Pouco falada, cirurgia metabólica pode até controlar diabetes
Assim como a bariátrica, cirurgia tem papel fundamental no controle de peso, hormônio de saciedade e até da glicemia em diabéticos
Você já ouviu falar em cirurgia metabólica? O termo não é novidade na comunidade médica brasileira, principalmente entre os cirurgiões. Aqui no país, o Conselho Federal de Medicina só reconheceu oficialmente o tratamento há três anos, pela resolução 2.172 de 2017, enquanto opção terapêutica para pacientes portadores de diabetes tipo 2 (DM2) e que tenham o IMC (índice de massa corpórea) entre 30-34,9 kg/m2. Aproveitando que hoje é o Dia Mundial do Diabetes, nada mais adequado do que tirar essa dúvida.
A cirurgia metabólica se apropria das técnicas de uma bariátrica (gastroplastia, isto é, cirurgia de redução do estômago), porém com um outro objetivo, diferente de apenas ter o foco na redução de peso para pacientes com obesidade considerável. Entre os médicos, a utilização de um procedimento para múltiplos tratamentos é mais comum do que se imagina.
"Quando fazemos uma determinada cirurgia, nós médicos podemos empregar uma técnica tanto para o tratamento da doença 'x' quando da doença 'y'. Essa confusão entre bariátrica e a metabólica é fácil de se corrigir. A de redução do estômago não somente visa perder peso, mas ela também traz uma melhora significativa em termos de metabolismo para o indivíduo, principalmente para pacientes com descontrole da diabetes, da hipertensão e mais", explica o cirurgião geral Silvio Luis da Silveira Lemos, que também atua no aparelho digestivo e possui a sub especialidade de cirurgia bariátrica.
"No estômago, são secretados hormônios e enzimas metabólicas de importância e que impactam diretamente na vida dos pacientes com a saúde frágil e descontrole de certas doenças crônicas como é o caso da diabetes. Pela cirurgia de redução, remove-se essa grande fonte de produção, o que afeta positivamente o metabolismo do paciente como um todo", acrescenta.
Pensando nesses termos metabólicos, até o ex-jogador e atual senador da república Romário se utilizou do procedimento "polêmico" (gastrectomia vertical com interposição ileal) – pelo menos era o que se considerava na época – justamente com o intuito de controlar o seu diabetes. Aqui na Capital, quatro anos após o futebolista, José Carlos deu uma guinada na sua saúde com o método cirúrgico.
Meu maior incentivador foi a vontade de continuar vivo".
"Descobri meu diabetes tipo 2 há 5-6 anos atrás. Hoje, fazem 15 dias que fiz a minha cirurgia metabólica com médico Silvio. Eu nunca tive uma alimentação saudável, fora que meu trabalho sempre foi algo que me deixava ansioso. Meus almoços eram sempre em restaurante, sabe aquela vontade de comer doce? Então… assim foi indo", afirma José Carlos Zanela Junior, o gráfico de 41 anos.
Com 1,90 metro, chegou a pesar 147 quilos – o que indica um sobrepeso pelo IMC. Porém, o maior problema sempre foi o descontrole do seu diabetes. Passou por profissionais da nutrição e da endocrinologia, até que por amigos descobriu a possibilidade de uma cirurgia metabólica.
"Eu acordava em média 6 vezes por noite para urinar. Sentia calor, tinha a respiração ofegante e a pressão nas alturas. Meu normal era sempre 16/10. Por indicação de dois amigos que também fizeram a metabólica, resolvi conversar com um médico sobre essa possibilidade", relembra.
Hoje, após o procedimento, não sente mais tanta fome – com pouco já fica satisfeito – e sua diabetes está praticamente "curada". Agora, é ir aos poucos melhorando a alimentação conforme o médico liberar para nunca mais voltar ao que era antes.
"Meu sono agora é um só, sem acordar na madrugada. Minha diabetes hoje não passa da marca de 110 de glicose. Antes, o aparelho travava no 599. Eu era obrigado a tomar 9 comprimidos por dia para controlar. Após a cirurgia, joguei caixas e caixas fora. Eu até me emociono só de falar, realmente compensa, é muito bom cuidar da saúde", admite.
Atenção – Conforme o cirurgião Silvio Lemos explica, a cirurgia metabólica só é indicada para casos específicos de pacientes, principalmente aqueles com difícil controle clínico, com uso rígido de insulina e outras medicações – justamente o caso de José Carlos.
"Não é uma garantia, mas visa o controle entre 60-70% da doença. Não estamos falando de cura, mas de um controle eficaz. Estamos falando de uma doença que pode ser silenciosa no início, mas que com o tempo vai piorando gradativamente. Caso não haja um controle efetivo, piora vários processos do corpo, como visão, rins, a microcirculação, diminuição da imunidade e mais. É sempre importante ter completa e séria atenção", finaliza o médico.
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