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Comportamento

No bingo da exclusão, Chrys é a preta, lésbica e macumbeira

Ela já foi demitida por conta da orientação sexual e religião, mas não desiste de lutar por toda comunidade

Jéssica Fernandes | 27/07/2023 08:11
Chrystianna Batista levou bandeira LGBTQIAPN+ para a colação de grau. (Foto: Arquivo pessoal)
Chrystianna Batista levou bandeira LGBTQIAPN+ para a colação de grau. (Foto: Arquivo pessoal)

“Eu brinco que no bingo das exclusões eu binguei: mulher, preta, sapatão, periférica e gorda. O bingo das exclusões ele realmente existe e os olhares são direcionados sim”, afirma Chrystianna Batista, de 32 anos.

Formada em Pedagogia, a professora trabalha na área de educação especial. Neste ano, na colação de grau do curso, ela foi buscar o diploma segurando a bandeira que representa a comunidade LGBTQIAPN+. O momento foi registrado na imagem que Chrystianna compartilhou com o Lado B.  “Os olhares que me foram atraídos e direcionados são aqueles que você pode ver na foto”, comenta. Mas, os olhares não tiraram a importância e o significado do momento para a professora que mostrou onde conseguir chegar.

“A relevância de ter entrado com a bandeira do movimento foi justamente por conta da representatividade. As pessoas precisam ver que nós conseguimos chegar aonde nós buscamos estar. É importante que a nossa comunidade veja que podemos ocupar qualquer espaço e temos representatividade em qualquer espaço, basta buscarmos”, destaca.

Natural de Campo Grande, ela é filha de uma professora e um mestre de obras. Atuando há 15 anos na área da educação, Chrystianna escolheu a profissão que é de família e que antes baseava as brincadeiras com os irmãos no Bairro Nova Lima. “Minha brincadeira preferida era brincar de professora, então, nós tivemos uma infância muito boa aqui em Campo Grande”, explica.

Ao falar sobre o bingo das exclusões, Chrystianna também coloca na lista a parte ‘macumbeira’. Além do racismo, homofobia e gordofobia, a professora também sente o peso da intolerância religiosa. A palavra que, muitas vezes, é usada como forma de ataque surte efeito contrário quando direcionada a ela.

Nos 32 anos de trajetória, a professora expõe algumas das situações que viveu. “As pessoas acham que me chamarem de macumbeira é ofensa e não é. Eu já fui mandada embora de um serviço por ser umbandista, assim como já fui mandada embora por ser lésbica. Então, as coisas acontecem e ninguém consegue enxergar além de nós mesmos que estamos sofrendo”, pontua.

Dentro da própria comunidade, a professora fala sobre a falta de protagonismo da mulher lésbica. “A invisibilidade da mulher existe, mas a invisibilidade da mulher lésbica é latente inclusive dentro do próprio movimento. Dentro da comunidade LGBT você não vai achar uma mulher lésbica nos cargos de diretoria, porque os homens, sejam eles gays, as mulheres travestis e transexuais estão nesse movimento de protagonismo”, explica.

Já dentro de casa, não falta espaço para o acolhimento e carinho que Chrystianna e a esposa recebem. “Meu pai, inclusive, chama ela de filhinha. Graças a Deus, todos se dão muito bem com minha esposa. Então, é uma família que me aceita, que aceita ela, na qual nós temos uma relação de respeito mútuo e muito amor”, pontua.

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