Sebastiana teve 17 filhos e diz que já fez o Diabo correr de medo
Dos filhos, 10 continuam vivos e ela segue contando as histórias onde viu até Nossa Senhora da Aparecida
Sebastiana Teixeira de Souza, de 79 anos, é uma senhora cheia de histórias. Casada com o mesmo homem desde a adolescência, ela teve 17 filhos e diz que já viu de tudo, desde o Diabo à Maria Auxiliadora. Das crianças que pôs no mundo, Sebastiana viu algumas faleceram de diferentes formas ao decorrer das décadas.
Em maio de 1962, ela se casou aos 16 anos e ao completar a maioridade se tornou mãe de Francisco de Assis. Ele, segundo Sebastiana, assim como alguns dos irmãos partiu ainda bebê. “Os outros não tinham nome, morriam com quatro meses, dez meses. Era tudo bebê, acabava de ganhar e às vezes perdia”, comenta.
Antes de viver na Capital, a senhora residia em Rio Verde. No interior do Estado, ela conta as diferentes experiências que teve. Uma delas ocorreu quando um dos filhos ficou doente e cheio de feridas no corpo.
“Eu sai no meio do Cerrado, gritando: ‘Acode, Jesus, não deixe meu filho morrer’. Ninguém escutava, só tinha onça e cobra no meio do mato. Fui passando perto de uma moita e ouvi uma voz: ‘Só não deixa ir nos olhos, no ouvido e na boca. O resto pode banhar. Olhei e não vi ninguém”, recorda.
Mesmo sem saber quem ou o quê deu o conselho, ela seguiu a dica e garante que as feridas da criança foram curadas. No entanto, essa não foi a última vez que Sebastiana esteve de frente para o desconhecido. Em outra ocasião, ela garante ter se encontrado com Nossa Senhora da Aparecida.
Perdida com o irmão no meio do mato, a religiosa pediu ajuda divina para sair do lugar. “Nos perdemos no meio da mata e eu, com o terço na mão, gritando me ajuda a sair dessa mata, assim como a Senhora ajudou o povo. Quando chegamos mais pra frente, vi uma senhora preta com o cabelo comprido e desconfiei, falei: ‘Não é deste mundo, essa daí é ela'", fala.
Antes de ter residência nas Moreninhas, Sebastiana escolheu o Jardim Paulista como primeiro bairro para morar em Campo Grande. Na época, a mulher, os filhos e o marido conseguiram uma casa através de parentes em comum.
Na cidade, Sebastiana relata ter procurado uma solução para não ter mais filhos. “Fui lá pedir ao doutor uma ideia para eu parar de criar filho. Cheguei lá e ele ao invés de me operar colocou um diu. Eu não sabia o que era isso”, afirma. Mesmo com o método contraceptivo, a senhora conta que ficou grávida, mas a criança também faleceu. “Eu voltei para a mesa e ele me operou. Tirou o nenê morto e meu útero”, explica.
Além dessa história, ela relata outras duas onde viveu o luto por um filho e uma filha. “Tem dois anos que a menina morreu de câncer, ela era bem sabida, participava na igreja Perpétuo Socorro. O guri morreu num acidente de ônibus em frente à igreja faz 14 anos. Eu não estava aqui, estava lá pras terras”, diz.
Sobre o sentimento de ter visto alguns dos filhos falecerem, Sebastiana resume. “A gente se acostuma. Eu chorava, mas meu marido ficava bravo, falava: 'Não chora não, Deus dá outro’”, recorda.
Entre as últimas histórias que Sebastiana conta está a do Diabo que viu quando era criança. “Nos éramos moços e os pais tinham viajado. Alguém bateu na porta e falei: ‘Quem tá aí?’ Falei os nomes dos meus irmãos e não era. Ele abriu a porta com as mãos finas, pretas e entrou. O homem estava de chapéu, perguntei como ele tinha entrado e ele: ‘Com os meus poderes’. Eu peguei meu terço, mostrei pra ele e ele saiu pela porta chorando”, finaliza.
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