Nada de rixa com sogra, dona Helena é o amor da nora aos 92 anos
Dividindo o mesmo nome com a sogra, Helena Pedroso compartilha rotina com Alzheimer nas redes sociais
Seja em fotografias, vídeos ou na própria fala, Helena Pedroso demonstra que entre ela e a sogra, que também se chama Helena, não há espaço para rixas há muito tempo. Ali, o amor, paciência e persistência são o que resiste. Ao lado da idosa de 92 anos, diagnosticada com Alzheimer, a nora se esforça para mostrar em suas redes sociais o cotidiano na presença da doença e como cada momento é digno de atenção e reflexão.
"Eu amo ela demais. Nossa história começou em 1987, quando conheci o filho dela e meu marido, João. A vida passou e a gente se aproximou muito e quando o Alzheimer chegou, a gente precisou repensar como seria", diz Helena.
Quem acessa o TikTok ou Instagram de Helena encontra pequenos momentos que exemplificam como a rotina da sogra e da nora é complexa. Desde situações felizes até falas angustiantes, tudo integra a história que precisou ser reformulada há oito anos quando o diagnóstico começou a se aproximar.
Sem querer esconder as dificuldades ou ressaltar os pontos leves, a nora faz questão de dizer que não tem vergonha da doença, da sogra e que um dos esforços é para seguir vendo dona Helena por ela mesma. É claro que as sequelas implantadas pelo Alzheimer agora integram a idosa, mas o intuito é que ela possa continuar experienciando a vida ao máximo.
E como fazer isso? A nora narra que aceitar, entender o diagnóstico e insistir na saúde é o caminho que tem sido escolhido.
“No início, quando ela começou a esquecer de quem as casas eram, quem eram as pessoas, foi difícil. É algo que você não quer acreditar, mas conforme vai se agravando, você entende que é uma doença e que precisa de ajuda”, diz Helena.
A nora explica que ainda hoje muita gente acredita que, conforme a idade vai chegando, é “normal” que os idosos percam o sentido nas atitudes, falas e pensamentos. E é essa lógica que complica ainda mais entender que essa “confusão” pode ser o indício de uma doença como o Alzheimer.
Voltando para o caso de dona Helena, quando a família percebeu que os esquecimentos não eram brincadeira ou algo natural, chegou o momento de procurar um médico. Hoje, a idosa faz tratamento período com dois remédios para a doença e um terceiro para tratar a depressão que também chegou.
“Foi devastador porque além do esquecimento, ela tinha atitudes como tirar os óculos, amarrava em um pedaço de roupa e ninguém achava. Ela foi parando de se lembrar do marido, dos filhos, de mim. Só restou na memória dela os pais e os irmãos, uma memória mais antiga”, explica.
Ao ver o cenário que se tornaria parte da rotina familiar, Helena, que cuida da sogra três vezes na semana, decidiu começar a estudar para entender a doença e refletir sobre o que poderia fazer. Mais do que pensar na idosa, também foi necessário olhar para si mesma e para sua saúde.
“Quando ela fala algo que pode ser bem fictício e que não é prejudicial, eu entro na história. Quando ela reclama muito, eu mudo o foco, faço coisas bonitas. É preciso ter empatia, me pergunto como eu gostaria de ser tratada e, ao mesmo tempo, a gente também não pode focar tanto na tristeza porque você também começa a ficar mal”, relata a nora.
Por falta de conhecimento logo no início, a família acabou se cuidando e se adaptando para conseguir acompanhar dona Helena. Hoje, as escolhas, a forma de agir e a atenção com a saúde mental já recebem mais atenção.
Completando o pensamento, ela pontua que todos os dias são de aprendizados para garantir que o amor vai ser praticado. “Acredito que todo dia é o momento da gente se reconciliar, se valorizar e entender que o amor é importante. Não é fácil, mas a gente precisa continuar tentando”.
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