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Consumo

Como a maioria abomina os panfletos, cartaz no chão é nova propaganda no Centro

Thailla Torres | 04/01/2017 06:20
Vanda não gosta da abordagem de pessoas que entregam panfletos e prefere só olhar para o chão. (Foto: Thailla Torres)
Vanda não gosta da abordagem de pessoas que entregam panfletos e prefere só olhar para o chão. (Foto: Thailla Torres)

Para divulgar as promoções, a maioria das lojas investe nos panfletos. Basta algumas voltas pelo Centro da cidade e o que não falta são entregadores na esperança de que os clientes leiam e consumam. Tão comum quanto essa enxurrada de papéis e a cena de gente desviando do que virou praga publicitária. 

Como também é mais fácil ver pessoas olhando para baixo, fuçando no celular, do que olhando para a frente, agora a propaganda foi parar no chão. E parece que a alternativa dá certo.

Na Afonso Pena, entre as ruas 14 de Julho e Calógeras, um salão de beleza e uma de loja chamam atenção com as promoções coladas na calçada. Quem passa, para, dá uma olhada e se a propaganda for boa, até arrisca entrar no estabelecimento, nem que seja para uma olhadinha. 

No salão de beleza, a ideia foi do proprietário Bruno Henrique da Silva, de 31 anos. Ele disse que seguiu o exemplo de uma empresa que viu em Cuiabá (MT). O motivo, é a correria e o uso do celular, que impedem as pessoas de olharem para o lado. "Pode ver, no Centro, muitas pessoas nem olham mais para as vitrines. Só andam olhando para o celular. Então já que elas não olham pra loja, resolvi chamar a atenção na calçada", conta.

Em salão de beleza, ideia foi a salvação para conquistar os clientes.
Em salão de beleza, ideia foi a salvação para conquistar os clientes.

Bruno diz que investe na panfletagem, mas tem observado retorno é com com os papéis no chão. "As vezes você entrega o panfleto, a pessoa nem olha. No chão, já vi cliente até deixando o celular por uns minutos só para ler a promoção", conta.

Na mesma quadra é uma loja de roupas, que resolveu usar a ideia. Segundo o coordenador, Bruno Malaquias, é óbvio que cada vez mais as pessoas passam olhando para baixo. "Elas nem olham a vitrine, quando tem panfletagem, olham para o chão para não pegar o papel. Então há 1 ano a gente colocou tudo na calçada também", conta. 

A loja existe na Afonso Pena há 12 anos e ainda tem gente que fica surpresa. "Tem gente que olha o papel colado no chão e entra aqui dizendo que nunca viu a loja na rua. Então é algo que vem dando certo. Todo dia a gente coloca e tira no fim do expediente para os papéis não sujarem a rua", garante.

Para quem já está acostumada com tanto não, o recurso vem para somar ao trabalho, relata a vendedora Daiane Pereira de Sousa, de 24 anos. "O panfleto, muita gente nem olha e, se pega, ainda joga no chão. Então isso daqui também ajuda, né", acredita.

Maria Helena pega os panfletos por educação, mas dificilmente lê na rua.
Maria Helena pega os panfletos por educação, mas dificilmente lê na rua.

Caminhando pela calçada, Maria Helena Tonico, de 54 anos, não passa distraída pelos entregadores e até pega um panfleto, mas admite que nunca lê os papéis. "Eu pego para não deixar eles falando sozinhos, mas só vejo quando chego em casa, para não jogar fora na rua", diz.

Os cartazes colados na calçada chamaram atenção de Maria, que até entraria na loja se houvesse tempo. "Acho melhor fazer propaganda assim, porque quando eu chego em casa e vejo o panfleto com a promoção, nem dá tempo de voltar no lugar. Aqui se eu tivesse tempo, já entraria para fazer o cabelo".

A abordagem de entregadores também incomoda muito, por isso, a artesã Vanda Galeando, de 72 anos, recusa os panfletos e para apenas para olhar o chão. "Nem olho para os lados, não gosto da maneira como eles entregam, colocando o panfleto quase no rosto da gente. Já aconteceu de me puxarem pelo braço para entregar. Acho isso muito ruim e prefiro nem pegar. Agora olhando no chão, quem sabe a gente vê algumas promoções", comenta.

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