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Comportamento

Por amor, Nirce lutou 13 anos para publicar obra sobre escola de samba

Apaixonada pelo carnaval, Nirce quis imortalizar a história da Igrejinha e homenagear os integrantes

Jéssica Fernandes | 30/01/2022 09:54
Nirce segura o livro Paixão Vermelho e Branco. (Foto: Henrique Kawaminami)
Nirce segura o livro Paixão Vermelho e Branco. (Foto: Henrique Kawaminami)

Quando o assunto é carnaval e a Escola de Samba Igrejinha, Nirce Ortega de Oliveira, 73 anos, abre o coração e com um brilho no olhar fala sobre o amor que nutre por ambas as coisas. A devoção pela Igrejinha é tanta que rendeu um livro a respeito da trajetória da escola e dos integrantes, que fazem a folia acontecer em Campo Grande. Após 13 anos, a professora finalmente conseguiu publicar a obra que é motivo de orgulho e um pedaço do próprio legado.

Em 2014, Nirce apareceu no Lado B, porém naquela época o livro ainda não tinha caído nas graças de uma editora. Por esse motivo, o material permaneceu preso ao arquivo do Word e aguardando uma oportunidade de ganhar as estantes dos leitores. Desde então, a professora de história iniciou a saga para publicar a obra “Paixão Vermelho e Branco". Em 2021, Nirce finalmente realizou o sonho de uma vida.

Natural de Corumbá, Nirce descobriu na infância o carnaval, porém não foi na cidade branca que ela vivenciou os prazeres dessa grande paixão. Em São Paulo, ela teve o primeiro contato com a festa, descobriu as escolas de samba e percebeu que o tempo passava voando quando desfilava.

Professora conta que duranta a infância fugia para ver desfile.  (Foto: Henrique Kawaminami)
Professora conta que duranta a infância fugia para ver desfile.  (Foto: Henrique Kawaminami)

A vontade de participar do carnaval era tão grande que Nirce dava um jeito de escapar da casa dos pais e ir para a avenida. A mãe não aprovava o evento carnavalesco, enquanto o pai fazia de tudo para ver a filha feliz. “Eu gostava de carnaval desde criança, eu fugia para ir. Minha mãe não gostava, mas meu pai me dava cobertura, ele gostava de qualquer coisa com que fôssemos feliz”, ri.

Depois de São Paulo, a professora se mudou para Campo Grande e conheceu a Igrejinha. “Eu entrei na vida dela”, diz sobre o início da história com a escola. Não demorou para Nirce virar integrante do grupo e desfilar na ala das baianas. A escritora conta que nunca teve muita desenvoltura para a dança, sendo assim se deu bem nessa sessão. “Eu sempre quis dançar, mas não sei. Baiana não é você que dança, é sua roupa que mexe”, revela.

Em 2018, a professora desfilou pela última vez, contudo, lembra como se fosse ontem qual é a sensação de estar na quadra e representar a escola do coração. “Eu sinto como se todo mundo tivesse tocando só pra mim, é como se aquela festa fosse só para mim. Eu me sinto tão feliz e quando termina os trezentos metros eu fico: acabou?!”, diz.

Nirce mostra página do livro com imagens da escola. (Foto: Henrique Kawaminami)
Nirce mostra página do livro com imagens da escola. (Foto: Henrique Kawaminami)

“E de vermelho e branco, eu vou mais além” - Com mais de 254 páginas, a obra reúne o início da Escola de Samba Igrejinha, entrevistas com os participantes e fundadores, documenta os desfiles, apresenta alguns samba-enredo, além de trazer imagens documentais.

Folheando o livro, encontrei a Nirce sorrindo para uma foto durante o desfile do carnaval de 2008. Para a escritora, perguntei qual era o hino que mais gostava e ela afinou a voz para cantar um pedacinho.

Embora não tenha sido esse o samba-enredo interpretado por ela, achei no material um outro que resume parte da personalidade e amor de Nirce pela escola. O refrão é “Nesse rio de alegria, vou com meu bem. E de vermelho e branco, eu vou mais além”.

Nirce vestida como baiana durante carnaval de 2008. (Foto: Henrique Kawaminami)
Nirce vestida como baiana durante carnaval de 2008. (Foto: Henrique Kawaminami)

Através da obra, Nirce foi além e fez com que pessoas importantes para o legado da Igrejinha pegassem carona. Essa visibilidade, conforme ela, foi o motivo que a levou a escrever. “Eu estava lendo um livro chamado história de Campo Grande e não vi nada sobre as escolas de samba, nada da nossa cultura. Eu queria deixar escrito, porque as pessoas trabalham tanto e não são reconhecidas. Eu queria que as pessoas que fazem parte dessa comunidade se tornassem conhecidas”, afirma.

Questionada se foi difícil finalizar o projeto, a professora responde sorridente que não. “Quando você faz uma coisa que você gosta, você se sente grata. Depois de ano finalmente consegui publicar, então eu me sinto grata”, conclui.

Quem quiser adquirir “Paixão Vermelho e Branco”, a obra está à venda no site da editora Viseu.

Obra traz registros que relatam história da Igrejinha. (Foto: Henrique Kawaminami)
Obra traz registros que relatam história da Igrejinha. (Foto: Henrique Kawaminami)

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