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Diversão

Arraial do Banho de São João começa nesta semana com shows nacionais

A festa é uma celebração de fé ao santo dos milagres com programação até dia 25 de junho

Thaís Pimenta | 18/06/2018 06:20
Banho de São João é momento de renovação da fé e das promessas feitas ao milagroso santo. (Foto: Arquivo/Saul Schramm)
Banho de São João é momento de renovação da fé e das promessas feitas ao milagroso santo. (Foto: Arquivo/Saul Schramm)

Começa na quinta-feira (21), em Corumbá, o Arraial do Banho de São João, festa que começou tímida há mais de 60 anos e já tomou o coração dos sul-mato-grossenses. A celebração de fé ao santo dos milagres já é tida como Patrimônio Imaterial de Mato Grosso do Sul. A programação vai até o dia 25 de junho com shows nacionais.

Ano passado, 51 mil pessoas estiveram em Corumbá e cerca de 110 andores desceram a Ladeira Cunha e Cruz para banhar seus santos nas águas do Rio Paraguai. Esse ano, a expectativa é que a celebração se mantenha tão extensa quando no ano passado.

A noite do dia 23 de junho é, de todos os dias de programação, a mais especial. É quando os festeiros descem com seus andores, preparados, na maioria das vezes, por eles mesmo, em direção ao rio. Banhar o santo nas águas remete ao batismo de Jesus feito por João Batista nas águas do Rio Jordão. Nesse momento é renovada a fé a São João e às promessas feitas a ele.

A festeira de 88 anos, Epifânia da Silva Bastos, é uma das fieis mais antigas de Corumbá. São quase 60 anos de festejos a São João numa tradição que começou sendo realizada pela filha já falecida de Epifânia, Laurinda da Silva Tavares. ''Eu assumi essa responsabilidade porque minha filha, antes de morrer, pediu pra eu continuar honrando a ele. Já fazem 50 anos que ela faleceu e continuo a realizar até quando Deus me permitir''.

Cada festeiro desce seu andor no dia 23 de junho para banhar o santo no Rio Paraguai.(Foto: Arquivo/Saul Schramm)
Cada festeiro desce seu andor no dia 23 de junho para banhar o santo no Rio Paraguai.(Foto: Arquivo/Saul Schramm)

Católica e muito devota do santo, Epifânia crê que é por causa disso que superou três operações com idade tão avançada. ''Operei dos dois lados do rim e troquei meu marca-passo, em coisa de dias em tava ótima e tenho certeza que é São João que tem me ajudado''.

Cumprindo a promessa que fez a Laurinda, a senhora assume que já encontra dificuldades em conseguir preparar tudo para a celebração. ''Peço pra ele força, pra me dar coragem. E eu vou fazer a festa até quando eu puder. Quando eu não puder mais espero que minha neta assuma, mas não sei se ela o fará''. 

Símbolo do sincretismo religioso, o Banho de São João é uma das poucas celebrações religiosas que consegue reunir fieis católicos e de religiões de origem africana. Talvez por sua pluralidade é que seja uma festa tão encantadora.

Sincretismo religioso faz parte da beleza da festividade, que une católicos, umbandistas e candomblecistas.  (Foto: Arquivo/ Saul Schramm)
Sincretismo religioso faz parte da beleza da festividade, que une católicos, umbandistas e candomblecistas. (Foto: Arquivo/ Saul Schramm)

Pedro Paulo Miranda é um fiel umbandista que há 52 anos realiza a festa junto de sua família. A história de fé que tomou o coração de sua mãe já falecida Carlinda Miranda é curiosa. ''Quando eu tinha 3 meses de vida fiquei muito doente e uma junta médica na Santa Casa disseram a minha mãe que eu estava já em fase terminal. Diante do diagnóstico, meus pais me trouxeram pra casa e momentos depois do padre me batizar, eu tive outra crise epiléptica e fui dado como morto. O velório começou ali mesmo, na mesa da casa, meus pais desolados com a perda'', conta ele.

Enquanto o velório acontecia, passava uma procissão de São João e num ato de desespero, dona Carlinda se meteu embaixo do andor e começou a rezar. ''Já faziam 2 horas de velório e no ato de desespero ela passou a rezar e a chorar no meio daquelas pessoas, que por respeito, mesmo sem saberem o que acontecia, pararam os andores'''. Carlinda havia prometido que, se o filho sobrevivesse, faria a festa para São João por sete anos!

''Mamãe continuo ajoelhada em desespero até que quem estava em casa foi até ela contar que eu, o Pedro, tinha começado a chorar. Foi um verdadeiro milagre, imagine, já tinha um tempo de velório, meus batimentos cardíacos e minha respiração estavam parados. Minha mãe só saiu debaixo do andor carregada pelo meu pai e demorou um tempo, de acordo com o que eles diziam, pra ela entender tudo que havia acontecido''.

Cerca de 51 mil pessoas passam pela celebração por ano. Em 2018, Corumbá promete receber pouco mais que essa quantidade. (Foto: Arquivo/Saul Schramm)
Cerca de 51 mil pessoas passam pela celebração por ano. Em 2018, Corumbá promete receber pouco mais que essa quantidade. (Foto: Arquivo/Saul Schramm)

Programação - Ao todo são quatro dias de festa, com shows nacionais e regionais. Neste ano, a programação abre com show do grupo  Gurizada Baileira às 20h e, em seguida, a apresentação do Bonde do Forró.

Na sexta-feira (22), se apresentam os pratas-da-casa Julia Castedo, Marcelo Oliveira e Marinho Azevedo  e o cantor Cristiano Garcia. Sábado (23), além da descida dos andores juninos, se apresentam o grupo Legião Pantaneira, Os Garotos, Izze, Marcelo e Renato e Isac Brandão.

No domingo (24) é a vez de Juninho e Luan  e João Neto e Frederico. Todas as apresentações são a partir das 19h, no Porto Geral de Corumbá.

Concurso de melhor andor, além do concurso de quadrilhas e barracas com comidas típicas completam a programação da grande festa.

A bandeira fixada em um mastro em frente a casa de cada um dos festeiros só desce no dia 29 de junho. Tudo é feito com muito cuidado e devoção a São João e aos turistas. Para saber mais acesse o link.

*Matéria editada às 13h47 para correção de informações na programação.

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