Nada abala Lilian, que passa o dia na companhia do Divino Espírito Santo
Há três anos, artesanato de madeira virou recomeço para mulher que perdeu tudo
Quem passa pela Avenida Mato Grosso de quinta-feira a domingo, certamente, já deve ter visto duas árvores em frente ao Comper Jardim dos Estados tomadas de Divino Espírito Santo feito em madeira. O artesanato, que é símbolo de fé para muitas pessoas, virou símbolo de recomeço para Lilian Valkiria Medina, de 62 anos.
Ela costuma chegar ao local às 9h da manhã e só vai embora às 17h. “Só deixo mais cedo quando chove ou quando já vendi bastante”, conta. “Tem umas peças que estão até manchadas por conta da chuva e eu preciso pintar de novo”.
Sentada no canteiro, de costas para um dos lados da avenida, ela passa o dia sob a sombra da árvore e pintando.
O artesanato é feito em conjunto com um amigo que realiza o corte e a montagem. “Eu finalizo a pintura e vendo.”
As peças custam a partir de R$ 50,00 e fazem sucesso principalmente nas datas comemorativas. “Dia das mães, dias religiosos e Natal são os períodos que eu mais vendo. Também tem muita gente que compra para dar de presente às mães e avós.”
Quando o engarrafamento aparece nos horários de pico, a venda é feita pela janela do carro. “Tem gente que nem desce, já compra do carro mesmo e outros voltam no fim de semana para comprar.”
As peças de simbologia divina fazem parte de um recomeço na vida de Lilian, que diz já ter sido dona de cartório em Ponta Porã, mas quebrou e precisou recomeçar a vida em Campo Grande.
“Então, eu comecei a vender essas peças, tem três anos já. Mas eu confesso que estou um pouco cansada, hoje mesmo, eu estava aqui pensando no que eu posso fazer de diferente na vida.”
Questionada se o Divino Espírito Santo mudou sua vida, ela diz que não, mas se tornou um meio para aliviar os perrengues. “Faz a gente continuar na luta.”
Simpática, ela mostra a variedade de peças e os pincéis manchados de tinta que usa quase todos os dias. Afirma que fica feliz com o resultado e com a admiração das pessoas. “Tem muita gente que passa aqui e elogia”, diz sorrindo.
Sobre a escolha do ponto, ela diz que simpatizou com o local. “É bem movimentado e sempre tem sombra. Sempre achei o local ideal, por isso, prefiro ficar aqui.”
Quem quiser comprar uma das peças de Lilian, pode encontrá-la na Avenida Mato Grosso, de quinta a domingo ou pelo Instagram @dignissimaarte.
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