Sem cachê, banda faz rock vingar em meio aos sertanejos nas redondezas da UCDB
Depois da faculdade, a vida se transformou, mas a vontade de tocar rock permaneceu e o jeito que os amigos da banda “Tonho Sem Medo” encontraram foi pegar a estrada rumo a Campo Grande.
Dois dos integrantes da banda, o guitarrista Manoel Cirqueira Neto, de 30 anos e o baterista Jeferson Cláudio, de 40 anos, são de Bandeirantes, município a 70 quilômetros da Capital. A cidade tem pouco mais de 6 mil habitantes. O rock ou qualquer tipo de entretenimento é raridade. Então, o jeito é pegar a estrada.
A vontade de tocar é tão grande que os amigos vem a Campo Grande duas vezes por semana para se encontrar com o resto do grupo que mora na cidade, uma para ensaiar e a outra para se apresentar no "Bar do Intervalo", em frente a UCDB, onde se conheceram.
Eles já passaram dos 30 anos, e não possuem nenhuma pretensão com a música além da satisfação pessoal. Tanto é que para tocar no bar eles não recebem cachê. O acordo é ganhar bebidas e tira gosto de graça. “É o nosso futebol”, comenta Plínio Zappah Teles, de 30 anos.
Ele é vocalista e foi viver em São Paulo, mas de volta a Campo Grande se uniu novamente aos amigos, na esperança de reviver os bons tempos. “A gente não se ilude, não queremos forçar a barra, vamos tocar porque gostamos”, explica.
O nome da banda faz homenagem segundo Manoel a uma das lendas da cidade de Bandeirantes. Caricato, o morador da cidade conhecido por todo mundo. A banda de rock tem no repertório os clássicos do estilo, como Led Zeppelin e Creedence.
Eles tocam às sextas-feiras, a partir das 20 horas e depois da apresentação é hora de guardar os instrumentos e pegar a estrada, novamente.
Paulo Henrique Souza Barbosa, de 40 anos é o proprietário do bar desde outubro. Ali, ele concorre com outros, mas voltados a música sertaneja. O empresário conta que as quintas se apresentava sozinho, a voz e violão, até que o grupo pediu um espaço para tocar.
A esposa de Manoel, a publicitária Débora Cirqueira, de 34 anos, não só acompanha o marido nas apresentações e ensaios, como também é uma das principais apoiadoras da reunião dos amigos. “Além de eu curtir o som, eu dou apoio, ele tem que ser feliz”, comenta.