Bebida e cigarro são barrados na portaria de festa com roqueiros comportados
Olhando para um monte de garotos batendo cabeça em frente ao palco, ao som de um cara empolgado na guitarra, nada parece destoar de qualquer outro show de rock. As bandas e o público também repetem o estilo, dos furos nas orelhas, até as camisetas pretas. A diferença é que ninguém toma cerveja ou qualquer outra bebida alcoólica e quem acende um cigarro, sofre com os olhares de censura. É que no lugar de Jimi Hendrix, Black Sabbath ou Led Zeppelin, o superstar da moçada neste caso é Jesus Cristo.
Na noite de segunda-feira, cerca de 300 pessoas se embrenharam em estradas vicinais e a 40 minutos do Centro de Campo Grande encontraram em uma chácara o bom rock in roll, mas com a pegada cristã e tudo mais o que isso representar.
A ideia só mudou de nome. Já teve outras edições como Rock Cult, mas agora virou Rock do Mato. O título não remete a nada gospel por um motivo simples. A proposta é mostrar a qualquer fã do rock que as bandas ligadas as igrejas de Campo Grande também fazem som com qualidade, apesar da mensagem de louvor na maioria das letras.
Realmente, a batida empolga ao ponto de rolar até uma roda punk de "bate ombro" durante os shows.
Com apenas 18 anos, o estudante de publicidade João Paulo Salmazi é o organizador do evento criado para garantir 12 horas de rock cristão. Fiel da Igreja Quadrangular, o primeiro desafio, segundo ele, foi acabar com uma indisposição do público. "Algumas pessoas acham que é chato louvor e rock juntos".
Para o primeiro Rock do Mato tudo foi feito na base da colaboração, a começar pela vaquinha entre as bandas para pagar pela segurança e pelo aluguel da chácara na saída para São Paulo. A convocação também foi simples, feita apenas pelo Facebook.
Quem apareceu, foi por ter alguma ligação com as dez bandas convidadas para tocar ou com a igreja que eles frequentam. O ingresso foi baratinho, custou R$ 5,00, com direito a mesa de frutas no lugar do open bar.
O público provou que ninguém precisa encher a cara para se divertir. No bar, o mais forte era o energético. No mais, só refrigerantes, sucos e salgadinhos.
Alguns até levaram barracas para garantir a permanência até o sol raiar. Para quem achou longe, a organização também providenciou vans saindo de terminais para fazer o transporte por R$ 2,00 a passagem.
Mas como qualquer evento organizado por quem tem Deus como estilo de vida, é claro que a intenção é evanelizar. “Espero que as pessoas sintam a presença de Deus e passem a ir na igreja também como opção para se divertir", comenta Paulo.
Empolgado em frente ao palco, Amauri Souza, de 23 anos, diz que até pensou em não ir, por ser muito, muito longe, mas por fim, diz que valeu a pena pela qualidade do som. "Também tá super organizado", elogia.
Lucas Dutra, de 19 anos, toca guitarra na banda DEC - Direcionados em Cristo. Para ele, o Rock do Mato é um incentivo e tanto. "É uma maneira de fortalecer a cena do rock cristão e levar a mensagem de Jesus", prega.