
Luiza conta que o pai, Osmar Pereira da Silva, foi o primeiro morador do bairro. (Foto: Paulo Francis)
Luiza conta que o pai, Osmar Pereira da Silva, foi o primeiro morador do bairro. (Foto: Paulo Francis)

Quando Osmar Pereira da Silva chegou na região entre a Avenida Presidente Ernesto Geisel e das Bandeiras, ninguém imaginava que o espaço se tornaria bairro até porque o feirante começou tudo plantando mandioca. Filha de Osmar, Luiza Pereira de Souza conta que a terra de plantação foi sendo transformada em lotes que eram trocados até por toca-discos.

Hoje, o loteamento ainda não aparece com o nome certo no mapa e “Nova Esperança” acaba sendo conhecido por quem já mora ou convive por ali. Apesar de ter sido regularizado, Luiza conta que o sonho é ver a área valorizada.

Mais do que um simples bairro, a moradora conta que cada pedaço de terra faz parte da sua história. Tanto é que chegou a sair da região, mas a “terrinha” a chamou de volta.

Apesar de ter mais de 40 anos, região ainda não aparece corretamente no mapa. (Foto: Arquivo/Prefeitura de Campo Grande)
Apesar de ter mais de 40 anos, região ainda não aparece corretamente no mapa. (Foto: Arquivo/Prefeitura de Campo Grande)
Moradora conta que até saiu da região, mas acabou voltando para a "terrinha". (Foto: Paulo Francis)
Moradora conta que até saiu da região, mas acabou voltando para a "terrinha". (Foto: Paulo Francis)

“Meu pai era feirante, mas não morava em Campo Grande. Era de Nova Andradina e usava aqui para plantar e vender o alimento depois. Mas com minha mãe, resolveu começar a vida nova aqui e é engraçado porque trouxe até outros moradores”, explica.

Na época, cada um foi se ajeitando do jeito que conseguia e apenas uma casa recebeu energia elétrica. “Você pensa que os lotes eram comprados com objetos mesmo, uma vizinha comprou com um toca-discos e assim vai indo. Todo mundo tinha esperança”.

Conforme o tempo passou, Luiza detalha que o espaço foi se tornando bairro e o espaço de plantação foi dando lugar para novas casas. Nesse período, até mesmo associação de moradores o grupo conseguiu criar.

Um pouco da evolução do bairro Nova Esperança através de registros dos moradores. (Foto: Paulo Francis)
Um pouco da evolução do bairro Nova Esperança através de registros dos moradores. (Foto: Paulo Francis)

Mas, hoje, um dos desejos é fazer com que o bairro continue caminhando e receba melhorias para fazer a memória do pai valer. “A gente tem uma rua aqui que se chama Marielle Franco, mas é igual ao bairro, não aparece no mapa. Eu fiz minha vida aqui, meu pai a mesma coisa, minha mãe também, a gente sonha em ser um lugar melhor”.

E enquanto o pleno desenvolvimento não chega, a moradora conta que fica com as histórias que parecem brincadeira. “Você consegue imaginar isso? Era tão diferente, mas a gente se divertia de verdade”, relata.

Atualmente, o bairro conta com duas quadras esportivas que foram inseridas em espaços que era usados para tratamento de água, segundo a moradora. Ali, a ideia é que projetos sejam realizados e que a história começada por Osmar não pare.

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