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Sem ferrão, abelhas pet podem ser criadas até em apartamentos

Técnica demanda uma série de cuidados, paciência e bastante dedicação e estudo sobre as espécies

Por Idaicy Solano | 27/07/2024 07:20
Ninho de abelhas Jateí criadas no meliponario do Parque das Nações Indígenas (Foto: Idaicy Solano)
Ninho de abelhas Jateí criadas no meliponario do Parque das Nações Indígenas (Foto: Idaicy Solano)

Já imaginou produzir mel fresco em casa? Através da meliponicultura, nome dado à criação de abelhas pet e sem ferrão, é possível criar abelhas até mesmo em apartamento, mas a técnica não é tão simples quanto parece. Manter o ninho funcionando e as abelhas saudáveis para produzir demanda uma série de cuidados, paciência e bastante dedicação e estudo sobre as espécies.

A zootecnista e técnica da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Jovelina Maria de Oliveira, de 53 anos, é uma das responsáveis pelo meliponário localizado no Parque das Nações Indígenas, que conta com 12 espécies de abelhas pet, nativas de Mato Grosso do Sul, em mais de 30 ninhos localizados entre as árvores.

Ela explica que o primeiro passo é procurar um curso. Isso porque além da criação em si, cada espécie tem sua particularidade, então é essencial se capacitar antes de se aventurar a criar seu próprio ninho em casa. “Tem que ser uma pessoa que goste de mexer com isso para dar certo”, resume.

As abelhas pet são espécies que já se adaptaram às cidades, por isso, podem ser criadas tranquilamente em casas, e até em apartamentos. Mas para isso, é necessário que a residência seja localizada em um bairro bastante arborizado, afinal, é na natureza que elas saem para buscar seus alimentos.

Elas vão em busca do néctar das flores e pólen, trazem para o ninho, trabalham em cima desses elementos, e a partir deles, fazem os potinhos com mel. No caso das abelhas pets, se alimentam de árvores nativas do cerrado e flores.

A pessoa interessada em criar abelhas pet devem pesquisar sobre a espécie escolhida, e se certificar de quais são as flores das quais elas se alimentam, e se certificar de que elas estão disponíveis. Alguns exemplos citados pela zootecnista são: flores de árvores frutíferas, rosas, cosmos e onze horas.

“Quem cria abelhas pets tem que ter uma noção mínima porque tem várias coisinhas e cada abelha tem um tamanho de caixa, por exemplo . As abelhas evoluíram junto com o bioma, por isso que a gente fala que as pessoas têm que criar apenas abelhas do bioma, porque as árvores evoluíram junto com as abelhas”, explica Jovelina.

Jovelina explica sobre a prática da meliponicultura em casa (Foto: Idaicy Solano)
Jovelina explica sobre a prática da meliponicultura em casa (Foto: Idaicy Solano)

Um detalhe bastante importante, é que não se pode tirar os potes de mel no período de inverno, porque em períodos de frio intenso, as abelhas não saem do ninho para buscar alimento na natureza, por isso, o mel serve de alimento para elas nessa época do ano. O ideal é começar a coletar a partir de setembro, quando entra na estação da primavera, e posteriormente, no verão.

Juvelina ainda alerta que, mesmo na primavera e verão, o mel ainda serve de alimento para as abelhas filhotes, por isso, não se deve retirar ele de volta do ninho, e deve-se coletar apenas os excessos.

Outro detalhe, é que cada espécie tem um sabor de mel diferente, isso ocorre porque o sabor varia de acordo com as enzimas que as abelhas produzem. Quando estão em plena produção, é possível comercializar, ou colher para uso próprio, o mel, o própolis, a cera e o samburá, que é o pólen fermentado.

Favo de mel retirado de melgueira de abelhas Marmelada (Foto: Idaicy Solano)
Favo de mel retirado de melgueira de abelhas Marmelada (Foto: Idaicy Solano)
Interior de ninho de abelhas pet (Foto: Idaicy Solano)
Interior de ninho de abelhas pet (Foto: Idaicy Solano)

“Armadilhas” 

Jovelina explica que existem maneiras de capturar abelhas nativas sem ferrão diretamente da natureza. As chamadas iscas pets são imitações dos ninhos de abelhas, fixadas em árvores grossas.

