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Diversão

Funerária negocia imóvel e velórios podem acabar com Carnaval na Esplanada

Problema para quem promove eventos populares é que lugar hoje é um dos principais pontos culturais da cidade

Lucas Arruda | 24/11/2017 08:04
Comprada por funerária, casa já foi bar e boate (Foto: Paulo Francis)
Comprada por funerária, casa já foi bar e boate (Foto: Paulo Francis)

Os mortos podem acabar com a folia de quem quer curtir os blocos de rua no Carnaval em Campo Grande. Uma funerária assinou compromisso de compra de imóvel dos anos 1930 na região da Esplanada Ferroviária, onde acontece os desfiles do Cordão Valu, Capivara Blasé, entre outros blocos. A casa fica na Avenida Calógeras, quase na esquina com a Mato Grosso, já foi bar e boate e está situada em frente ao Armazém Cultural, onde acontece exposições artísticas e shows. Avaliado em cerca de R$ 750 mil, o prédio fica em área tombada como patrimônio histórico de Campo Grande.

O que os promotores culturais não querem é que velório acabe com toda a curtição que acontece na região. “Não consigo compreender como as festas poderão conviver com uma funerária, que necessita de um lugar calmo para que as pessoas que estão ali velando um ente querido não sejam incomodadas. São dois extremos culturais, um de celebração à vida e outro a cultura da morte”, enfatiza o organizador do bloco Capivara Blasé, Vitor Hugo Samudio.

Os blocos de rua ocuparam a região, primeiro com o Cordão Valu, há cerca de 10 anos. E a cada ano que passa o Carnaval atrai mais gente para as ruas de paralelepípedo. Na região também há um bar, além da Feira Central que atrai centenas de pessoas. “É uma região que tem uma questão histórica e cultural, a diversão é tradicional ali. As pessoas do movimento artístico e cultural irão sofrer impacto caso comece a ter velórios”, argumenta Vitor.

No Armazém Cultural acontece, cada vez mais, shows, batalhas de rap, poesia. “Fica bem em frente da casa, como que irão acontecer eventos culturais ali. Por aqui já se institucionalizou eventos assim, não há como comportar uma funerária”, reclama o proprietário de um bar da região que não quis se identificar. “Aqui mesmo fazemos festas com música às vezes, como faremos eventos sem incomodar um velório”, questiona.

A intenção de compra foi confirmada, sem a divulgação do nome da funerária em questão. Mas segundo a Secretaria de Cultura do município, a instalação ainda depende de alguns trâmites.

O proprietário deverá aprovar seu projeto junto à Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), antes que realmente se torne uma capela, lembrando que o endereço está numa região de interesse cultural da cidade. O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de Mato Grosso do Sul) não se pronunciou sobre a compra até a publicação da reportagem.

O advogado André Luiz Godoy Lopes, que representa o proprietário do imóvel, garante que a compra ainda não foi concretizada, porque não houve pagamento. Também não confirma se a empresa interessada na casa é uma funerária.

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Milhares de pessoas vão às ruas durante o Carnaval na região da Esplanada Ferroviária (Foto: Arquivo)
Milhares de pessoas vão às ruas durante o Carnaval na região da Esplanada Ferroviária (Foto: Arquivo)
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