O essencial virou acessório: quem compra relógio só para olhar as horas?
No balcão da loja a variedade de modelos de relógios desperta atenção de quem passa por ali ou daqueles que saíram de casa realmente para comprar um. Entre pulseiras, cores e tamanhos, o difícil mesmo está em se atentar nos ponteiros na hora das compras. O que era essencial virou coadjuvante. As horas e minutos estão em segundo plano diante da moda que chegou também para quem apenas marcava os segundos. Hoje, quem compra relógio só para olhar as horas?
Com o celular na palma da mão, basta um touch e elas já estão lá. Gritadas, geralmente em formato digital. O pulso, seja direito ou esquerdo, carrega agora de tudo, menos a função primordial. Quer ver só como a gente tem, em parte, razão? O Lado B foi às compras e encontrou clientes que confirmam: o item virou acessório.
"Eu gosto de escolher o que na verdade combina com tudo. O celular pode acabar a bateria, mas o relógio não, ele fica ali um tempão", diz a professora Suzi Ferro, de 23 anos. A comparação é ela mesma quem faz. Diante da falta do aparelho de telefone, é preciso voltar aos olhos do velho tic tac do relógio de pulso.
A dona da loja, Eunice do Amaral, de 41 anos, vê todos os dias homens e mulheres pedindo para provar esse e aquele modelo. Em média o tempo de escolha leva até meia hora.
Em uma das lojas, um grupo de mulheres escolhia e opinava uma à outra do que levar. A auxiliar de escritório, Tereza Oliveira, 51 anos, é quem admite logo de cara. "É acessório sim, E eu escolho pela beleza, gostou, levou. Olha esse, não é lindo?", ela pede até a opinião da equipe.
Hoje, o que tem mais saído são os relógios com pulseira imitando, ou até legitimamente, de couro. Um deles com strass sai em média R$ 30 no camelódromo de Campo Grande.
E não é pela falta de um. A esteticista Marlene Regina Correia, 63 anos, estava levando três novos acessórios para casa. Ela confessa, leva pelo estilo e olha as horas no celular, costume ou mesmo vício, ela nem se lembra que a utilidade que vai ao pulso é mais do que um item da moda. E na hora de comprar, a última coisa a reparar são os ponteiros.
"Eu levo pelo estilo e pela beleza. Eu gosto de relógio grande, com pedras e brilho", diz.
O comerciante Elias Tavares da Silva, de 66 anos, comprova por A + B que desta vez o Lado B acertou. "Os clientes levam mais pela boniteza mesmo e às vezes nem é um relógio de boa qualidade, de marca. Mas se é bonito, leva", afirma. No camelódromo é possível encontrar relógios masculinos de R$ 15 até R$ 85 e femininos entre R$ 15 e R$ 65.