Com tanta reclamação, tem até grupo só para falar de sushi em Campo Grande
Praticamente em cada ponto de Campo Grande há um restaurante de sushi. Tamanha é a fama que, na mesma proporção, cresce o número de reclamações contra os estabelecimentos nas redes sociais, inclusive, com a criação de um grupo específico só para falar bem ou mal do produto.
Com mais de 700 membros, o "Amantes de Sushi" foi criado pelo adolescentes Gabriel Souza, 15 anos, após perceber a necessidade dos clientes de "desabafar" após uma experiência ruim. "Recebo em média de 2 a 3 reclamações por dia. O que mais falta é um bom atendimento e sushimans qualificados", acredita.
Segundo Gabriel, ele cresceu experimentando sushis porque um dos tios morou um tempo no Japão e trouxe o costume. "Em casa gostamos muito, saimos para conhecer restaurantes e em alguns eu fui e odiei. Percebi que não tinha um lugar para reclamar", ressalta o fundador.
Em vista de tantas queixas, o Lado B resolveu fazer uma pesquisa para descobrir o que mais tira do sério a clientela apaixonada pela iguaria japonesa.
Para a advogada Gabriela Zeola Kanno, de 23 anos, que já usou a rede social para “desabafar”, um atendimento precário é o que mais a tira do sério. “Já tive duas experiências ruins em dois restaurantes diferentes da cidade. Há uns 3 anos, eu e minha família fomos jantar em um rodízio de sushis e passamos muito mal no dia seguinte, precisamos tomar remédio e ficar em repouso. A última experiência foi ruim por causa do atendimento do local, extremamente devagar, pouca variedade, pedi várias vezes pelos sushis doces”, relembra.
A demora e o pouco caso chegaram ao extremo de Gabriela decidir levantar e se servir. “Fui buscar no balcão”. Para ela, apesar do local estar cheio e com fila de espera, o restaurante devia se preparar com antecedência para a alta demanda. “Notei em outras mesas a mesma insatisfação da minha”, aponta.
Lentidão no atendimentoem pleno rodízio parece constar no topo das reclamações dos frequentadores dos restaurantes japoneses. A cabeleireira Josiane Segóvia Ribeiro, 36 anos, era cliente fiel de um sushi na Capital, mas observou que a mudança na gerência afetou toda a estrutura do local. “O gerente antigo corria entre as meses, ele cobrava a rapidez de todos, era visível. A última vez que fui lá estava vazio, com mesas sobrando, meu marido pediu um espeto e eu um rodízio. O pedido dele demorou 40 minutos para chegar e quando optei pelos sushis doces, eles avisaram que tinha acabado. Quase infartei, amo o rodízio de brigadeiro”, reclama.
Segundo Josiane, para conquistar o cliente, o restaurante precisa ir muito além do paladar. “Tem que ser um conjunto. Agilidade, simpatia me surpreende muito também. Sou humilde, não preciso de muita coisa”, acredita.
Além da demora e da falta de cuidado com o consumidor, alguns clientes apontam outros problemas de gestão, como a ausência de conhecimento do garçom em relação aos pratos e conservação dos produtos.
O jornalista e fotógrafo Everson Tavares relembra que acabou passando mal ao comer em um sushi de Campo Grande por problemas no armazenamento do peixe. “Quando não é fresco dá para ver e isso é sinistro. Quando passei mal estava na cara que o peixe tinha passado. O excesso ou falta de hondashi, um tempero que muitos usam no sushi também é um problema. Alguns são bem insossos”, garante.
Ele afirma que já fez cursos de sushi e que por isso o sabor é o que mais incomoda. “Mas o atendimento em Campo Grande em geral é sempre ruim”, dispara.
Quem quiser reclamar oficialmente do produto pode procurar a Vigilância Sanitária em casos de sabor e higiene e o Procon, em caso de problemas no atendimento.
"Geralmente as pessoas ligam no 151 para solicitar a fiscalização. Nesse caso nem costumamos registrar o nome da pessoa para evitar constrangimento, mas sempre recebemos reclamações de restaurantes e o mais importante é trazer o caso com informações detalhadas", afirma a superintendente do Procon, Rosemary Cecília da Costa.
Na Vigilância Sanitária do Município, o cliente pode pedir uma fiscalização do restaurante, principalmente em situações em que o produto tem aparência ou sabor duvidoso. "A pessoa tem que oficializar a reclamação. Nós trabalhamos mediante denúncia. Recebemos muitos casos de restaurante, entre eles, de sushi", explica Patrícia Ane Souza, do setor de ouvidoria da vigilância.
Nos casos em que o sabor estiver estranho, Rosemary frisa que o cliente pode até se recusar a pagar a conta. "É preciso ter bom senso nesse caso. Ter a certeza de que o produto está com problemas", explica.