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Diversão

Louco pelo dedão do pé, Edgar fez plateia conhecer Arena Helena Meirelles

O grupo de teatro “Falta Um” apresenta o “Cérebro Edgar” e espetáculo leva plateia ocupar espaço que estava abandonado há 14 anos

Alana Portela | 22/12/2019 07:23
O grupo de teatro "Falta Um" encenando o espetáculo "Cérebro Edgar" (Foto: Pedro Amaral)
O grupo de teatro "Falta Um" encenando o espetáculo "Cérebro Edgar" (Foto: Pedro Amaral)

Foi preciso Edgar se apaixonar pelo dedão do pé para que os moradores de Campo Grande conhecessem a Arena Helena Meirelles. O local fica no Parque dos Poderes, ao lado da TV Educativa e há 14 anos não era palco de espetáculos culturais. Contudo, neste fim de semana o grupo de teatro “Falta Um” retoma a ocupação do espaço com apresentação gratuita da peça “Cérebro Edgar”.

No espetáculo de ontem, o protagonista se apaixonou pelo dedão do pé, o que é algo inaceitável pela sociedade. Edgar foi trancado pela esposa num calabouço, onde passou a refletir sobre a vida e foi considerado louco por seus próprios pensamentos. No local, resolveu enfrentar a si mesmo e o espectador embarcou numa viagem desafiadora com ele.

Edgar decide enfrentar os medos mais sombrios dentro do próprio cérebro para viver um amor por um membro de seu corpo, o pé. Por meio dessa metáfora a peça aborda temas sociais atuais e propõe vasta reflexão, fazendo o público também interagir nas decisões do protagonista.

Na peça, Edgar é atacado pelos delírios da própria mente (Foto: Pedro Amaral)
Na peça, Edgar é atacado pelos delírios da própria mente (Foto: Pedro Amaral)
Na trama, o protagonista é acorrentado pelo pensamento por não poder viver o amor (Foto: Pedro Amaral)
Na trama, o protagonista é acorrentado pelo pensamento por não poder viver o amor (Foto: Pedro Amaral)
O ator Tero Queiroz viveu Edgar e no teatro mostrou o sofrimento do homem considerado louco pela sociedade (Foto: Pedro Amaral)
O ator Tero Queiroz viveu Edgar e no teatro mostrou o sofrimento do homem considerado louco pela sociedade (Foto: Pedro Amaral)

A plateia assistiu tudo a céu aberto, com poucas luzes e sem nenhuma decoração especial que pudesse chamar atenção. Quem chegou para assistir, não conhecia o espaço e achou até que estivesse no local errado. Contudo, só foi o show começar para o cenário ser esquecido e o público ficar vidrado na história dramática.

O ator que interpretou Edgar na peça, Tero Queiroz comenta que a arena estava abandonada há 14 anos e lembra que pouco antes de falecer, Helena Meirelles visitou o local. “Ela morreu há 15 anos, mas chegou a ver o espaço ficar esquecido, viu que as luzes já não funcionavam mais”.

O local é uma arena aberta no formato redondo, com arquibancadas para o público assistir o que acontece no meio do espaço. Além incentivar a cultura, a plateia ainda pode contemplar a escuridão da noite perto da natureza.

Para ele, é importante retomar a arena. “O local está esquecido não só pelo poder público, como também pela classe artística que vaga e luta por mais espaços em Campo Grande. Aqui é um lugar nosso e deve ser ocupado”, destaca.

Aos 51 anos, Rozair Taveira é comerciante e mora na cidade desde que nasceu. Conhece vários pontos da Capital, porém ontem foi a primeira vez que esteve no teatro de arena. “Não sabia que existia um espaço de cultura assim, a céu aberto. Tem pouca infraestrutura, porém os atores tiveram boa performance e gostei da apresentação”, diz.

Da arquibancada do teatro Arena Helena Meirelles o público assistiu ao espetáculo (Foto: Alana Portela)
Da arquibancada do teatro Arena Helena Meirelles o público assistiu ao espetáculo (Foto: Alana Portela)

Ela soube do evento através de uma amiga e quis ver a apresentação porque adora atrações culturais. “Penso que precisamos de mais eventos assim, pois Campo Grande é carente de espetáculos. É necessário apoio que os grupos tenham mais apoio”, fala Rozair.

A chef de cozinha, Romary Gonçalves também não conhecia o local. “É o santuário da Helena Meirelles que está sem infraestrutura, mas os atores encenaram bem. Soube do espetáculo através da minha vizinha e vim do Monte Castelo para conhecer o local e ver a apresentação”.

Douglas Buso mora na Capital há 10 anos e nesse tempo nunca tinha conseguido ver o teatro de arena funcionar. “Essa é minha primeira oportunidade. Sempre passei pela região e admirava o local, mas vivia fechado”, comenta. Ele é professor e após ver o espetáculo ficou reflexivo e até pensa em escrever algo referente. “O que vi foi uma imersão mostrando uma pessoa que está delirando dentro da própria mente”, completa.

O espetáculo continua neste domingo, às 20h em ponto. Então chegue um pouquinho mais cedo para garantir um espaço na arquibancada e assim não perder nenhum detalhe da peça.

Local: Av. Des. Leão Neto do Carmo, s/n - Parque dos Poderes.

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Romary Gonçalves conta que foi convidada para conhecer o local e assistir ao teatro (Foto: Alana Portela)
Romary Gonçalves conta que foi convidada para conhecer o local e assistir ao teatro (Foto: Alana Portela)
Rozair Taveira sempre morou em Campo Grande, mas não sabia da existência da arena (Foto: Alana Portela)
Rozair Taveira sempre morou em Campo Grande, mas não sabia da existência da arena (Foto: Alana Portela)
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