Kafofo era um imóvel quase abandonado, mas pode virar centro cultural
Na Euller de Azevedo com a Ernesto Geisel, o espaço com mais de 45 salas quer ser o primeiro com gestão coletiva e colaborativa da cidade
"Eu passava por aqui e pensava: o que é que eu vou fazer com esse grande elefante branco?", lembra a jornalista Cláudia Trimarco na inauguração do Kafofo, um novo espaço cultural na Avenida Euller de Azevedo. Cláudia é a filha de Joaquim de Paula Ribeiro, o "Cota", dono de grandes imóveis, quase todos inativos em Campo Grande.
Fã e apoiadora da cultura regional, Cláudia sentia falta de um lugar que recebesse essa classe de pessoas e teve a grande ideia, deu o pulo do gato, ao transformar aquele gigante imóvel, um galpão em centro cultural. Ela resolveu ceder cada uma das 45 salas do local a artistas que não tem condições de manter o próprio ateliê, o estúdio de música ou, porque não, uma cozinha profissional. "Nós não teremos amarras ao escolher os participantes desse coletivo. Estamos abertos para quem nos procurar", explica.
O imóvel foi a primeira loja na periferia do Cota, famoso na região do São Francisco. Ficou fechado por anos, num estado de quase abandono. "Tinha gente que ficava aqui pra cuidar disso tudo. Pra não deixar esse espaço ser invadido". A princípio, Cláudia pensou em fazer ali uma espécie de pensionato, para receber alunos de universidades e faculdades. "Me diziam que faltava isso por aqui".
Mas no sábado foi a abertura para a arte, para a comunidade conhecer um pouco do que vai se tornar aquele imenso galpão na esquina da Ernesto Geisel com a Euller. Os interessados tiveram a chance de conversar com Cláudia e os outros cinco integrantes do coletivo Kafofo pessoalmente.
Peter Lucas foi um dos primeiros incentivadores da ideia, junto de Cláudia. "Ele topou na hora e se dispôs a me ajudar em tudo que fosse preciso". No local, ele vai abrir um café estilo pub. "Prometi a melhor sala pra ele, e dito e feito", brinca Cláudia.
O primeiro centro cultural privado de Campo Grande deve ficar pronto para receber as pessoas interessadas em cerca de 30 dias. O sonho dos integrantes é promover ali uma gestão coletiva e colaborativa. "Quero ver a união dos artistas para fazer viver a arte aqui".
O nome Kafofo foi escolhido pelos pioneiros do coletivo mas, de acordo com Cláudia, nada impede que venha a ser batizado de outra maneira. "Também é uma coisa que vamos ter que pensar todos juntos".
Instalações deram cor ao aspecto de obra em andamento na primeira festa. Logo na entrada principal do local, uma borboleta colorida, feita e crochê, era fundo para fotografias. Lá dentro, colagens e obras feitas por artistas regionais, completavam o ambiente.
Camila Santana é outra integrante do coletivo, uma das pioneiras. Ela vai abrir sua própria cozinha ali. "É uma iniciativa que tem tudo pra dar certo. Não vou dizer que vai ser fácil, porque vai demandar de muita ação em conjunto mas faz parte". Kite, como é mais conhecida, estava a postos servindo seus hambúrgueres artesanais para a galera.
A atriz Luanda Sant'Ana também é do Kafofo e leva para o espaço oficinas de artes cênicas. Para ela, um projeto desses é importante pois mostra a força do coletivo. "Eu acredito que a gente precisa ocupar todos os espaços, da rua à esse tipo de local. Mas não basta incentivar ações como essa, é preciso se apropriar do espaço, arregaçar as mangas e ajudar, ter isso como algo seu também", finaliza.
Para entrar em contato com a organização ligue (67) 99292-4220.
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