Treinador une academia e anime para otaku ficar maromba

“Chega de estereótipos de otaku que não cuida da saúde”, resume o educador físico Lucas Miralles sempre que publica mais uma “lição maromba” em suas redes sociais. Há quase dois anos, o treinador decidiu unir animes com musculação para incentivar quem gosta das animações japonesas a ficar no “shape”.

Antes de sequer pensar em musculação, Lucas se apaixonou por Dragon Ball, Yu Gi Oh!, Digimon, Pokémon, Inuyasha e Naruto, mas o gosto ficou separado da vida profissão anos depois. Isso até que ele percebeu a oportunidade de levar os animes para a Educação Física.

“Eu resolvi misturar a parte dos exercícios e academia com os animes. O primeiro post que fiz foi sobre o Saitama, que é um personagem de One-Punch Man, um cara que teoricamente é o mais forte do universo dele”, descreve o treinador que faz suas publicações em seu perfil no Instagram.

A escolha de Saitama foi pelo treino do personagem que envolvia 100 agachamentos, 100 flexões, 100 abdominais e 10 km de corrida por dia, como explica Miralles. “Então fiz um post questionando se treinar todos os dias vale a pena porque alguns alunos já me questionavam se compensava e eu costumava conversar sobre como era necessário ter o descanso”.

Na prática, o educador físico pensa sobre como aproximar o público que gosta das animações japonesas das práticas de musculação e informações sobre os treinamentos fazendo analogias. Por isso, busca nos enredos e personagens possíveis relações.

Outro exemplo que veio logo no início é o quadro “lições marombas com animes” com o Nanami, de Jujutsu Kaisen.

“Ele é um feiticeiro de Jujutsu, que é o tema do anime, e ele tem esse ‘poder’ que é ativado quando começa a fazer hora extra. É como se fosse um pacto com ele mesmo de que, a partir daquele horário, ele consegue ter mais energia, mais poder para as batalhas”.

A partir desse recorte, Lucas conseguiu falar sobre como “fazer hora extra” nos treinos e com a dieta pode afetar os alunos. “Fazer mais do que precisa no treino, às vezes, não vai ser bom considerando o que foi planejado ali. Mas na dieta, por exemplo, quando todo mundo não segue no fim de semana, se você fizer essa ‘hora extra’ e seguir, vai ajudar muito nos resultados”, explica.

Além de conseguir auxiliar os alunos a assimilarem melhor o conteúdo, Miralles também viu como um ponto positivo para si, já que sempre gostou da área. E um ponto benéfico extra é trabalhar para tirar antigos estereótipos.

“O pessoal que é nerd e otaku sempre foi estereotipado como quem não gosta de treinar, fazer exercício físico e que se alimenta mal, mas esse estereótipo está sendo quebrado. E, além de tudo, a própria cultura dos animes e mangás está sendo mais difundida. Então, mais pessoas diferentes estão consumindo, já que conteúdos variados estão sendo disponibilizados com maior possibilidade de acesso”.

E, pensando no cenário como um todo, ele completa dizendo que as academias, influenciadores e produtores de conteúdo terem se difundido ainda mais ajuda a garantir que tanto otakus quanto outros públicos venham se atentando ainda mais à saúde.

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