Na ‘arrancada’, Michele e Walquíria deixam muito marmanjo para trás

Nas pistas de corrida, Michele Cunha, de 24 anos, e Walquíria Fernandes, de 33 anos, são rostos conhecidos entre competidores de todo o País. Em 2017, elas descobriram a emoção das ‘arrancadas’ e desde então participam de campeonatos como as ‘Meninas Racing’.

Quem vê Michele à frente de uma padaria no Bairro Carandá Bosque e Walquíria na coordenação de uma escola na Mata do Jacinto não imagina que o hobby delas são as disputas nacionais. O hobby, que virou paixão, rendeu troféus para ambas competidoras da categoria DTALight (Dianteira Turbo-A Light).

Ao Lado B, as empresárias contam como descobriram o esporte e se tornaram experts em carros, campeonatos e muito mais. Elas tiveram contato com as corridas através da família dos respectivos companheiros, que são irmãos. Walquíria é casada com Ruldiney Junior e Michele é noiva do Patrick Fernandes.

“A gente da família acompanhava meu sogro nas corridas porque ele corria antigamente, foi campeão duas vezes aqui no Estado. Somos uma família que sempre onde um está, todo mundo está. Então sempre íamos nos eventos e a gente gosta do esporte”, conta Walquíria.

Os irmãos começaram a correr e em uma dessas ocasiões ela quis tentar dar a ‘arrancada’. De primeira, Walquíria conseguiu fazer um tempo menor que o do marido, o que levou o pessoal quase à loucura. Incentivada pelo esposo e o sogro, ela entrou nos campeonatos e levou Michele junto.

No começo, as empresárias dividiam o mesmo carro, o Gol quadrado que foi o companheiro nas primeiras provas realizadas em Mato Grosso do Sul. Após 1 ano, a curiosidade de Michele pelas disputas fora do Estado fez com que elas trocassem de equipe e cenário para as competições.

“Com isso, hoje, todos os nossos carros ficam em Campinas e a gente vai para São Paulo competir. Os carros ficam com o nosso preparador Carlos Eduardo e hoje a gente compete em campeonatos federados. São em média 150 carros na Spid Dragway que fica em Itatiba”, explica Michele.

Dos 150 competidores, além das ‘Meninas Racing’, outras duas mulheres participam da Spid Dragway. Na categoria DTALight, entre os 25 competidores, elas são as únicas participantes femininas.

Na pista, Walquíria relata que as duas não demoraram para se destacar e conquistar patrocinadores. “Nessa área de arrancada é muito diferente uma menina ‘dar pau’ em um menino. A gente correu desde o início super bem. Todas as pessoas que procuramos no começo estão com a gente”, afirma.

Dando mais detalhes sobre a arrancada, ela pontua que cada atitude tem que ser tomada no tempo correto e com perfeição. “No carro você precisa de concentração em várias coisas. Na hora que você vai arrancar tem que alinhar bem, soltar ao mesmo tempo que vai arrancar. São várias coisinhas para você conseguir fazer uma boa arrancada. As trocas de marcha tem que fazer certinho no horário e em tudo isso você vai ganhando tempo”, frisa.

Meninas Racing - Através dos patrocinadores, as competidoras conseguiram montar os carros ‘do zero’. Por isso, as concunhadas não precisar mais dividir o mesmo Gol quadrado e hoje cada uma participa com o próprio veículo. No Instagram, elas dão detalhes sobre os carros, peças, marcas e como tudo contribui para o melhor desempenho nas competições.

Michele fala que esse é um dos principais materiais produzidos pela marca. “A gente criou as Meninas Racing e no nosso Instagram damos dicas de arrancada, peças, tem vídeos que bombaram. São conteúdos de valor”, destaca. O trabalho nas redes sociais é mais um diferencial das duas, que conquistaram até o momento 43.5 mil seguidores.

Além de serem conhecidas no Instagram, a fama das meninas repercute e muito nas pistas. Nas arrancadas dizer que elas são rápidas seria eufemismo. Um exemplo disso é a marca de Michele, que em cinco segundos chegou a 228km por hora na pista de 201 metros.

Durante os treinamentos é difícil achar competidor que nunca 'tomou pau' (ficou para trás) delas. Michele diz que na pista acontece muita brincadeira entre a turma. “Em treino alinhou a Walquíria e um cara, o cara sabe que vai tomar pau, ele não quer ir junto. Tem muito aquela zoeira interna entre amigos, mas não da nossa parte. A gente é muito tranquila, mas os caras tem isso de ‘perder para uma menina’", conta.

Quando não estão trabalhando em Campo Grande, elas viajam para participar das provas. As disputas não passam de três dias, porém é nesse curto período de tempo que as empresárias dão o melhor na pista até chegarem ao pódio.

Quem quiser acompanhar, o perfil é @meninasracing

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