Amigos criam projeto para colocar a bicicleta nos planos da cidade e das pessoas
Aos 43 anos, o sorriso e disposição de Simone Mamede são prova de que andar de bicicleta melhoram muito a vida. O dia começa cedo e de magrela ela segue até a universidade, sem cansaço e aproveitando a paisagem com calma.
Fazendo doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional Sustentável, o uso da bike virou mais que estilo de vida, hoje é um projeto de saúde e preservação ambiental.
Simone e um grupo de amigos iniciaram juntos o “Bicicleta nos Planos”. A ideia é simples, contribuir e incentivar a comunidade a utilizar um meio de transporte não poluente e batalhar pelo respeito a essas pessoas.
“É bacana que, enquanto a gente atua como cidadão e pesquisador, consiga contribuir para um desenvolvimento mais sustentável na cidade. Essa é perspectiva da bicicleta para uma vida melhor, mais saudável e dando qualidade de vida para nossa comunidade”, comenta.
Com pesquisas, levantamentos e oficinas, a proposta é qualificar a inserção desse estilo de vida saudável no Plano Diretor e no PMU (Plano de Mobilidade Urbana de Campo Grande) elaborando um documento que será entregue na Conferência das Cidades, que vai acontecer no fim deste mês e quem sabe viabilizar políticas públicas que melhorem a mobilidade urbana, que convenhamos, não é de se orgulhar por aqui.
O grupo já pontua questões que precisam ser vistas com bons olhos, para incentivar a mudança de comportamento das pessoas. Os fatores são inúmeros, entre os principais, os obstáculos encontrados pela falta de estrutura sai ganhando.
Entram vários fatores, “existe a falta de estrutura, de educação, de comportamento e respeito. É preciso respeito a todos os modais, porque se a gente for analisar a bicicleta não é exclusiva. Ela pede um caminho que a gente possa percorrer utilizando tantos outros meios de transporte não poluentes. Tem que melhorar as ciclovias que não são interligadas, a iluminação, investir em arborização e, principalmente, que ter campanhas para que pedestre e ciclista se respeitem no mesmo espaço”, esclarece.
Ainda dentro do projeto, os amigos e líderes buscam implantar um Observatório de Mobilidade Urbana Sustentável, para troca de experiências. "Seria um espaço de troca de experiências. Um espaço para pensamentos, pesquisadores e toda a comunidade atuando com os materiais sobre mobilidade urbana e acompanhando como está o andamento dessas mudanças que são necessárias”, explica Simone.
Para Marta Regina Melo, de 43 anos, que tem mestrado no assunto, ao adotar esse tipo de ação, até a imagem de Campo Grande muda para melhor. “Certamente também dá um visibilidade à cidade. Como se propaga hoje em dia a preocupação com a sustentabilidade, isso certamente ajuda”.
Além de pedalar pela cidade, Simone já viajou para Bolívia, Pantanal e até o Rio de Janeiro quando foi com grupo de ciclistas para a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2012. De lá pra cá que o grupo de amigos decidiu se unir, pedalar e batalhar para que outras pessoas tenham consciência que a bicicleta pode fazer bem a saúde e também ao meio ambiente.
“Isso é muito legal, a bicicleta te permite ter a percepção do outro, uma percepção maior de meio ambiente e do ser humano. De bicicleta, quando eu venho para a faculdade, pude observar um Ipê florido, as aves e suas interações. Quem faz isso de carro?”, pergunta.
E para que as pessoas também participe, o grupo criou um questionário para os interessados responderem na internet, com objetivo de analisar a realidade e o potencial do uso da bicicleta em Campo Grande. Acesse o questionário aqui.