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Diversão

Depois de 40 anos, João, Rose e Jean não vão sair de casa para o Carnaval

Pierre, João e Rose são carnavalescos que há anos não dispensam a folia mas, pela 1ª vez na vida, vão ficar sem Carnaval neste ano

Thailla Torres | 12/02/2021 09:12
Pierre vai ficar em casa assistindo reprises (Foto: Silas Lima)
Pierre vai ficar em casa assistindo reprises (Foto: Silas Lima)

O Carnaval está no coração de Jean Pierre Michel há 40 anos. Passista e apaixonado por samba, este ano é a primeira vez desde os 14 anos que ele não vai sair de casa para o Carnaval.

Apesar da necessidade e da importância deste isolamento no período em que a principal festa do país foi cancelada, ele não nega a tristeza. “Meu coração aperta. A todo momento vem a lembrança de que neste período eu já estava com tudo pronto”.

Atendendo no comércio em que é proprietário na Rua 7 de Setembro, o único plano deste fim de semana é ficar em casa e deixar o coração bater forte ao assistir as reprises dos grandes desfiles na televisão.

“Toda hora eu me lembro que se não fosse pandemia, eu já estaria com corpo, cabeça, música, roupa, coreografia e a letra do samba prontos. Mas o jeito vai ser me contentar com o que temos, como as reprises, porque o mais importante é a nossa saúde”, alerta.

Jean que já desfilou em inúmeras escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, ano passado se tornou o primeiro rei de batera da escola de samba Vila Carvalho, de Campo Grande.

João durante pré-Carnaval em Campo Grande (Foto: Helton Perez/Vaca Azul)
João durante pré-Carnaval em Campo Grande (Foto: Helton Perez/Vaca Azul)

 Quem também não segura as lágrimas para falar do Carnaval é o funcionário público João Barboza, de 50 anos.

É uma tristeza, eu estou arrasado. Sei que é necessário, que é só um momento e tudo vai ficar bem. Mas eu amo Carnaval”.

João organizou o Carnaval em Aparecida do Taboado, Nioaque, participou ativamente do Carnaval de blocos em Campo Grande, viu crescer o movimento na Esplanada Ferroviária, viu começar e terminar o movimento nas praças Aquidauana e Rádio Clube, por isso, não consegue segurar a emoção ao ver a fantasia no guarda-roupa sem por usá-la.

Todo ano ele e o marido fazem fantasias, conversam, confraternizam com os amigos e, neste ano, o jeito vai ser ficar em casa. “Vamos ficar aqui, pensar nas vidas que se foram, pensar nas famílias, nas nossas responsabilidades e entender que é só um período”.

João fez uma retrospectiva com os amigos e lembrou o quanto todo mundo era feliz. “Graças a Deus a gente aproveitou e viveu intensamente tudo no Carnaval, porque hoje a gente sente falta, mas tenho esperança que esse momento vai vir novamente”.

João conta que o Carnaval está no coração desde a infância e nos últimos anos teve a oportunidade passar 4 anos de folia em Olinda. “Foram quatro anos conhecendo pessoas e fazendo amizades de todas as partes do país e do mundo. Eu sempre fui atras do Carnaval, sinto que ele é um momento de repor as energias, de extrapolar e estar pronto para o que der e vier”.

Rose diz que vai pedir pelas famílias que perderam seus entes queridos e para que as pessoas não aglomerem (Foto: André Bittar)
Rose diz que vai pedir pelas famílias que perderam seus entes queridos e para que as pessoas não aglomerem (Foto: André Bittar)

Esse ano, para a porta bandeira da principal escola de samba da cidade, a Vila Carvalho, o jeito vai ser repor as energias através da fé. “Ficarei na minha casa pedindo por todas as famílias que ficam e perderam os seus entes queridos desde o início dessa pandemia”, explica Roselene Alves Varanis, de 62 anos.

Nessa época ela já estava com samba enredo decorado e a bandeira pronta na sala só à espera do dia do desfile das escolas de samba campo-grandense. “Além disso tinha os ensaios, os encontros com os amigos, o envolvimento com a comunidade, o sorriso de fevereiro. Mas ainda bem que tudo foi cancelado, precisamos viver esse momento de reflexão”.

Sem botar o pé para fora de casa, ela também vai tentar pedir em suas orações para que outros foliões não se arrisquem nas aglomerações clandestinas. “Eu sei que o Carnaval nos traz felicidade. Mas esse ano não temos nada para comemorar, a felicidade em 2020 foi muito arrasada. Temos que nos fechar e pedir para ninguém cair na folia. Peço para que as pessoas olhem para as famílias que perderam seus entes queridos e sintam compaixão”.

Na visão de Rose, ela não tem dúvidas que se cada um fizer sua parte em 2021, em 2022 será possível fazer um Carnaval bonito. “Por enquanto vamos colocar só nossas fotos nas redes sociais e matar a saudade com as lembranças”, finaliza.

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Rose segurando a bandeira da escola em sua casa (Foto: André Bittar)
Rose segurando a bandeira da escola em sua casa (Foto: André Bittar)
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