Terapia em ascensão, constelação familiar dá jeito até no divórcio?
Apontada como modinha, terapeutas defendem que, na verdade, a crescente adesão ao método é característico da pós-modernidade
Na busca da causa e não de culpados, a constelação familiar se coloca mais uma vez como peça chave para cura diante do processo doloroso do divórcio. Apontada como modinha, terapeutas Osvaldo Lins Viana e Cleovia Almeida de Andrade defendem que, na verdade, a crescente adesão ao método é característico da pós-modernidade.
O IAP (Instituto de Apoio Psicológico) - Constelações Familiares abriu as portas neste sábado (29) para um dia inteiro de imersão terapêutica para tratar de questões relacionadas ao divórcio. Organizado pelo terapeuta constelador e filósofo Osvaldo Liz Viana, o evento contou com apoio da professora mestra Cleovia Almeida de Andrade da UFMS (Univerdade Federal de Mato Grosso do Sul), com formação em Análise do discurso e Terapia Sistêmica familiar.
O workshop deste sábado é uma continuação à palestra de Cleovia sobre o mesmo tema há oito meses. “A palestra da Cleovia foi uma mostragem de como é o trabalho e hoje recebemos somente as pessoas que querem fazer o uso dessa terapia para a própria situação”, pontuou Osvaldo.
Mas o que é constelação familiar? Viana explica que a técnica criada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger dá acesso a informações do inconsciente do paciente e possibilita superação de dificuldades pessoais.
Na prática, o método localiza bloqueios de amor na árvore genealógica dos pacientes por meio de fenômenos corporais, como dor, coceira, arrepios, frio, calor e emoções que acompanham isso.
“A técnica permite a leitura corporal e de sensações que mostram ao terapeuta e, especialmente, ao cliente quais são os amores internos que o levaram aquela à terapia, seja com o divórcio, dificuldade em manter emprego, de lidar com dinheiro ou com relações que sempre se repetem, enfim, situações que não conseguimos lidar e o consciente – a inteligência – não consegue captar a razão mais profunda. Essa razão pode ser manifesta pelo inconsciente através da relação com o sistema familiar. Tenho várias gerações que vieram antes de mim. Primeiro pai e mãe, isso é geneticamente necessário para eu exista. E psicologicamente eu não recebo nada? Recebo. Não se separam essas coisas. Então o que é que recebo? É com isso que a gente lida na constelação”, pontua Osvaldo.
Resumidamente, a constelação familiar tem o objetivo de encontrar caminhos possíveis para o equilíbrio, mesmo nos momentos mais difíceis. No divórcio, que é um processo doloroso e traumático para muitas pessoas, o método permite olhar as dinâmicas inconscientes que atuam sobre o casal.
Conforme Cleovia, a constelação vai ajudar a enxergar a verdadeira causa e não o motivo aparente. No processo, os pacientes encontram cura e não o conforto. “A dor de um processo como o divórcio impede de chegar a verdadeira causa. Por ser uma constelação sistêmica familiar a causa principal vai estar atrelada a família, origem, e crenças de origem familiar. A paciente não inicia o processo por conforto, mas por cura. Nem toda cura é confortável, a cura também pode ser um processo doloroso”, pontua.
Osvaldo esclarece que a constelação familiar não dispensa acompanhamento. “A constelação pode ser feita uma vez só, não há necessidade de fazer mais de uma vez, porém é preciso observar se com o contato feito com a cura vai ser o suficiente para reabilitar as atitudes internas e a minha história diante do que foi visto. Então é necessário um acompanhamento, como o da psicoterapia, para se adaptar a nova postura diante do que foi trazido de alívio, porque o alívio foi interno, agora, como será colocado para fora. Para muitas pessoas fica claro e, é natural que isso simplesmente funcione, mas muitas precisam de acompanhamento para olhar com ela os pontos que ainda estão fieis a postura antiga”, ressalta Osvaldo.
Na moda, não! Em ascensão - Apesar de ser considerada uma terapia nova, Cleovia ressalta que tudo que está na moda é passageiro e transitório. Viana acrescenta que a crescente busca pela Constelação Familiar é uma característica da pós-modernidade.
“A sociedade pós-moderna que tem essa característica de buscar relativizar para ser um pouco mais fiel aos sentimentos e a tudo que está acontecendo, permitiu que essas técnicas terapêuticas consideradas novas tivessem mais força. Ela se encaixa com a necessidade do homem pós-moderno, que é um homem crítico, relativista, de receitas rápidas, porém que ao mesmo tempo quer atingir a profundidade. Então, acredito que ela veio saciar essa necessidade da pós-modernidade”, finalizou.
Se você ficou interessado o IAP fica na Travessa Ninfa, 89.