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Consumo

Sem dinheiro em espécie no bolso, até pagar bala é via Pix em Campo Grande

Com ascensão da forma de pagamento, encontrar pessoas com dinheiro de papel virou raridade

Natália Olliver | 25/05/2023 16:44


Com a preferência por Pix, moedas e notas físicas estão cada vez mais raras (Foto: Alex Machado)
Com a preferência por Pix, moedas e notas físicas estão cada vez mais raras (Foto: Alex Machado)

Com a ascensão do Pix, nos últimos dois anos, encontrar pessoas com dinheiro em espécie nos bolsos ou na carteira virou raridade. Com a escassez das cédulas, até pagar bala é de maneira virtual. Em Campo Grande, o cenário é quase unânime, a forma de pagamento preferida é via celular. Na disputa, até os cartões de débito físicos ficaram para trás.

Taiza Rodrigues Molina, de 32 anos, disse à reportagem que usa apenas o Pix e que sempre pergunta antes de consumir nos estabelecimentos ou efetuar compras. Ela também ressaltou que não tem visto no ciclo de amigos pessoas com dinheiro em cédula.

“Hoje em dia, só uso Pix, não carrego dinheiro. Também não costumo ver a galera com cédula, só com Pix. É muito difícil um lugar que não aceita. Todo mundo é só no Pix, até pra bala. Ele facilitou muito, é mais rápido, mais prático”, disse.

Próximo ao camelódromo, vendedora comenta que idosos são os que mais pagam em dinheiro físico ( Foto: Alex Machado)
Próximo ao camelódromo, vendedora comenta que idosos são os que mais pagam em dinheiro físico ( Foto: Alex Machado)

Fátima Aparecida de Souza Borges, de 19 anos, é vendedora de uma das lojas de celulares próxima ao Camelódromo. Para ela, quem usa mais as notas de papel são os idosos.

Os mais velhos são os que mais pagam em dinheiro. Eles têm dificuldade. Tem senhor que pede ajuda pra gente para usar o Pix. Eu acho bem complicado porque se ele vai em algum lugar que tem alguém mau-caráter eles podem passar a perna. Eles abrem a conta do banco e mostram na nossa frente".

A forma de pagamento mais utilizada no estabelecimento é o Pix e o cartão de débito.

Eny Machado, de 48 anos, ainda usa as moedas e notas físicas, mas apenas quando necessário em supermercados e lojas próximas ao bairro onde mora. “Uso mais débito e Pix. Quando tenho é pouco dinheiro de nota. Uso mais nos mercados perto de casa. É mais fácil, nem sempre temos todo dinheiro na bolsa. Quando precisa, nem sempre tem, ai só no Pix. Pago a maior parte das coisas assim”.

Eny Machado usa dinheiro de papel apenas em pequenas quantias (Foto: Alex Machado)
Eny Machado usa dinheiro de papel apenas em pequenas quantias (Foto: Alex Machado)

Cleiton Carneiro Boemia, de 33 anos, é um dos poucos que preferem o dinheiro em cédula ao Pix.

Tenho dinheiro de papel e moeda, os dois. Uso mais dinheiro de papel, para comprar qualquer coisa. Sempre tenho um pouco de cada na carteira. As pessoas não tem mais. Porém, acho prático porque dinheiro na mão é dinheiro na mão, até prefiro do que o Pix”, pontuou

Na barraquinha de churros do Aparecido Cavalherie, de 72 anos, as moedas e notas de papel ainda existem, entretanto, são escassas. O homem confessa que até prefere que o pagamento seja em Pix ou débito.

Aparecido mantém moedas na barraca de churros para não passar "apuro" (Foto: Alex Machado)
Aparecido mantém moedas na barraca de churros para não passar "apuro" (Foto: Alex Machado)

“Eu tenho um pouco, mas eu mesmo pago com Pix. O pessoal está andando sem dinheiro físico. Eu acho até melhor, porque parece que o pessoal se anima mais pra comprar quando é no Pix”.

De acordo com o ambulante, apesar de o Pix ser o mais usado, ele insiste em manter as notas à disposição. “Tem a dificuldade do troco também quando é com dinheiro físico, mas sempre tenho reserva para não passar apuro”.

Mudança - José Thomaz Filho, de 60 anos, dono da esfiharia do Thomaz, viveu o passado abundante das cédulas de papel e agora a falta delas. Antes da pandemia de covid-19, o estabelecimento comercial só aceitava dinheiro em espécie. Depois, se viu “obrigado” a aderir à nova forma de pagamento pela dificuldade de as pessoas saírem e sacarem dinheiro no período. A mudança veio para ficar.

José Thomaz Filho conta que o Pix e cartão de débito são preferências dos fregueses (Foto: Alex Machado)
José Thomaz Filho conta que o Pix e cartão de débito são preferências dos fregueses (Foto: Alex Machado)

“Como antes não trabalhamos com cartão, só dinheiro, meu pai optou em não ter muita burocracia. Com a pandemia, vimos que seria uma dificuldade enorme, aí solicitei o cartão já pensando nessa dificuldade que ia acontecer. Quando começou o Pix foi perfeito, muitos até preferem por não precisar sacar mais dinheiro”, disse.

O comerciante ressalta que para garantir o troco tem que recorrer a amigos donos de postos de combustíveis.

“Hoje, a galera tem pagado mais no cartão. A escassez de troco aumentou demais, porque não tem muito o que fazer, existe menos dinheiro circulando no mercado. Tenho amigos com posto de gasolina e vamos nos falando pra ajudar um ao outro. Acho que não tão rápido, mas o dinheiro em cédula vai parar. Nem o cartão físico ninguém usa, é mais o próprio celular, o relógio”, finalizou.

Pix - Criado pelo BC (Banco Central) em 2020 para facilitar a vida dos brasileiros, o Pix vem ganhando adeptos ao longo dos anos. Hoje, é a forma de pagamento instantâneo mais usado no País. De acordo com o BC, o método é prático, rápido e seguro. O Pix pode ser realizado a partir de uma conta-corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga.

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