Na avenida do samba, 10 mil pessoas e nenhuma dor de cabeça para a PM
Desfile de escolas de samba é programa de família em Campo Grande. Mesmo com a avenida lotada até a última escola passar, a Polícia Militar não teve trabalho. “Foi tudo muito tranquilo. São muitas crianças dançando, casais de namorados, os pais se divertindo”, diz o major Mário Ajala.
O público, “entre 10 e 12 mil pessoas”, segundo o oficial da PM, teve comportamento exemplar, pelo menos durante a festa. “Não tivemos nenhuma ocorrência”, confirma o major. As quatro arquibancadas ficaram cheias de gente naturalmente alegre, sem muitas latinhas de bebida em exibição.
“Nesse tipo de festa, a gente vê o povo embriagado, mas aqui quase não vi gente com cerveja na mão”, comenta Eunice Castelhani, de 55 anos. Com as duas netas pequenas, a senhora diz ter ficado encantada com o programa desta terça-feira. “Vim meio desconfiada, porque é muita gente. Mas o espaço é tão grande, agradável, que dá para pular Carnaval sem problemas e de graça”.
Mesmo depois das 4 escolas do grupo especial desfilarem, lá pela 1h da madrugada, a maioria das crianças na platéia continuava com os olhos abertos e dispostos a ver mais. “Achei muito rápido”, diz com cara de chateada a fadinha cor-de-rosa, Nicole Rocha, de 5 anos, já no colo do pai, a caminho de casa.
Valéria arrastou os cinco filhos para o desfile: dois adolescentes - com cara mais de contrariados, e 3 crianças, parecendo bem mais dispostas à bagunça. Ao lado do marido, bem maquiada e produzida para a ocasião ela só lamenta ser a mais animada da turma. “Por mim ficava até o terminar tudo, mas se os menores ficarem com sono, vou ter de ir para casa”.
Como a festa é diversão para a família inteira, a empresária Dorisday Nantes, de 48 anos, levou até a cadelinha Mel para acompanhar o desfile. A poodle branca ficou no colo, com lacinhos e chapéu, bem no clima da noite.
Há 15 anos a dona mora na região, mas pela primeira vez tomou coragem e seguiu o som da bateria até a Praça do Papa. “Tive uma boa surpresa. É muito bem organizado, sem bagunça e as pessoas que desfilam parecem muito envolvidas. Gostei”.
Para quem se aventura pela primeira vez, os preconceitos sobre o Carnaval de Campo Grande vão caindo por terra. “Vim porque minha irmã resolveu desfilar. A gente pensa que só tem gente feia, mas vi cada mulher bonita, de deixar a gente com vergonha”, admite a bancária Katiusca Perez, de 27 anos.
Nos desfiles as crianças também deramo tom "família" ao Carnaval de Campo Grande. Como madrinhas mirim de bateria, ou em alas infantis, a meninada mostrou que tem samba e disposição suficientes para levar por muitos anos as escolas de samba.
Giovana é sobrinha do presidente da Unidos do Cruzeiro. No ano passado tocou na bateria da escola e em 2013 foi a novidade entre os puxadores do samba da escola. "É o que eu mais gosto na vida", sentenciou aos 11 anos de idade.