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Comportamento

Psiquiatra fala como pessoas que “amam demais” precisam de ajuda

Médica e escritora, Ana Beatriz Barbosa destacou que é preciso diagnosticar para sair de violência

Por Aletheya Alves | 11/08/2024 07:10
Psiquiatra, Ana Beatriz Barbosa foi palestrante de evento da Polícia Civil. (Foto: Osmar Veiga)
Psiquiatra, Ana Beatriz Barbosa foi palestrante de evento da Polícia Civil. (Foto: Osmar Veiga)

Em 2018, a psiquiatra e autora best-seller Ana Beatriz Barbosa lançou seu livro “Mentes que amam demais: o jeito borderline de ser” e nesta semana, seis anos depois, usou essa discussão para capacitar agentes que trabalham no enfrentamento da violência contra mulher em Mato Grosso do Sul. Sua palestra integrou o 1º Encontro Mulheres em Foco - agentes que atuam frente à violência de gênero.

Introduzindo o tema, borderline é um transtorno de personalidade em que há um padrão de instabilidade e alta sensibilidade em relacionamentos, além de instabilidade sobre a imagem que se tem de si mesmo, mudanças de humor e impulsividade. É pensando nesse diagnóstico que a médica trouxe a necessidade de olhar para o comportamento dos autores e vítimas de violência para além das estatísticas.

“Esse tipo de personalidade não era identificado até pouco tempo atrás e quando nós identificamos, vemos como essas pessoas têm dificuldade em se libertar de relacionamentos tóxicos”, disse Ana Beatriz ao Lado B.

Segundo a palestrante, é comum haver julgamentos sobre como mulheres permanecem no ciclo da violência, mas que há explicações muito mais profundas e complexas para entender esse cenário. Como ela comenta, o transtorno atua em conjunto ao agressor.

“Muitas vezes, esse perfil do borderline vai fazer com que o ciclo leve para a violência contra a mulher e é por isso que precisamos identificar. Assim, muda totalmente o panorama para orientarmos o tratamento”, relata

Apesar dessa reflexão ser aplicada de forma geral, pensar na necessidade de um possível encaminhamento para diagnóstico durante o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica faria toda diferença.

Caso essa mulher não receba o tratamento necessário, a violência vai continuar ocorrendo, já que os sentimentos e sensações não vão desaparecer. Aqui, mais do que a punição do homem agressor, é necessário o tratamento da vítima para que as mesmas violências também não ocorram em outras relações.

Além da violência doméstica, Ana Beatriz também cita as relações que podem ser analisadas a partir de presídios. Exemplificando, ela comenta que a maior parte das mulheres presas têm um perfil de personalidade de transtorno de borderline.

Por outro lado, menos da metade dos homens possuem perfil de psicopatia.  A relação que ela faz entre essas duas estatísticas é que uma minoria desses homens escolhe uma maioria de mulheres que “amam demais” para fazer o serviço “sujo”.

Delegada Elaine Benicasa fala sobre importância de evento. (Foto: Osmar Veiga)
Delegada Elaine Benicasa fala sobre importância de evento. (Foto: Osmar Veiga)

“E o que acontece é que quando essas mulheres estão presas, eles lá não aparecem, mas o contrário ocorre porque quando um psicopata está no presídio, lá vai haver uma mulher”.

A partir das palestras, a delegada Elaine Benicasa defendeu que o evento realizado pela Polícia Civil é mais um marco que mostra a importância que o Estado dá para o tema.

“A Polícia Civil, através da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, traz capacitações com palestras que internalizam as dificuldades do enfrentamento à violência de gênero. Ela capacita e motiva, além de atualizar com palestras técnicas”.

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