Opção mundo afora, "hostel" ainda é hospedagem não oficial em Campo Grande
Opção mais barata, principalmente aos mochileiros, o hostel ainda é coisa rara em Campo Grande. Há dois espaços assim na cidade, mas nenhum cadastrado pela instituição internacional que credencia esse tipo de empresa pelo mundo.
"Hostel" virou moda e, na prática, substituiu o "Albergue da Juventude", também com quartos compartilhados, mas a opção para casais e individual. A ideia de quem se hospeda é conhecer novos idiomas, costumes é os pontos mais bacanas das cidades, ficando em um ambiente menos formal.
Um dos hosteis não oficiais abriu há quatro meses, o "Vitória Régia". Se instalou em frente à Orla Morena, na avenida Noroeste, 575. A hospedaria tem 12 quartos, todos divididos por sexo. Os coletivos, com até quatro beliches, custam R$3 5,00 e o duplo sai por R$ 65,00. O banheiro também é coletivo. Os valores são baseados na média de preços cobrados em cidades turísticas, como o Rio de Janeiro, onde há um hostel em cada esquina dos bairros mais badalados.
Além dos quartos, no Vitória Régia há alguns atrativos, como uma mesa de sinuca, um quintal repleto de árvores e espaço social como sala de TV e computadores.
A ideia de criar um espaço para receber turistas, segundo uma das gerentes, a professora Leda Brum Amaral, de 55 anos, veio com a constatação de que as pessoas passavam por Campo Grande sem conhecer. "Aqui é uma capital, tem lugares a serem explorados".
O primeiro espaço do tipo na cidade está aberto há 11 anos, o "Hostel Campo Grande", que fica na rua Joaquim Nabuco, 185, em frente a antiga rodoviária da capital. Mas o local perdeu o credenciamento depois de denúncias.
Há alguns anos, uma estrangeira prestou queixa contra o local, acusando um funcionário de violência sexual. A proprietária diz que tudo não passou de um "mal-entendido", que a hóspede retirou a queixa e o funcionário foi demitido.
Mas por conta do caso, o local perdeu o selo de qualidade mundial, uma forma de identificar uma hospedaria confiável e dar segurança aos turistas. Segundo uma das sócias, Patrícia Soares, após mudança de endereço, o ambiente ficou mais tranquilo e menos assustador para quem é de fora.
O que se percebe é que a maioria se instalou pelo baixo custo e não pelo conceito que o hostel propaga, do convívio com gente legal, de todo o mundo, por preços acessíveis e em ambiente acolhedor.
Os quartos custam R$ 40,00 por pessoa, privativo ou compartilhado. Daniele Ribas, de 28 anos, não é gringa, é curitibana, mas em visita a Campo Grande escolheu o hostel por ser uma opção mais barata. "Não tem aquele clima sério de hotel, é tranquilo e o preço é o que importa".
Para um dos recepcionistas, o turismólogo Clauber Fernandes, 33 anos, o turismo em países da América do Sul, como Machu Picchu, faz de Campo Grande apenas uma passagem por conta do aeroporto. Com poucas opções de lazer na cidade, é difícil atrair quem é de fora, "É complicado, de segunda a quarta não tem onde levar os turistas. Só resta levar em barzinhos, mas antes da meia noite já estão fechados e gringo quer diversão".
O local também oferece expedições ao Pantanal, com direito a safáris e cavalgadas. "Os gringos querem ver animais", comenta Clauber. Mas por lá não há preço de hostel. O pacote com direito a três dias e duas noites na pousada, que fica a beira do rio Paraguai, custa R$ 400,00 por pessoa. Quem quiser mais privacidade, o pacote com quarto privativo custa R$ 500,00.
Enquanto por aqui os empresários ainda não investem na ideia, em São Paulo, o número de estabelecimentos desse porte cresceu 159% no primeiro semestre de 2013, passou de 22 para 57, pensando nos efeitos Copa do Mundo.
Segundo especialistas, o investimento em um hostel fica entre 100 e 400 mil reais, mas o retorno é certo por garantirem uma hospedagem mais barata, sem perder a qualidade, principalmente, em cidades de passagem ou de turismo empresarial, como Campo Grande.