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Comportamento

Nem ameaça com facada fez Delba desistir de fazer casa ser lar

Paranaense conta que viu bairro mudar muito e trouxe as memórias da cidade pequena para persistir

Aletheya Alves | 12/05/2023 07:00
Delba transformou casa "crua" em lar repleto de plantas e coragem. (Foto: Aletheya Alves)
Delba transformou casa "crua" em lar repleto de plantas e coragem. (Foto: Aletheya Alves)

Logo que chegou ao bairro Campo Nobre, Delba Conrado conta que precisava ir ao ponto de ônibus acompanhada de um segurança particular contratado por ela e pelos vizinhos. E, em um dia de desaviso, chegou a ter o pescoço cortado na rua, mas nunca desistiu de fazer a casa se tornar o sonhado lar colorido e repleto de plantas.

“Aqui não tinha asfalto por perto, nem luz direito, tinha só as casas bem cruas. E era perigoso mesmo, a gente saía de madrugada para trabalhar com o guardinha do lado”, relembra Delba.

Tendo motivo para o medo, a moradora conta que as ruas mais escuras do que o normal antes das 4 horas da manhã garantiram uma das memórias difíceis de abandonar. “Eu estava indo para o serviço, sozinha, e fiquei no ponto de ônibus. De repente, um homem me pegou pelo pescoço e passou o facão em mim”, diz.

Sabendo se defender, a moradora explica que conseguiu se soltar do desconhecido e sair correndo, mas já com o pescoço cortado. “Uma vizinha me viu e ficou assustada, acho que se não tivesse sido rápida, ele tinha me matado”.

Cores e verde já começam do lado de fora do lar, se espalhando para dentro. (Foto: Aletheya Alves)
Cores e verde já começam do lado de fora do lar, se espalhando para dentro. (Foto: Aletheya Alves)
Cada detalhe foi pensado e colocado em prática pela moradora com o decorrer do tempo. (Foto: Aletheya Alves)
Cada detalhe foi pensado e colocado em prática pela moradora com o decorrer do tempo. (Foto: Aletheya Alves)

Na época, sem muita escolha, o jeito foi continuar tentando a vida, mas hoje Delba detalha que não se arrepende de ter permanecido. Depois de ter passado por tanto, a comemoração é por conseguir passar o tempo cuidando do jardim, ao invés de se preocupar com a sobrevivência.

Deixando o medo para trás, a diarista se orgulha de ter conseguido conquistar uma das casas mais coloridas do bairro. Se destacando entre as construções próximas, ela narra que o carinho veio das memórias no Interior.

“Eu sempre falo que quem sai do Interior acaba trazendo ele junto. Acho que por isso a gente tem planta que não acaba”, brinca Delba sobre o jardim que começa do lado de fora. Tendo conseguido transformar a “casa crua” que recebeu no fim de 1990 em lar, ela comenta que tudo foi na base da luta.

Cada planta cuidada diariamente e tinta passada pelas paredes, os detalhes não vieram de jeito fácil. “Até hoje eu acordo 3h para me arrumar e ir trabalhar, mas muita coisa melhorou desde quando cheguei. Só hoje já fiz três diárias, mas consigo ter tempo para vir e cuidar do meu quintal, dar água para as plantas, colocar adubo”.

Criada no Paraná, ela explica que aprendeu de tudo um pouco com a mãe e, graças a esses ensinamentos, é que diz ter continuado a lutar. “Minha mãe sempre fez de tudo, sabia mexer com planta, cuidar da saúde com coisa natural. Sabia arrumar roupa e ensinou para a gente. Então, eu falo isso, a gente tem que saber se virar mesmo”.

E, sem saudade das memórias antigas ou arrependimentos pela mudança, ela completa que a vida não foi fácil, mas que o lar e ter construído uma família faz a batalha valer a pena.

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