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Sabor

Com tanta reclamação, tem até grupo só para falar de sushi em Campo Grande

Naiane Mesquita | 23/07/2015 06:23
Clientes reclamam do sabor e do atendimento lento de sushis em Campo Grande (Foto: Reprodução/Receitas Ana Maria)
Clientes reclamam do sabor e do atendimento lento de sushis em Campo Grande (Foto: Reprodução/Receitas Ana Maria)

Praticamente em cada ponto de Campo Grande há um restaurante de sushi. Tamanha é a fama que, na mesma proporção, cresce o número de reclamações contra os estabelecimentos nas redes sociais, inclusive, com a criação de um grupo específico só para falar bem ou mal do produto. 

Com mais de 700 membros, o "Amantes de Sushi" foi criado pelo adolescentes Gabriel Souza, 15 anos, após perceber a necessidade dos clientes de "desabafar" após uma experiência ruim. "Recebo em média de 2 a 3 reclamações por dia. O que mais falta é um bom atendimento e sushimans qualificados", acredita.

Segundo Gabriel, ele cresceu experimentando sushis porque um dos tios morou um tempo no Japão e trouxe o costume. "Em casa gostamos muito, saimos para conhecer restaurantes e em alguns eu fui e odiei. Percebi que não tinha um lugar para reclamar", ressalta o fundador.

Em vista de tantas queixas, o Lado B resolveu fazer uma pesquisa para descobrir o que mais tira do sério a clientela apaixonada pela iguaria japonesa.

Produto tem de ser fresco.
Produto tem de ser fresco.

Para a advogada Gabriela Zeola Kanno, de 23 anos, que já usou a rede social para “desabafar”, um atendimento precário é o que mais a tira do sério. “Já tive duas experiências ruins em dois restaurantes diferentes da cidade. Há uns 3 anos, eu e minha família fomos jantar em um rodízio de sushis e passamos muito mal no dia seguinte, precisamos tomar remédio e ficar em repouso. A última experiência foi ruim por causa do atendimento do local, extremamente devagar, pouca variedade, pedi várias vezes pelos sushis doces”, relembra.

A demora e o pouco caso chegaram ao extremo de Gabriela decidir levantar e se servir. “Fui buscar no balcão”. Para ela, apesar do local estar cheio e com fila de espera, o restaurante devia se preparar com antecedência para a alta demanda. “Notei em outras mesas a mesma insatisfação da minha”, aponta.

Lentidão no atendimentoem pleno rodízio parece constar no topo das reclamações dos frequentadores dos restaurantes japoneses. A cabeleireira Josiane Segóvia Ribeiro, 36 anos, era cliente fiel de um sushi na Capital, mas observou que a mudança na gerência afetou toda a estrutura do local. “O gerente antigo corria entre as meses, ele cobrava a rapidez de todos, era visível. A última vez que fui lá estava vazio, com mesas sobrando, meu marido pediu um espeto e eu um rodízio. O pedido dele demorou 40 minutos para chegar e quando optei pelos sushis doces, eles avisaram que tinha acabado. Quase infartei, amo o rodízio de brigadeiro”, reclama.

Segundo Josiane, para conquistar o cliente, o restaurante precisa ir muito além do paladar. “Tem que ser um conjunto. Agilidade, simpatia me surpreende muito também. Sou humilde, não preciso de muita coisa”, acredita.

Hoje em dia já tem até sushi de goiabada.
Hoje em dia já tem até sushi de goiabada.

Além da demora e da falta de cuidado com o consumidor, alguns clientes apontam outros problemas de gestão, como a ausência de conhecimento do garçom em relação aos pratos e conservação dos produtos.

O jornalista e fotógrafo Everson Tavares relembra que acabou passando mal ao comer em um sushi de Campo Grande por problemas no armazenamento do peixe. “Quando não é fresco dá para ver e isso é sinistro. Quando passei mal estava na cara que o peixe tinha passado. O excesso ou falta de hondashi, um tempero que muitos usam no sushi também é um problema. Alguns são bem insossos”, garante.

Ele afirma que já fez cursos de sushi e que por isso o sabor é o que mais incomoda. “Mas o atendimento em Campo Grande em geral é sempre ruim”, dispara.

Quem quiser reclamar oficialmente do produto pode procurar a Vigilância Sanitária em casos de sabor e higiene e o Procon, em caso de problemas no atendimento.

"Geralmente as pessoas ligam no 151 para solicitar a fiscalização. Nesse caso nem costumamos registrar o nome da pessoa para evitar constrangimento, mas sempre recebemos reclamações de restaurantes e o mais importante é trazer o caso com informações detalhadas", afirma a superintendente do Procon, Rosemary Cecília da Costa.

Na Vigilância Sanitária do Município, o cliente pode pedir uma fiscalização do restaurante, principalmente em situações em que o produto tem aparência ou sabor duvidoso. "A pessoa tem que oficializar a reclamação. Nós trabalhamos mediante denúncia. Recebemos muitos casos de restaurante, entre eles, de sushi", explica Patrícia Ane Souza, do setor de ouvidoria da vigilância.

Nos casos em que o sabor estiver estranho, Rosemary frisa que o cliente pode até se recusar a pagar a conta. "É preciso ter bom senso nesse caso. Ter a certeza de que o produto está com problemas", explica.

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