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Com vista para a Lagoa Itatiaia e pinga de guavira, bar é recanto alternativo

Naiane Mesquita | 05/09/2016 06:15
O deck é simples, mas a vista é de impressionar (Foto: Naiane Mesquita)
O deck é simples, mas a vista é de impressionar (Foto: Naiane Mesquita)

“Peguei na enxada, como pega um catingueiro, fiz acero, botei fogo. Vá ver como é que tá". Na voz de Raul Seixas, a letra de Capim Guiné ficou imortalizada por décadas, em especial na mente de Tasso Guerra Júnior, de 49 anos. Ele que aprendeu a cantar de um jeito errado e só depois de muito tempo descobriu a verdade, achou que era o destino colocar o nome da música no seu sonho que, enfim, virou bar.

“Eu ouvia quando era criança, assim adolescente em um bar perto de casa, junto com um amigo. O cantor fazia uma introdução diferente e a gente achava que a música era assim. Só depois quando ouvimos a versão do Raul Seixas, percebemos que era diferente”, ri Tasso.

O espaço é feito em madeira (Foto: Naiane Mesquita)
O espaço é feito em madeira (Foto: Naiane Mesquita)

Nada mais justo que ao realizar o sonho de abrir um bar, o estabelecimento ganhasse o nome de Capim Guiné. “Muita coisa aqui fui eu que fiz. As cadeiras, por exemplo, são de aroeira, que eu comprei há muitos anos e que encontrei uma serventia agora. Ao todo são 40 cadeiras e 14 mesas. Só não posso dizer que tudo foi sozinho, porque minha família, minha mãe e até minha filhinha ajudaram em muitas coisas”, explica.

Tasso mora com a filha Júlia, de oito anos. Ela é responsável por riscar a Kombi estacionada na porta do bar, o verdadeiro ponto de referência do local, que fica em frente a Lagoa Itatiaia, no bairro Tiradentes. Os dois moram sozinhos e agora se divertem no trabalho novo. “Ela adorou que eu abri o bar, me diz sempre chega de satélite e de viagens”, ri o agora, empresário.

Há 25 anos, Tasso trabalhou viajando, instalando e oferecendo manutenção de antenas de satélites. “Fiz serviços para as forças armadas e só faltou quatro estados brasileiros para conhecer, o resto eu visitei todos. De cada um trouxe um pouco de experiência, que agora coloco no bar”, indica.

De porção, a carde de sol com mandioca custa R$ 20,00 (Foto: Naiane Mesquita)
De porção, a carde de sol com mandioca custa R$ 20,00 (Foto: Naiane Mesquita)

Tudo no bar tem um jeitinho especial. A estrutura da casa foi feita em steel frame, um sistema de construção de quadros de aço leve. “Veio tudo em molduras de aço, as paredes já vieram prontas. É uma tecnologia americana, mas que não é muito usada no Brasil. O mestre de obras que eu contratei, Francisco Machado, conseguiu trabalhar bem com o sistema, fiz tanto a casa, quanto as escadas”, explica.

O deck é todo construído em madeira com as aroeiras reaproveitadas e o steel frame. Para completar, alguns pontos são feitos com pedaços de dormente por onde o trilho da Noroeste do Brasil passava. “Quando retiraram eu fui lá e peguei várias peças”, ri. O melhor jeito de aproveitar a vista, de frente a Lagoa Itatiaia é nas cadeiras de fio. “São confortáveis e mais fáceis de carregar”, justifica.

Pinga de guavira é feita por Tasso (Foto: Naiane Mesquita)
Pinga de guavira é feita por Tasso (Foto: Naiane Mesquita)
Porção de frios é uma das opções do espaço (Foto: Naiane Mesquita)
Porção de frios é uma das opções do espaço (Foto: Naiane Mesquita)

Tasso é um homem ligado às modas do passado. Adora discos de vinil e não sabe ouvir CDs, muito menos baixar músicas da internet. Faz questão de levar a filha em circos mambembes e sente saudade dos tempos que escutava uma boa canção ao lado dos amigos.

“Desde que tive minha filha eu sai menos de casa, não ia tanto a bares ou festas. Senti muita falta desse tempo e acho que por isso surgiu à vontade de abrir o Capim Guiné. Meus clientes são meus amigos e os amigos dos amigos. Eles se juntam, fazem um som e ficam até às 2 horas da manhã conversando”, diz.

O cardápio, assim como o dono, é muito simples. Tem porção de carne de sol com mandioca e cebola, de 500 gramas, por R$ 20,00, além de um prato de frios embutidos e defumados do mesmo tamanho por R$ 25,00.

Todos os móveis de Tasso ou tem uma história ou foram feitos por ele (Foto: Naiane Mesquita)
Todos os móveis de Tasso ou tem uma história ou foram feitos por ele (Foto: Naiane Mesquita)

Uma das novidades é a pinga de guavira, que Tasso mesmo faz. “Eu tenho um estoque, mas quando acabar só no final do ano quando der guavira de novo”, ri.

Quem dá uma mão no bar é a mãe de Tasso, a artesã Maria Nadir. “Ela me ajudou com os bancos, as luminárias e com o cardápio. Também vou abrir uma loja de artesanato para ela. Vai ficar bem bacana. A família tem me dado muito apoio, tanto ela quanto minha filha, Júlia. Isso é um bom incentivo”, acredita Tasso.

O bar abre de terça a sábado, das 18 horas às 23 horas, e sábado das 12 horas às 23 horas. “No sábado teremos feijoada com música e outras apresentações dos amigos”, diz.

A kombi em frente do bar é a referência perfeita (Foto: Naiane Mesquita)
A kombi em frente do bar é a referência perfeita (Foto: Naiane Mesquita)

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