No 1º sábado após 5º dia útil, Centro lota e descuido contra covid só aumenta
Além da redução do isolamento, ida rápida ao Centro mostra várias desatenções que podem custar caro
Máscaras no queixo, no bolso, em qualquer lugar, menos no rosto. A cena que a 'nova etiqueta' de proteção à covid-19 passou a exigir de todos até alguns meses era rara, mas de uns tempos para cá se tornou comum nos passeios públicos do Centro de Campo Grande. Será que estamos relaxando e abrindo mão da biossegurança?
A reportagem do Campo Grande News foi ao principal ponto comercial da cidade, a rua 14 de Julho, e conversou com algumas pessoas que ali passavam. Enquanto isso, foram vários os registros de gente fazendo o uso incorreto da máscara - e pela quantidade de gente vista na rua, o isolamento já foi para as 'cucuias' há um bom tempo.
Sentada em um banco na revitalizada rua comercial do Centro, encontramos Katia Gamarra, de 26 anos. Ela veio do distrito de Cachoeira do Campo, em Rochedo, para fazer compras e pagar contas no Centro de Campo Grande.
"Percebi que o Centro está bastante cheio hoje", afirma nesse dia 6 de março, o primeiro após o quinto dia útil do mês - o aclamado dia de pagamento. Ali mesmo, ela foi questionada sobre os cuidados das pessoas nessa pandemia, e de cara já fez seu 'mea culpa' e justificou-se por estar sem a máscara.
"Para começar, eu mesmo estou errada", admite, com a máscara sob o colo. Contudo, ela garante que a usou antes, enquanto caminhava em meio aos outros que visitaram o Centro hoje."Só tirei agora, por que sentei e estou sozinha".
Medo de se contaminar com o novo coronavírus, claro, ela tem, e assim como admite que os cuidados hoje ficaram aquém, ela percebe que isso vem acontecendo com mais pessoas. "Sinto que as pessoas de um modo geral estão mais confiantes por causa da vacina, mesmo que elas estejam longe de se imunizar ainda".
A percepção da jovem Katia é semelhante a da mais experiente Maria Aparecida Carvalho, dona de casa de 45 anos que não se descuidou, permanecendo com a máscara e carregando até um fraco de álcool em gel. "Eu só vim por que precisei de comprar uma máquina de lavar. Foi um caso de necessidade mesmo, pois evito sair de casa".
Maria Aparecida diz que sua rotina fora de casa nos últimos meses tem sido apenas idas ao posto de saúde e mercados. "Não tenho ido nem à igreja mais", frisa, opinando em seguida; "As pessoas estão mais displicentes. Muita gente não está se cuidando".
Na mesma rua das demais entrevistadas, a reportagem parou e conversou com o professor Paulo Eduardo, de 35 anos. Usando uma máscara N95 - de maior proteção que as demais - ele garante que só veio ao Centro comprar um sapato, já que continua seguindo à risca as recomendações de outrora, como a isolamento.
"Não dá para brincar. Só saio em caso de necessidade e se estivermos protegidos. Em agosto eu tive covid, mas só descobri depois por que uma pessoa próxima teve sintomas e fui fazer o exame, que deu positivo. Infelizmente nem todo mundo está se cuidando e a gente vê muita gente sem máscara ou usando errado", diz Paulo.
Máscara - Não há lei ou texto equivalente atualmente que defina um distanciamento mínimo entre as pessoas nas calçadas, nem que torne obrigatório o uso de máscaras nas ruas e o porte de álcool em gel - a validade é apenas para os comércios.
Contudo, o uso de tais itens é recomendado por especialistas em saúde, devido a atual situação pandêmica e a facilidade de propagação do vírus, aumentada recentemente com a nova variante em circulação no país.
Com a biossegurança em alta e se tornando parte do dia a dia, também foi criada uma espécie de bioetiqueta, com convenções de comportamento baseadas em formas de evitar o contágio, mesmo em ambientes abertos e de menor probabilidade.