O ano será o mais “casamenteiro” de todos, só não se sabe quando
Igrejas continuam com a agenda lotada, mas noivas andam transferindo a data cada vez mais pra frente à espera da vacina
Que o ano de 2021 será o mais "casamenteiro" de todos, isso não há mais dúvida. Em outubro do ano passado, com a liberação das festas e celebrações matrimoniais limitadas a 80 convidados dependendo do lugar escolhido, nem rezando os noivos achavam data para casar no novo ano que já chegou.
Porém, por mais que 2021 ainda tenha muito casório para acontecer, não se sabe ainda quando eles vão de começar. E o motivo é fácil de entender: cada vez mais, as datas vêm sido transferidas mais pra frente, geralmente a partir do segundo semestre. É a esperança de que a vacinação para o novo coronavírus tá logo aí, pertinho, e os planos da união a dois continuem de pé.
É o caso de Carolina Hernandes, 27 anos. Conheceu o companheiro Bruno Guimarães, de 33, em meados de 2013 por um aplicativo de relacionamento na internet. "Todo mundo zoa a gente por esse fato, mas dane-se! Encontrei o amor da minha vida e não importa onde tenha sido", opina com o coração tranquilo. Os dois noivaram em setembro de 2019 e marcaram a data do casamento para pouco mais de 1 ano depois, outubro de 2020. Com a pandemia, veio o primeiro adiamento.
"Evitamos ao máximo adiar. Em março do ano passado, pensávamos que a pandemia teria fim em apenas 6 meses, já até havíamos solicitado a impressão dos convites e feito os presentes para os padrinhos. Porém, vimos que realmente o covid não iria embora tão cedo e remarcamos para julho de 2021", afirma.
Antes disso acontecer, foi o maior "parto" combinar todas as agendas dos fornecedores. "Uma verdadeira loucura, porque as datas não batiam. Tentei 4 ou 5 datas diferentes, que pra um era possível já para o outro não. Uma confusão", relembra.
Casar de véu e grinalda e ter a família por perto sempre foi o sonho de Carolina, principalmente ver seu filho Luiz Eduardo entrando com as alianças – para ela será o momento mais especial de todos. Porém, ainda corre o risco disso ainda ser posposto.
"Caso não saia a vacina antes do casamento, vamos adiar de novo sem problemas. O mais importante é todo mundo que a gente ama participando junto e com saúde. Não é nem pela quantidade de convidados, mas porque não faz sentido aglomerar por aglomerar, colocando todos em risco. A vozinha do Bruno, por exemplo, que inclusive mora com a gente, tem 92 anos e é cardíaca", comenta.
Sem novas datas – As duas "queridinhas" dos campo-grandenses, tanto o Santuário Estadual Nossa Senhora Perpétuo Socorro quanto a Paróquia São José já não possuem mais disponibilidades de datas. Algumas sextas-feiras do ano até que sim, mas os sábados já estão fechadíssimos.
Para a Paróquia de Santo Antônio, entretanto, a agenda ainda não está lotada. "Por conta da pandemia, nunca se sabe o protocolo da vez. Percebo que isso está inibindo as pessoas, tem pesado muito. Os noivos foram adiando e adiando até estarem mais seguros", comenta Maria do Carmo Nogueira, a secretária da instituição religiosa. O ano de 2020, conforme acrescenta, foi o de menor frequência nos casórios. "Quem sabe ainda este ano! Estamos na torcida. E nossa agenda está livre".
Voltando às "queridinhas". Em 80 anos de história da Perpétuo Socorro, a igreja ficou 3 meses sem celebrações. Padre Reginaldo Padilha afirma que os casamentos foram praticamente todos transferidos para o ano de 2021, mas tem quem sacramentou o amor de dois por toda a vida na casa de Deus.
"Em 2020 mal tivemos casamentos, às vezes era só os noivos e seus pais, tudo de maneira bem simples. O ritual, a experiência da noiva em entrar 'paramentada' na igreja ao som da marcha nupcial tem aquela magia, mas por enquanto tem sido um sonho protelado. Porém seguimos confiantes, principalmente com a consciência que cada um deve ter de cuidar um do outro", afirma o religioso.
Antonio Osmanio é cerimonialista de muitos anos de carreira. Só neste início de ano, no retorno das férias, o profissional recebeu 7 pedidos de orçamento. Ou seja: "é um fato que 2021 vai ser o ano mais 'casamenteiro' de todos. No meu caso, as datas de maio e outubro, aquelas com os feriados, já estão fechadas", esclarece.
Tanto para ele quanto para seus clientes, o protocolo que impede celebrações com mais de 80 pessoas não tem sido mais problema. "É o tal do 'novo normal'. Dá pra ser divertido igual. Antes, as noivas tinham que ter um 'tratamento psicológico' sobre isso, mas agora elas estão felizes e mais confiantes", considera.
De uma festa que costumava passar de 7 horas, agora até 4 "já está de bom tamanho". Com o novo formato dos casamentos pockets, isto é, com tamanho reduzido, os valores também diminuíram. "Mas os custos fixos da empresa não. Por isso que estamos no ritmo do novo ano para um batidão de casórios que com certeza estão por vir".
Dezembro costuma ser uma das épocas mais cheias na agenda de Antonio, porém de setembro até o final do ano de 2020 ele só trabalhou em 8 eventos – o que normalmente seria o mesmo número para cada um dos meses. "Sem vacina, o dinheiro também não vem. Estamos no aguardo", finaliza.
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