A zootecnista explica que quando o enxame fica superlotado, uma parte vai embora junto com a abelha princesa para formar um novo ninho. Nesse processo de imigração, elas buscam por árvores grossas que tenham buracos para ela fazer sua moradia. “Então, imitando a natureza, a gente constroi uma isca, e coloca nessas árvores ou na varanda de casa, em locais que não pegue muito sol”.

Outro modo, é através de compra. É possível comprar o enxame na caixinha, e o valor vai depender do tipo da espécie. É possível encontrar jateí, por exemplo, a partir de R$ 250. As caixinhas são dividas em ninho, sobreninho e melgueiras, onde fica o excesso de mel produzido.

No site da Agraer, é possível ter acesso aos cursos de meliponicultura, assim como o passo a passo para criar as armadilhas para as abelhas.

Visita ao meliponário 

O meliponário do Parque das Nações Indígenas é um projeto de educação ambiental, com o intuito de mostrar a importância das abelhas sem ferrão. O espaço é aberto para a visitação guiada de escolas, famílias e até grupos de amigos.

A visita passa de colmeia em colmeia, podendo observar pessoalmente como funciona cada ninho. Além disso, também é possível solicitar palestras e cursos sobre a criação de abelhas pet. Para marcar a visita, basta marcar com a Agraer pelo telefone (67) 3318-5137.

Variedade de mel recolhidos dos ninhos; cor e sabor muda de acordo com a espécie (Foto: Idaicy Solano)
Variedade de mel recolhidos dos ninhos; cor e sabor muda de acordo com a espécie (Foto: Idaicy Solano)

Confira algumas das espécies que podem ser criadas como pet e suas particularidade:

Jataí - Espécie rústica, que pode ser encontrada com facilidade na zona urbana por sua capacidade para fazer ninhos e sobreviver em diferentes ambientes. O mel desse tipo de abelha costuma ser bastante suave.

Marmelada - A defesa dessa espécie é feita depositando própolis pegajosa sobre quem a importuna. Inclusive sua colmeia é coberta por própolis. A textura do mel desse tipo de abelha é mais espesso e tem cor âmbar.

Mandaçaia MQQ - O nome ‘Mandaçaia’ tem origem tupi guarani, e significa ‘vigia bonito’. É indicada especialmente para a polinização de plantas que precisam de vibração para liberar o pólen. Seu mel é bastante famoso pelo sabor.

Mandaçaia Pantaneira -  A entrada da colmeia é raiada, feita com solo argiloso e resina, que permite passar apenas uma abelha por vez. É uma boa produtora de mel e samburá (pólen). Seu mel é fluido e claro, com pouca acidez.

Lambe-olhos - Suas células de cria são em forma de cacho e a produção de mel e o estoque de samburá (pólen) é bastante reduzido, em função do número de abelhas que fazem parte do enxame.

Iraí - É uma abelha tímida e pequena. É bastante importante na polinização, principalmente do morango, café e pepino. Uma curiosidade é que ela fecha a entrada da colmeia com cera no período da noite,e  abre apenas ao amanhecer.

Mirim Guaçu - é uam espécie mansa, e seu ninho é caracterizado pela ampla presença de fios de cerume (cera e resina) para sustentação da estrutura. A característica do seu mel é a alta acidez, podendo ser utilizado como molho de salada.

Mirim Luci - É uam espécie mansa, pequena e que produz bastante própolis. A entrada do ninho é feita com própolis e geralmente é curta no exterior, e fica aberta apenas no período da noite.

Mirim Juliani - É uma abelha pequena, medindo apenas 3mm, e bastante mansa. A rainha interrompe a postura no período do outono  inverno, reduzindo drasticamente a população. Seu mel tem sabor ácido.

Uruçu Amarela - A entrada do ninho é feita com barro e resina na forma de raias, os potes de alimento são ovais, com cerca de quatro centímetros de altura. Seu mel é fluido, amarelo claro e levemente ácido. Sua forma de defesa é mordiscando.

Caixinhas são divididas em ninho, sobreninho, e melgueira (Foto: Idaicy Solano)
Caixinhas são divididas em ninho, sobreninho, e melgueira (Foto: Idaicy Solano)

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