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Diversão

Desfile das escolas vira festa para quem quer curtir o Carnaval sem muvuca

Muita gente torce o nariz para o evento na Praça do Papa, mas o lugar é animado, principalmente, nos bastidores.

Kimberly Teodoro | 05/03/2019 07:48
Com programação bem mais "tranquila", o desfile das escolas de samba é alternativa para a família toda (Foto: Paulo Francis)
Com programação bem mais "tranquila", o desfile das escolas de samba é alternativa para a família toda (Foto: Paulo Francis)

Feito na na base da garra de quem não desanima diante dos poucos recursos, o desfile das escolas de samba na Praça do Papa virou festa que é a cara da família brasileira, feito para quem quer curtir o Carnaval sem muvuca e empurra-empurra.

Começando com alguns minutinhos de atraso, inclusive da parte do público, a “avenida” cercada pelo mato alto dos terrenos que formam um “limbo” entre a rua pintada de branco e as casas na região do Santo Amaro, a criançada se aventura entre uma escola e outra, acompanhada dos pais que observam ou das arquibancadas ou dos próprios banquinhos montados na calçada. O espaço é democrático, cabem até os vendedores ambulantes que são um desfile a parte, carregados de máscaras cheias de brilho, tiaras luminosas, coxinha, churros e pipoca.

Sentada perto do meio-fio, Anne, de 9 anos é a fadinha ansiosa que bate os pés no cimento abraçada a mochila de lantejoulas coloridas. Ao lado dela, o irmão João Jorge, de 2 aninhos, que esse ano decidiu virar o homem de ferro. No olhar dos dois, a expectativa cresce junto com a música da bateria que já começa a tocar do outro lado da passarela. “Ela participa do Carnaval desde os 2 anos, começou com os bailinhos da escola em que eles fazem Carnaval e vão com a fantasia, que ela mesma escolhe e pede para vir todos os anos”, conta, Vanessa Tino, de 41 anos, que além dos filhos trouxe também o marido e a mãe, Elenice Souza, de 65 anos.

Com fantasia que ela mesma escolheu, Anne espera ansiosa a entrada das escolas de samba (Foto: Paulo Francis)
Com fantasia que ela mesma escolheu, Anne espera ansiosa a entrada das escolas de samba (Foto: Paulo Francis)
Com samba nos pés desde pequenos, Anne e João aproveitam o desfile sob o olhar atento dos pais e da avó (Foto: Paulo Francis)
Com samba nos pés desde pequenos, Anne e João aproveitam o desfile sob o olhar atento dos pais e da avó (Foto: Paulo Francis)

Vanessa diz preferir o desfile por ser a opção mais tranquila para as crianças. “Acho que a esplanada é muito cheia para eles, eles ainda são muito pequenos e tem coisas que eu ainda não gostaria que eles vissem. O ambiente é mais família, mais calmo. Bom mesmo é nos clubes, mas como é cada vez mais raro, o melhor lugar para trazer eles é aqui”.

Na platéia desde a época em que o desfile acontecia na Rua 14 de Julho, Carla Magalhães, de 51 anos, acompanha a mãe Terezinha Magalhães, de 77 anos. Uma tradição que Terezinha diz já nem se lembrar de quando começou, mas que vai continuar enquanto a saúde permitir, porque disposição ela tem de sobra. “Ela já trazia a gente desde pequeno, éramos em 3 irmãos, para não irmos é só se estivesse chovendo muito. A gente até assiste a reprise do desfile do Rio de Janeiro, mas não é a mesma emoção de ouvir a bateria aqui de pertinho”, conta Carla.

Professora "artista e apaixonada pela arte", Terezinha é a personificação da animação no Carnaval (Foto: Paulo Francis)
Professora "artista e apaixonada pela arte", Terezinha é a personificação da animação no Carnaval (Foto: Paulo Francis)
Carla acompanhou a mãe aos desfiles de Carnaval durante toda a vida (Foto: Paulo Francis)
Carla acompanhou a mãe aos desfiles de Carnaval durante toda a vida (Foto: Paulo Francis)

Terezinha conta que a parte favorita nos desfiles é “a alegria e a energia” que vem com quem desfila. “Tenho até vontade de ter 15 anos de novo para estar ali sambando. Você já viu uma professora triste? Ela tem que ser artista para conquistar o aluno e eu fui professora por 33 anos, artista e apaixonada pela arte. A magia que acontece aqui é inexplicável, acaba o Carnaval hoje e eles já estão pensando na edição do ano que vem”, apesar disso a aposentada revela nunca ter saído em nenhuma escola de samba por causa de uma veia entupida no coração. “Eu é que tenho que segurar ela, ou ela não se aguenta de emoção”, conta Carla.

Gisele mora na região e começou a levar os filhos Breno e Maria Fernanda no passado (Foto: Paulo Francis)
Gisele mora na região e começou a levar os filhos Breno e Maria Fernanda no passado (Foto: Paulo Francis)

Gisele Andrade Pereira, de 42 anos, mora na região e vem todos os anos ver o desfile, atração que no ano passado ganhou a companhia dos filhos Breno, de 3 anos e Maria Fernanda, de 2 anos. “Eles estavam doidos para vir para o Carnaval. Moramos perto e dá para trazer as crianças, é seguro, mais família e com um clima muito gostoso. Antes de ser aqui era muito longe, principalmente para vir com criança. A bateria, a ala das baianas, mesmo sendo um desfile pequeno tem a emoção, nem perco o meu tempo assistindo aos desfiles da TV quando ao vivo é muito melhor, tem essa vibração, o batuque que eles também sentem”.

Na segunda-feira (4), a Herdeiros do Samba ficou responsável pela abertura do evento, seguida pela Unidos do Aero Rancho, Cinderela Tradição e a Unidos do São Francisco, encerrando a primeira noite de desfiles.

Hoje (5), a Unidos do Cruzeiro, Catedráticos do Samba, Deixa Falar, Igrejinha e Vila Carvalho trazem samba para a avenida a partir das 20h.

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