Roberto Carlos emociona plateia e canta para diversas gerações
Das amigas, que cantam juntas “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”, até a filha que segura com carinho a mão da mãe de 83 anos em “detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grandes para esquecer”, o show de Roberto Carlos é emocionante do começo ao fim.
Cada uma das mais de 2 mil pessoas na apresentação do “Rei” na noite de ontem no Ginásio Dom Bosco guardava na memória a história particular de cada canção.
Roberto Carlos subiu ao palco em Campo Grande pontualmente às 21h30. Uma introdução de “Como é Grande o meu Amor por você” testou o coro da plateia, que respondeu animadamente.
O Rei só soltou a voz em “Emoções”, uma tradição do cantor. Em seguida, agradeceu ao público. “Muito obrigado por esse carinho, por todo esse amor que eu acho que recebo desde que nasci”.
Na lista de músicas que viriam no decorrer da noite apenas sucessos: “Além do Horizonte”, “Desabafo”, “Outra Vez”, “Nossa Senhora”, “Calhambeque”, “Esse Cara sou Eu” e “Jesus Cristo”.
Na plateia era difícil perceber alguém que não se entregava aquele momento. Vanessa Loureiro, 50 anos, era uma das imersas na energia do show. Segurando com carinho os braços e a mão da mãe, dona Mary, de 83 anos, ela chorava copiosamente a cada canção.
As lembranças da família e o desejo de levar a mãe à apresentação eram motivos suficientes para nunca mais esquecer aquele dia.
“A gente cresce ouvindo Roberto Carlos e ela é fã, têm todos os discos, CD’s, imãs de geladeira, faz parte da trajetória da nossa família”, explica Vanessa.
Na cadeira de rodas, Mary acompanhava o show ao lado da filha. Logo no finalzinho, perto do momento em que o Rei joga as famosas rosas vermelhas e brancas, Vanessa empurrou a mãe para perto do palco, para conseguir um ângulo melhor.
“Nós somos em quatro filhas mulheres, eu sou médica como o meu pai, que já faleceu. Trazer hoje minha mãe até esse show, na cadeira de rodas, tem um significado único para mim”, confessa.
Mães e filhas de todas as idades pareciam compartilhar da emoção de Vanessa e Mary. Lá na primeira fileira, a jornalista Magda Tebcharani, 42 anos, fez questão de comprar o ingresso para a mãe, Aparecida em comemoração ao aniversário de 63 anos, celebrado amanhã, dia 3 de outubro.
“Ela sempre foi fã do Roberto Carlos, então os filhos juntaram para dar o ingresso para ela. Quando abriu a venda eu já corri para comprar, fui a primeira. Ela nem sabia que era na primeira fileira”, brinca Magda.
Dona Aparecida era só felicidade. Mesmo apaixonada pelo “Rei”, ela nunca tinha visto de perto o cantor. Até durante a entrevista os olhos ficavam iluminados. “Eu nasci em Maringá, mas me criei em São Paulo e nem lá eu vi um show do Roberto Carlos”, afirma.
O pai de Magda faleceu há 12 anos e desde então, a função dos filhos é deixar a mãe um pouco mais feliz. “É uma lembrança que fica para o resto da vida. Eu gosto do Roberto, mas não sou aquela fã, querendo ou não você gosta por causa dos pais, minha mãe ouvia muito na época do rádio”, relembra.
Essa fase de ouro da música e da história de Roberto Carlos é que fez muita gente apaixonar pelo ídolo da Jovem Guarda. Com 74 anos, o rei ainda canta com charme no palco. Parece ter as falas prontas, mas diz com sinceridade.
“Sou apaixonada por ele desde a adolescência. Vi um show em Campo Grande e o meu sonho é quem sabe ele autografar os meus discos”, deseja a professora Magda Maria Melo Falcão, 51 anos, carregando um LP do ídolo.
Para ela, o sucesso de Roberto Carlos se deve ao romantismo. “As músicas e letras dele são um poema. Não tem uma letra feia. Minha favorita é o Portão, me emociona pela história dela”, diz Magda.
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